Veio
agora a lume nos media britânicos, o caso de Deborah Mary Roberts acontecido no
passado dia 08 de Julho deste ano, estrangulada até à morte pelos seus próprios
cães num estranho acidente enquanto caminhava com eles - os Bull Terriers Tyson
e Rubi. Ao que tudo indica as trelas dos cães enrolaram-se ao pescoço da dona
quando esta caiu. Ao vê-la caída nos chão, os animais começaram vigorosamente a
puxar as trelas na tentativa de ajudar a dona, senhora de 47anos. Mas, ao fazer
isso, os cães acabaram por estrangulá-la. No inquérito sobre a sua morte veio a
saber-se que Deborah Roberts caminhava na companhia de uma criança e que esta
correu para encontrar auxílio, vindo a encontrar dois trabalhadores que ao
chegarem junto de Deborah viram-na inconsciente. Os serviços de emergência
foram chamados, mas apesar dos esforços para salvá-la, a Sra. Roberts, uma
trabalhadora de armazém, infelizmente morreu.
No
mesmo inquérito veio a saber-se que a falecida, mãe de quatro filhos, sofria da
“Doença de Huntington”, uma doença degenerativa do sistema nervoso central,
causada pela perda de células numa parte do cérebro (gânglios da base). Esta
falta afecta a capacidade cognitiva, o equilíbrio emocional e a motricidade. É
uma alteração hereditária do cérebro que afecta pessoas de todas as populações,
em todo mundo. O seu nome vem do médico George Huntington, que fez a primeira
descrição do que chamou “Coreia Hereditária”. O termo “Coreia” tem origem na
palavra latina choreus (que se refere a “dança”) devido aos movimentos
involuntários, uns dos sintomas principais desta doença. Os indícios surgem
muito gradualmente, geralmente entre os 30 e os 50 anos. No entanto, pode por
vezes atingir crianças ou até idosos.
Na
maior parte dos casos, os doentes conseguem ser independentes durante vários
anos após o aparecimento dos primeiros sintomas desde que bem acompanhados por
médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala,
nutricionistas e outros profissionais. Nos Estados Unidos da América existem actualmente
cerca de 30 mil indivíduos com esta enfermidade. Em Portugal, apesar de não
existirem valores absolutos, alguns estudos indicam uma prevalência semelhante
à de outros países ocidentais, entre cinco a 12 doentes por cada 100 mil
habitantes. É uma patologia que pode passar de geração em geração através da
transmissão do gene alterado. Homens e mulheres têm a mesma probabilidade de o
herdar de um dos progenitores afectados. Aqueles a quem não lhes é transmitido,
não desenvolvem a doença, nem a podem passar aos seus filhos e outros
descendentes. Existe um teste genético disponível, para determinar se uma
pessoa em risco é portadora ou não do gene da doença de Huntington.
De
volta ao acidente, num comunicado, um dos trabalhadores contou que os cães da
Sra. Roberts começaram “a chorar” ao vê-la inconsciente. O legista assistente de
North and Central Wales East, David Pojur, disse que ela poderá ter tropeçado
como resultado de sua condição degenerativa, mas disse ignorar qual a razão das
trelas estarem no seu pescoço. Descrevendo as circunstâncias do caso como
“trágicas”, o legista observou que os cães não eram perigosos, mas sim “animais
amorosos e cuidadosos”. Um dos filhos da defunta, Robert, disse acerca deles no
inquérito: “Eles são cachorros lindos. Se você os conhecesse agora, eles
simplesmente pulariam sobre si e enchê-lo-iam de lambidelas. Tudo o que eles
estavam a fazer era tentar ajudar a minha mãe quando ela caiu." Outro
Filho da falecida, Callum, contou como sua mãe “adorava passear com os
cachorros” e que fará muita falta à sua família e amigos. Em declarações ao
North Wales Live, adiantou: “Ela era uma pessoa muito enérgica, com um sorriso
muito contagiante, que amava os seus amigos e família. Ela faria qualquer coisa
por qualquer um. Ela fará falta a todos.”
A morte de Deborah Mary Roberts, tomando em consideração o seu quadro clínico, os depoimentos das testemunhas (criança e trabalhadores) e o parecer do médico-legista, aponta para um conjunto de circunstâncias extraordinárias, de difícil comprovação, raramente vistas e por isso mesmo estranhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário