segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ASSALTO AO CASTELO GRAFITADO

Sábado decidimos “tomar de assalto” um castelo, tirando partido da excelente preparação física e psíquica dos nossos cães e da disponibilidade dos seus condutores. O aquecimento aconteceu numa sala plena de sol face ao frio que se fazia sentir pela manhã, agora com o fundo decorado por uma pintura mural eventualmente alusiva a uma mulher lupina, onde a Svetlana e o Afonso, com as respectivas parceiras, posaram para a foto.
Perante as dificuldades iniciais do Afonso em fazer recuar a Nasha, o Adestrador veio em seu socorro e pôs a Fila a recuar irrepreensivelmente. Apesar do recurso ao reforço positivo, como o movimento é antinatural e a cadela não se agradou muito dele, resistiu inicialmente à instalação do comando e tentou mostrar que nela ninguém manda, obsequiando o adestrador com leves 3 “beijinhos”.
O Ben, O Fila mais velho, já na idade geriátrica, mas ainda sólido e sem qualquer queixa articular, teve que ser previamente ensinado a saltar uma janela, tarefa que aprendeu com grande facilidade, ao ponto de fazer a transposição sem ninguém lhe ordenar, simplesmente para agradar.
Quando convidámos o CPA Bohr para o mesmo exercício exigimos-lhe mais, pedindo-lhe que saltasse a janela com o seu dono para além dela e na companhia de outro binómio. Como era esperado, sobrou cão por todo o lado.
O salto de janela que se segue lembra o namoro de tempos idos, que acontecia à janela das moças e debaixo da supervisão dos pais. Alusões à parte, vale a pena observar a cumplicidade existente entre o Afonso e a Nasha.
Com tantas escadas à nossa disposição, não hesitámos em aproveitá-las para abordagens silenciosas e dissimuladas de evolução paralela, onde os comandos de “à frente” e “atrás” foram usados contrariamente ao seu uso convencional.
Encetar acções consertadas, particularmente ofensivas, com fêmeas em liberdade já não é tarefa fácil e fazê-lo com fêmeas de raça diferente muito menos. Mas atendendo à necessária complementaridade canina, não nos sobra outra opção - alcançar primeiro a sua sociabilização.
O “assalto ao castelo” começou pela ultrapassagem de muros de várias alturas. Na foto abaixo é possível ver a Svetlana a ordenar, e bem, o salto à Lexa. Ainda que o salto da Fila seja anómalo do ponto de vista biomecânico, a transposição é meritória pela acção revigorante da sua condutora.
Como importava preparar cada cão individualmente para o “assalto” e treiná-lo para a eventualidade de saltos consecutivos à distância, todos os binómios foram convidados a fazê-lo a partir de uma fossa ainda ali existente.
Na foto acima vemos a saída da fossa efectuada pela Nasha. Na seguinte é possível vê-la a efectuar o segundo salto, desta vez para dentro de uma janela através do chamamento do seu dono e condutor (exercício foi executado à primeira vez).
A cadela que está a executar em risco o exercício abaixo é a CPA Mel, porque ao invés de projectar as duas mãos para a linha de transposição, só projecta a direita e embate violentamente com a esquerda contra o muro, o que poderá causar-lhe uma lesão eventualmente irreversível. Esta forma anómala de saltar deve-se à aselhice do seu condutor, que ao invés de ensiná-la a saltar correctamente, acaba indevidamente por atrapalhá-la (o pobre animal até usa a cabeça para se elevar, o que não deixa de ser caricato).
Perante a impropriedade técnica do condutor, incapaz de marcar correctamente o salto ao animal, acabámos por dispensá-lo e produzimos um salto duplo para condicionar a cadela à marcação do salto e a ultrapassá-lo de modo equilibrado, valendo-nos da boa vontade da Svetlana e do Afonso.
Para melhor compreensão do que acabámos de dizer, vale a pena apreciar a marcação do salto feita pelo CPA Bohr, que sendo a correcta, irá possibilitar-lhe um salto convergente de rara beleza e, quando assim é, os objectivos do treino acabam cumpridos.
Num plano frontal, vemos a Nasha a ultrapassar equilibrada uma janela. Como podemos ver, as suas patas dianteiras encontram-se alinhadas uma pela outra, o que irá possibilitar-lhe um impacto ao solo seguro e equilibrado.
No mesmo exercício, para que não restem dúvidas, a CPA Mel irá ultrapassá-lo inapropriadamente, com o anterior direito lançado e o esquerdo estampado contra a parede. Este desequilíbrio, cujas causas já explicámos atrás, não é resultado de qualquer anomalia de garupa ou de insuficiência articular.
No assalto ao castelo optámos por uma invasão sincronizada e registámos os 3 momentos da transposição: o arranque (na foto seguinte), a elevação e a recepção. Esta invasão sincronizada foi executada por 3 cadelas (1 CPA e 2 Filas). A Nasha (a cadela do meio) partiu manifestamente atrasada, mas recuperou rapidamente o alinhamento.
Na foto seguinte vemos o 2º momento do salto e podemos apreciar a convergência de salto da Nasha, que vendo-se atrasada em relação às suas companheiras, salta naturalmente “do meio da rua” (quem é que disse que os cães não são competitivos?).
No 3º momento da transposição, já com as cadelas praticamente alinhadas, a acção ofensiva correu conforme o esperado e o objectivo foi cumprido (as janelas elevadas a 170cm foram facilmente ultrapassadas.
Noutro plano do mesmo exercício, vemos a entrada decidida das três fêmeas, às ordens dos seus condutores e prontas para o seu cumprimento pronto e imediato, ávidas de novos desafios pela anterior experiência feliz.
Porque não pactuamos com erros, não deixamos ninguém para trás e buscamos para tudo acertada solução, tivemos que valer à Mel mais uma vez. E, perante a recusa da Jessy em colaborar (pretensamente dona da cadela), abusámos mais uma vez da boa vontade da Svetlana para o efeito.
Como o trabalho foi árduo, tivemos que encontrar vários momentos de supercompensação, momentos que os condutores também aproveitaram para ver as vistas e usufruir da bonita paisagem adjacente.
A vida de fotógrafo na Acendura Brava foi sempre uma “profissão” de alto risco, própria de quem gosta de cães, é disponível e não teme por si. Na foto abaixo vemos o José António no desempenho do seu trabalho como fotógrafo de dia.

