Ao inteirar-me acerca do
que se passa em matéria de cães na Europa e no Mundo, sempre acabo por
confrontar-me com a problemática dos sem-abrigo e dos seus cães, das soluções
que cada país encontra para valer-lhes. Agora a primeira preocupação com eles é
arranjar lugares onde possam pernoitar juntos quando as intempéries caiem
impiedosas, o que nem sempre é fácil para quem pretende ajudar esta gente e não
quer ver as suas instalações danificadas pelos animais. Mas hoje tomei
conhecimento de algo inovador preconizado pela Associação Gamelles Pleines, uma
associação francesa realmente apostada em ajudar os sem-abrigo, cujo objectivo
é permitir que estes proprietários de animais de estimação tenham tempo para
procurar tratamento sem terem de se preocupar com os seus cães, arranjando para
os animais uma pensão e possibilitando aos seus donos acesso aos sistemas de
apoio para casa e emprego.
Neste momento a Gamelles
Pleines procura em Rennes, na região da Bretanha, no departamento francês de Ille-et-Vilaine,
um terreno gratuito de pelo menos 500 m2 onde pretende instalar uma pensão (a
associação detesta o termo canil) e acomodar os cães dos moradores de rua para
que possam deslocar-se aos tratamentos. “O acesso aos cuidados de saúde são muitas
vezes atrasados pela presença dos cães. Alguns têm a possibilidade de deixá-lo
com amigos, mas não é o caso de todos ”, explica Charlotte Verrier, presidente
da sucursal de Rennes da Gamelles Pleines. Desde 2014, a associação tem ajudado
as pessoas mais desfavorecidas através dos seus cães. Oferecendo alimentação e,
às vezes, assistência médica a baixo custo, os voluntários conseguem
estabelecer um contacto especial com os moradores de rua. “As pessoas que
apoiamos têm um vínculo muito forte com o seu animal. Ele pode ser um
companheiro, um confidente, uma fonte de afecto, de calor, uma ferramenta para
se proteger. Mas impede o acesso a um grande número de estruturas, transporte e
principalmente à saúde ”, continua Charlotte Verrier.
A associação sabe que não
poderá abrir a sua pensão em Rennes antes de 2022, sabe também que a capacidade
máxima de nove (9) cães será rapidamente ultrapassada face à crescente
expectativa dos sem-abrigo. Essa medida máxima é definida pelos regulamentos de
saúde do departamento, que impõem uma distância de pelo menos 150 metros ao
redor de uma pensão com dez ou mais cães. “Teremos que cair nas boas graças dos
vizinhos, explicar-lhes a nossa abordagem e convencê-los da utilidade do nosso
projeto”, antecipa a presidente. O projeto não é apenas oferecer um local de
acolhimento para alguns animais, mas oferecer ao seu dono a possibilidade de
cuidar de si, mesmo a longo prazo, sem ter que se preocupar com o destino do
seu companheiro preferido. “Não vamos fixar um limite de tempo porque alguns
tratamentos são pesados e outros carecem de desmame."
O objetivo da Gamelles Pleines é múltiplo, porque ao abrir as portas de uma unidade de saúde, os sem-teto podem encontrar vários recursos, sendo-lhes oferecido apoio para que tenham acesso à habitação, à saúde, a outros recursos e serviços, como renovar o seu cartão de cidadão e concorrer ao emprego. "Captamos um público por vezes muito difícil de captar”, disse Verrier. Apoiada pela cidade, a ideia desta pensão para cães parece estar a ganhar terreno e a Gamelles Pleines engrandece o seu prestígio com esta acção solidária. Oxalá a ideia seja peregrina e alcance cada vez mais países.
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