quarta-feira, 27 de novembro de 2019

SEM SOCIABILIZAÇÃO HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE CHORA!

As escolas caninas deverão dar mais atenção à sociabilização dos seus alunos de 4 patas e deixar-se de certas macacadas e costumeiras mentiras, porque a julgar pelos registos oficiais, muitos são os cães de companhia e raros são os de guarda, o que de certa forma rotula os últimos de desprezíveis face ao pouco ou nada que alguns donos têm para guardar, a não ser a cativação do seu lugar no limiar da pobreza ou abaixo dele. Assim, não deixará de ser estúpido reforçar com cães a sentença: “em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão!” Embora mais controlados, os cães escolares tendem a ser mais agressivos e menos sociáveis, por não serem castrados/esterilizados, pela moral transmitida, pelos acessórios utilizados, pelos obstáculos vencidos e pelas induções defensivas efectuadas (há quem transite destas para as ofensivas sem qualquer pejo, o que muitas vezes acaba por “virar o feitiço contra o feiticeiro”).
Face à actual lei relativa aos cães perigosos, a sociabilização canina entre iguais e com outras as espécies é obrigatória, o que à partida parece uma tarefa fácil, mas não é, porque somos obrigados a sociabilizar os cães com as suas presas e arqui-rivais (aves, coelhos, ovelhas, furões, répteis, gatos e por aí adiante). Como se depreende, os maiores disparates nesta área acontecem entre os cães urbanos, que criados artificialmente e desacostumados da presença doutros animais, acabam instintivamente por atacá-los impiedosa e fulminantemente ou por fugir deles a sete pés!
Na cidade de bávara de Fürstenfeldbruck, na Alemanha, na tarde de Terça-feira, quando uma menina de 5 anos tocava flauta com a sua mãe dentro de casa, um cão, descrito como próximo de um Border Collie, saltou a cerca e entrou-lhes no quintal, valendo-se do apoio prestado pela antepara do vizinho. Em décimas de segundo lançou-se sobre um dos coelhos da menina, cravando-lhe os dentes. Sendo acossado pelos moradores da casa, fugiu pelo mesmo sítio por onde tinha entrado. Com o coelho não havia mais nada a fazer, a menina ficou transtornada e desconhece-se até ao momento a quem pertence o cão. Aqui sucede o mesmo com os cães soltos ou em fuga quando descobrem capoeiras, coelheiras e bardos alheios, acabando alguns por receber umas valentes pauladas ou sucumbir inesperada e tragicamente a tiros de caçadeira.
A reincidência em casos destes, quando livres das mãos dos seus vingadores, poderá levar ao abate destes cães pelas entidades oficiais, o que torna a sociabilização no melhor dos subsídios para a sobrevivência dos nossos amigos de quatro patas. Ainda que a sobrevivência canina seja o principal objectivo do adestramento, o que muita gente parece ignorar, ela tende a passar para segundo plano e a ceder lugar ao fim útil de cada cão, como se cada animal para ser bom precisasse de morrer primeiro!? Para cúmulo, porque os tolos são como as papoilas, nascem onde menos se espera, ainda há por aí experts que induzem os seus pupilos ao ataque servindo-se de gatos e outros animais, o que atenta de uma vez por todas contra a sociabilização desejada, que para vir a ser alcançada, poderá não dispensar um moroso processo de reeducação.
Diante da obrigatoriedade da sociabilização, as escolas caninas terão que estender as suas aulas para além dos limites dos seus recintos e ir ao encontro de outras espécies animais, para que os cães se familiarizem com elas, trabalho que antecede a sociabilização propriamente dita e que é igualmente importante. Estas excursões escolares deverão acontecer ciclicamente e sempre que possível, exactamente por serem prioritárias e urgentes, entre gado de abate e toda a sorte de animais hoje transformados em mascotes (animais de estimação). Lembra-se aqui, tomando em conta os adeptos das “Guerras de Mirandum”(1), que um cão de guarda não sociabilizado é somente um caçador inveterado. Dito isto, torna-se imperativo dar mais horas à sociabilização.
(1)Também conhecida como “Guerra Fantástica”, ocorrida na segunda metade do Séc. XVIII, no contexto da Guerra europeia dos 7 Anos e que entre nós foi uma guerra a fingir, uma guerra que ninguém levou a sério. Não obstante, o Castelo de Miranda do Douro ficou seriamente destruído pela explosão do paiol da pólvora, que levou consigo 400 milicianos.

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