No castelo grafitado não faltam pinturas murais sujeitas aos mais variados temas. Junto de uma, provavelmente alusiva à paz, o que veio mesmo a calhar, porque ninguém tem paz a mais, a Jessy e o José Maria posaram para a foto, num enquadramento que resultou feliz.
Indiferente a tudo isso, o Afonso passeava a Nasha sobre as velhas muralhas, que nalguns casos se encontravam elevadas a 30 metros de altura. O miúdo é seguro e não tem vertigens, a cadela nunca o defrauda e mostra a mesma segurança.
“Conquistado” o castelo, os heróicos cruzados, vindos não se sabe donde, tiraram uma foto na torre de menagem para a posteridade, tendo o José Maria necessidade de aprisionar a Jessy pelo pescoço, ao que tudo indica uma moura encantada que virá a ser cativa.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Adestrador/Nasha; Afonso/Nasha; José Maria/Mel; José António/Ben; Paulo/Bohr e Svetlana/Lexa. Os fotógrafos foram o José António e o Paulo Jorge. O Plano de Aula foi cumprido, o sol de inverno pairou e o frio não nos largou.
Para a semana cá estaremos com mais aventuras, provavelmente sem castelos a conquistar. Desejamos a todos os nossos alunos, leitores e amigos uma boa semana de trabalho.

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