A tragédia
aconteceu ao final da tarde da passada sexta-feira, dia 18 do corrente mês, na
via Boves, no piso térreo nº12, em Grugliasco, localidade italiana na Região de
Piemonte, Província de Turim, quando uma senhora de 74 anos de idade,
Mariangela Zaffino, foi atacada por 5 cães-lobo checoslovacos (pai, mãe e 3
cachorros), vindo a morrer em consequência do ataque. Os cães são pertença da
filha da vítima e esta estava costumava a levá-los consigo para a fazenda. O
alarme foi dado por alguns vizinhos ao ouvir os gritos de dor da septuagenária,
que apresentava golpes nos braços e nas pernas. Mãe e filha coabitavam na mesma
casa e foi a última que conseguiu tirar os cães de casa e trancá-los dentro de um
carro. A polícia local e os Carabinieri intervieram no local. Os cães foram
transportados para o Hospital Veterinário Universitário de Grugliasco, onde se
decidirá se serão abatidos ou não.
Antes
de se ficar, injustificadamente, com uma má imagem do cão-lobo checo, que veio
para cá alcunhado de “mata 5”, mas que é exactamente o contrário, não
conseguindo substituir de maneira alguma os clássicos cães de patrulha de
origem germano-belga-holandesa, por ser isoladamente receoso e carente da
matilha para se escalonar nas acções, sendo por isso mesmo menos interactivo e
mais apegado aos seus vínculos sociais. O produto do cruzamento entre o Cão de
Pastor Alemão com o Lobo encontrado pelos checos não juntou o melhor dos dois
conforme se esperava, antes operou um retrocesso pelo reforço do atavismo,
fenómeno já verificado nas raças de cães-lobo anteriores ao checo.
Outra
coisa, diametralmente oposta em termos de resultado, será aproveitar uma
matilha de cães-lobo destes ou de outros para um determinado fim, o que será
mais fácil do que formar uma matilha canina para o mesmo objectivo comum, a
dita funcional, porque a dos cães-lobos, devido ao escalonamento social, será
mais autónoma e efectiva, enquanto a dos cães sempre será mais quezilenta entre
si e carente da acção humana, por isso mesmo mais dependente. Serve isto para
dizer que um cão-lobo isolado, por norma, não representa um perigo para ninguém,
mas que uma matilha de cães-lobo pode constituir-se num perigo seja para quem
for. Não faltam casos por essa Europa fora onde híbridos de cão-lobo se
escalonam dentro de matilhas de lobo, adquirindo destes o seu viver social e
modus operandi. Estes híbridos, cujo percentual cresce a cada dia que passa e
que está a pôr em causa a sobrevivência do lobo enquanto espécie, resultam da
aproximação dos lobos aos assentamentos humanos e à consequente hibridação com
os cães domésticos.
É bem possível que o acontecido com a
septuagenária em Grugliasco tenha resultado de um ataque instintivo, porquanto
havia uma matilha constituída, exiguidade territorial e uma liderança
não-reconhecida. Convém dizer que numa matilha lupina, apesar da sufocante
hierarquia que nela reina e talvez por causa disso, todos defendem todos quando
o grupo está em risco. Não creio que os cães-lobos envolvidos no
desaparecimento de Mariangela Zaffino devam ser abatidos, mas não isento de
culpa a filha por ter constituído uma matilha animal capaz de levar a cabo tal “proeza”,
matilha de difícil controlo, de tendência autónoma e por isso mesmo imprópria
para iniciados. Mais provável ainda que um ataque instintivo é a hipótese dos
cães-lobo terem intentado defender os filhos? Se foi isso, tal poderá ainda vir
a ser confirmado pela recriação das circunstâncias (vamos continuara a seguir o
caso de perto).
PS: por norma, visando a interacção pretendida, os cães ensinam-se individualmente, os lobos e cães-lobo em matilha.
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