Sábado decidimos “tomar de
assalto” um castelo, tirando partido da excelente preparação física e psíquica
dos nossos cães e da disponibilidade dos seus condutores. O aquecimento
aconteceu numa sala plena de sol face ao frio que se fazia sentir pela manhã,
agora com o fundo decorado por uma pintura mural eventualmente alusiva a uma mulher
lupina, onde a Svetlana e o Afonso, com as respectivas parceiras, posaram para
a foto.
Perante as dificuldades
iniciais do Afonso em fazer recuar a Nasha, o Adestrador veio em seu socorro e
pôs a Fila a recuar irrepreensivelmente. Apesar do recurso ao reforço positivo,
como o movimento é antinatural e a cadela não se agradou muito dele, resistiu
inicialmente à instalação do comando e tentou mostrar que nela ninguém manda,
obsequiando o adestrador com leves 3 “beijinhos”.
O Ben, O Fila mais velho,
já na idade geriátrica, mas ainda sólido e sem qualquer queixa articular, teve
que ser previamente ensinado a saltar uma janela, tarefa que aprendeu com
grande facilidade, ao ponto de fazer a transposição sem ninguém lhe ordenar,
simplesmente para agradar.
Quando convidámos o CPA
Bohr para o mesmo exercício exigimos-lhe mais, pedindo-lhe que saltasse a
janela com o seu dono para além dela e na companhia de outro binómio. Como era
esperado, sobrou cão por todo o lado.
O salto de janela que se
segue lembra o namoro de tempos idos, que acontecia à janela das moças e
debaixo da supervisão dos pais. Alusões à parte, vale a pena observar a cumplicidade
existente entre o Afonso e a Nasha.
Com tantas escadas à nossa
disposição, não hesitámos em aproveitá-las para abordagens silenciosas e
dissimuladas de evolução paralela, onde os comandos de “à frente” e “atrás” foram
usados contrariamente ao seu uso convencional.
Encetar acções consertadas,
particularmente ofensivas, com fêmeas em liberdade já não é tarefa fácil e
fazê-lo com fêmeas de raça diferente muito menos. Mas atendendo à necessária
complementaridade canina, não nos sobra outra opção - alcançar primeiro a sua
sociabilização.
O “assalto ao castelo”
começou pela ultrapassagem de muros de várias alturas. Na foto abaixo é
possível ver a Svetlana a ordenar, e bem, o salto à Lexa. Ainda que o salto da
Fila seja anómalo do ponto de vista biomecânico, a transposição é meritória
pela acção revigorante da sua condutora.
Como importava preparar
cada cão individualmente para o “assalto” e treiná-lo para a eventualidade de
saltos consecutivos à distância, todos os binómios foram convidados a fazê-lo a
partir de uma fossa ainda ali existente.
Na foto acima vemos a
saída da fossa efectuada pela Nasha. Na seguinte é possível vê-la a efectuar o
segundo salto, desta vez para dentro de uma janela através do chamamento do seu
dono e condutor (exercício foi executado à primeira vez).
A cadela que está a executar
em risco o exercício abaixo é a CPA Mel, porque ao invés de projectar as duas
mãos para a linha de transposição, só projecta a direita e embate violentamente
com a esquerda contra o muro, o que poderá causar-lhe uma lesão eventualmente
irreversível. Esta forma anómala de saltar deve-se à aselhice do seu condutor,
que ao invés de ensiná-la a saltar correctamente, acaba indevidamente por atrapalhá-la
(o pobre animal até usa a cabeça para se elevar, o que não deixa de ser
caricato).
Perante a impropriedade
técnica do condutor, incapaz de marcar correctamente o salto ao animal,
acabámos por dispensá-lo e produzimos um salto duplo para condicionar a cadela
à marcação do salto e a ultrapassá-lo de modo equilibrado, valendo-nos da boa
vontade da Svetlana e do Afonso.
