Na
pacata freguesia de Paderne, pertencente ao Concelho de Albufeira, no Distrito
de Faro, uma alemã de 59 anos, Ulrike Klein, veterinária de profissão, foi
atacada por uma matilha de 5 cães quando empreendia uma corrida, sofrendo
ferimentos na cabeça, cara, pernas e braços. “Vieram em matilha e morderam-me
em todo corpo. Apareceu uma pessoa num carro, senão tinha morrido” - disse ela,
que acabou transportada em estado considerado grave pelos Bombeiros de
Albufeira para o hospital de Faro, onde acabaria por ser operada. A GNR já
identificou o proprietário dos cães agressores, que se encontram agora de
quarentena.
Não
faltará por aí quem alvitre e invente causas prováveis para este ataque, cujo
relato nos media parece dizer mais do que aquilo que encobre. Estranha-se me
primeiro lugar a pessoa da vítima, uma veterinária, pessoa naturalmente
acostumada a lidar com cães e a ser persuasiva quando necessário. Ao dizer que
foi salva da morte por uma pessoa que passava de carro, Ulrike apercebeu-se que
não estava na presença de meros cães abandonados, mas de outros letais, cuja
raça compreensível ou incompreensivelmente não é divulgada, pormenor importante
para se compreender se aquele ataque obedeceu a condicionamento anterior ou a
um apelo instintivo, muito embora a natureza dos golpes infligidos mostre que
os animais actuaram em grupo e que de alguma forma, acidentalmente ou não, já estavam
acostumados a fazê-lo, porque doutro modo, na ânsia da captura da presa,
acabariam por inibir-se uns aos outros, o que parece não ter acontecido. Os ataques à cabeça da vítima, o que felizmente não são muito comuns, parecem uma importante questão a considerar.
Por outro lado, em nenhum momento dos relatos, que são consistentes uns com os outros e que apontam para a mesma fonte da notícia, se diz que os cães se encontravam esfomeados ou maltratados, o que de certa maneira justificaria um ataque instintivo, próprio de matilhas hierarquicamente escalonadas sem qualquer interferência humana. Será a pequena matilha uma fracção doutra maior dedicada à caça grossa ou será uma matilha funcional própria para a defesa de um território, accionada acidentalmente pela passagem da alemã em corrida? Como as autoridades terão como sabê-lo e as respostas não se esgotam aqui, aguardamos com alguma expectativa as suas conclusões, desejando desde já uma rápida e total recuperação a Ulrike Klein.
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