sábado, 2 de novembro de 2019

RECAPITULAR E APERFEIÇOAR O QUE MAIS IMPORTA

Adestrar é um processo pedagógico continuado que não pode restringir-se a um determinado número de lições ou “truques” ocorridos em algum momento da vida dos cães, porque importa reavivar-lhes os códigos assimilados e aperfeiçoá-los, considerando o seu controlo, salvaguarda e sobrevivência. Também por causa da sua sobrevivência, diante de novos desafios e perigos, os cães deverão ser convidados para um aprendizado constante, para que consigam ultrapassar ilesos a novidade dos problemas e obstáculos colocados à sua frente, o que poderá não dispensar a aquisição e instalação de novos códigos. Hoje optámos por recapitular os comandos de “quieto” e “aqui” nas passadeiras para peões com os cães soltos e fizemo-lo por três razões: para acostumarmos os animais ao trânsito urbano; para condicioná-los a procurar as passadeiras (a atravessá-las) e para reforço dos comandos de “quieto” e “aqui” com os donos momentaneamente invisíveis e pouco distantes (do outro lado da estrada).
Não se pode ir para um exercício destes na incerteza da resposta dos cães, porque doutro modo estaríamos a convidá-los para uma “roleta russa”. Ao optarmos desde a nossa fundação pelas aulas colectivas, transformámos as dificuldades individuais de cada cão num problema a resolver pela matilha espontânea escolar, já que o melhor exemplo para um cão é outro cão, todos aprendem por observação e todos são animais sociais. Assim, os cães recém-chegados começam a aprender o “quieto” (fica) lado a lado com os cães mais velhos, que graças à sua serenidade levam os iniciados a seguir-lhe o exemplo, primeiro em ambiente protegido e depois nos mais variados lugares e situações.
Depois de algum tempo, o julgado necessário e de acordo com as respostas positivas dos animais, o “quieto” será exigido a cada cão sem o apoio dos demais, primeiro dentro do perímetro reservado às lições e depois nos mais variados locais, aumentando-se gradualmente o grau de dificuldade para o cão, algo que não deverá acontecer depressa demais, pois corre-se o risco de stressá-lo e de criar maiores delongas na aquisição desta figura de travamento.
Em paralelo, importa que a sociabilização do cão seja alcançada, mais-valia que começa na escola pela “Troca de Condutores” e que se estende aos eventuais transeuntes que connosco se cruzam nos passeios exteriores, que voluntariamente se dispõem para tal e que são escolhidos de acordo com o seu tipo e grau de ensino do cão. Na fase final da sociabilização canina, os cães terão que demonstrar profunda indiferença por indivíduos que à partida despertariam a sua curiosidade e instinto de presa devido à estranheza da sua apresentação, carga genética, comportamento ou actividade. Que ninguém duvide: sem sociabilização o “quieto” nunca deixará de ser condicional.
Sempre que nos propomos realizar um exercício destes, manda a cautela que primeiro verifiquemos a operacionalidade dos comandos e a pronta resposta dos animais, porque vamos trabalhá-los soltos e qualquer desatenção, distracção ou hesitação poderá ser-lhes fatal. Só depois desta certificação avançaremos confiantes para as passadeiras.
Nas passadeiras para peões e no início dos exercícios, para maior segurança dos binómios e em particular do cão, o “quieto” deverá ser tirado com o animal na posição de “deita”, figura de imobilização mais confortável, que apresenta menor risco e de mais difícil abandono.
Depois do acerto do cão na posição de “deita”, que espelha uma experiência feliz, passamos para a posição de “senta”, eventualmente numa estrada mais movimentada. Por detrás disto tudo, como “alma do negócio” e exaltação do trabalho do cão está a recompensa, como não podia deixar de ser.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Adestrador/Blaze e Paulo/Bohr. A Família do João Afonso não compareceu, porque partiu de véspera para o Alentejo onde foi caçar javalis criados à mão. O Jorge ficou a celebrar o aniversário da sua esposa, a Liliana, à qual enviamos sinceros votos de parabéns, na esperança que só seja aniversariante uma vez por ano, porque doutro modo envelhecerá mais depressa. As fotografias estiveram a cargo do Paulo Jorge e do José Maria nem tivemos rasto. Para a semana cá estaremos com mais novidades e subsídios. Bom fim-de-semana.

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