Para melhor compreensão do
que acabámos de dizer, vale a pena apreciar a marcação do salto feita pelo CPA
Bohr, que sendo a correcta, irá possibilitar-lhe um salto convergente de rara
beleza e, quando assim é, os objectivos do treino acabam cumpridos.
Num plano frontal, vemos a
Nasha a ultrapassar equilibrada uma janela. Como podemos ver, as suas patas
dianteiras encontram-se alinhadas uma pela outra, o que irá possibilitar-lhe um
impacto ao solo seguro e equilibrado.
No mesmo exercício, para
que não restem dúvidas, a CPA Mel irá ultrapassá-lo inapropriadamente, com o
anterior direito lançado e o esquerdo estampado contra a parede. Este
desequilíbrio, cujas causas já explicámos atrás, não é resultado de qualquer
anomalia de garupa ou de insuficiência articular.
No assalto ao castelo
optámos por uma invasão sincronizada e registámos os 3 momentos da transposição:
o arranque (na foto seguinte), a elevação e a recepção. Esta invasão
sincronizada foi executada por 3 cadelas (1 CPA e 2 Filas). A Nasha (a cadela
do meio) partiu manifestamente atrasada, mas recuperou rapidamente o
alinhamento.
Na foto seguinte vemos o
2º momento do salto e podemos apreciar a convergência de salto da Nasha, que
vendo-se atrasada em relação às suas companheiras, salta naturalmente “do meio
da rua” (quem é que disse que os cães não são competitivos?).
No 3º momento da
transposição, já com as cadelas praticamente alinhadas, a acção ofensiva correu
conforme o esperado e o objectivo foi cumprido (as janelas elevadas a 170cm
foram facilmente ultrapassadas.
Noutro plano do mesmo
exercício, vemos a entrada decidida das três fêmeas, às ordens dos seus
condutores e prontas para o seu cumprimento pronto e imediato, ávidas de novos
desafios pela anterior experiência feliz.
Porque não pactuamos com
erros, não deixamos ninguém para trás e buscamos para tudo acertada solução, tivemos que valer à Mel mais uma
vez. E, perante a recusa da Jessy em colaborar (pretensamente dona da cadela),
abusámos mais uma vez da boa vontade da Svetlana para o efeito.
Como o trabalho foi árduo,
tivemos que encontrar vários momentos de supercompensação, momentos que os
condutores também aproveitaram para ver as vistas e usufruir da bonita paisagem
adjacente.
A vida de fotógrafo na
Acendura Brava foi sempre uma “profissão” de alto risco, própria de quem gosta
de cães, é disponível e não teme por si. Na foto abaixo vemos o José António no
desempenho do seu trabalho como fotógrafo de dia.
No castelo grafitado não
faltam pinturas murais sujeitas aos mais variados temas. Junto de uma,
provavelmente alusiva à paz, o que veio mesmo a calhar, porque ninguém tem paz a
mais, a Jessy e o José Maria posaram para a foto, num enquadramento que
resultou feliz.
Indiferente a tudo isso, o
Afonso passeava a Nasha sobre as velhas muralhas, que nalguns casos se
encontravam elevadas a 30 metros de altura. O miúdo é seguro e não tem
vertigens, a cadela nunca o defrauda e mostra a mesma segurança.
“Conquistado” o castelo,
os heróicos cruzados, vindos não se sabe donde, tiraram uma foto na torre de
menagem para a posteridade, tendo o José Maria necessidade de aprisionar a
Jessy pelo pescoço, ao que tudo indica uma moura encantada que virá a ser
cativa.
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Adestrador/Nasha; Afonso/Nasha; José Maria/Mel; José
António/Ben; Paulo/Bohr e Svetlana/Lexa. Os fotógrafos foram o José António e o
Paulo Jorge. O Plano de Aula foi cumprido, o sol de inverno pairou e o frio não
nos largou.
Para a semana cá estaremos
com mais aventuras, provavelmente sem castelos a conquistar. Desejamos a todos
os nossos alunos, leitores e amigos uma boa semana de trabalho.
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