domingo, 14 de março de 2021

ENCANTO E DESENCANTO

 

Nas aulas de adestramento colectivo é de todo conveniente educarmos os olhos para aquilo que nos é dado a observar, entendimento que fará com que evitemos uma série de erros, o que poderá livrar o nosso cão de vários desacertos e da aquisição de posturas erradas. Sim, temos que aprender a ler e interpretar a linguagem mímica dos cães para poder acompanhá-los e valer-lhes quando mais precisam de nós, para que se sintam confiantes e não desamparados, para que sejam audazes e não temerosos, para que cerrem fileiras connosco e nunca nos abandonem. Nesta arte de ensinar cães existe uma relação directa entre ânimo e encanto e entre desânimo e desencanto, reacções caninas advindas daquilo que os donos têm para oferecer. Na foto acima, durante a execução da Passerelle (a nossa é bem alta), vemos uma prestação binomial viva e alegre, um verdadeiro hino à cumplicidade e à juventude. Na foto a seguir, o que vemos nós?

Um cão “a carregar a garupa às costas”, a ser rebocado como se tivesse um freio entre os dentes, abaixado, cauda abatida, orelhas para trás, desanimado, desencantado e indeciso, em voo rasante como se força do vento lhe caísse sobre os olhos. Cão e dono “ficaram mal na fotografia”, o primeiro porque não foi devidamente socorrido e animado, e o segundo porque não prestou o socorro e o ânimo necessários, o que muito se estranha atendendo à raça do cão, cuja natureza dócil, tendência para a recolha e forte impulso ao alimento produzem exactamente o contrário. A execução deste cão parece “tirada a ferros”, como se houvesse sido anteriormente espancado ou violentado, quando a única violência que sofreu foi a de não ter sido convenientemente estimulado. Ninguém duvida que existe um problema de comunicação entre o dono e o cão, que o primeiro terá que resolvê-lo a partir do particular individual do seu companheiro de 4 patas. A transcendência no adestramento inicia-se na transformação dos donos que os leva a ser compreendidos.

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