quarta-feira, 20 de novembro de 2019

MORTE ESTRANHA PROVOCA ALVOROÇO

Apesar de haver algum jornalismo sério (não muito), a actual tendência do jornalismo internacional tende a adiantar conclusões de inquéritos por concluir e a anunciar sentenças ainda por proferir, tudo na procura do sensacionalismo que leva à curiosidade e à cativação da opinião pública, gente que publicidade, que tudo paga, pretende fidelizar a qualquer preço. Debaixo de títulos do tipo “MULHER GRÁVIDA MORTA POR UMA MATILHA DE CÃES DE CAÇA AO VEADO”, tomámos conhecimento do sucedido no Sábado passado na FLORESTA DE RETZ, na França, a 150 km da fronteira com a Bélgica, onde ELISA PILARSKI (na foto acima), uma mulher de 29 anos de idade e grávida de 6 meses, foi morta por vários cães quando passeava o seu. Antes de ser atacada ainda contactou com o seu companheiro, dizendo-lhe que estava diante de cães ameaçadores. Como na ocasião deste lamentável incidente se procedia a uma caçada ao veado com cães, alvitra-se a hipótese de alguns deles terem sido responsáveis pela morte daquela grávida.
Imediatamente após ter conhecimento do ocorrido, a SOCIÉTÉ DE VÉNERIE, responsável pela caça ao veado, num comunicado publicado à noite, fez saber que “nada demonstra o envolvimento dos cães caçadores na morte daquela mulher". De acordo com a mesma associação existem em França mais de 30.000 cães de caça em matilha, divididos em 390 equipas e que “estes cães são treinados para caçar um animal em particular e obedecer ao homem em todas as circunstâncias.” Desculpas destas podem eventualmente convencer alguns inexperientes urbanos, mas jamais quem tem experiência na caça, porque não se vai para o veado com cães de caça à raposa e uma matilha constituída por cães poderosos tende a varrer tudo que tiver na frente. Com isto não estamos a dizer que os responsáveis pela morte da jovem foram os cães caçadores, somente a rebater os argumentos adiantados pela sociedade da caça.
A desgraça da grávida foi também aproveitada por BRIGITTE BARDOT (BB), hoje com 85 anos, que em remotos tempos áureos, nas décadas de 50 e 60 do século passado, depois de ter sido modelo e cantora, se transformou numa actriz de sucesso e num dos maiores símbolos sexuais do cinema francês e internacional. “BB”, como ainda hoje é conhecida, depois de “sair de cena”, fundou em 1986 a “FONDATION BRIGITTE BARDOT”, uma instituição dedicada ao bem-estar animal. Face ao ocorrido na Floresta de Retz e na qualidade de presidente da sua fundação, declarou-se “ chocada e profundamente escandalizada” pedindo em carta aberta a Elisabeth Borne, Ministra da Transição Ecológica, “que suspenda imediatamente todas as autorizações de caça para esta temperada”, pedido que automaticamente condena aqueles cães antes de ser provada a sua culpa. Quem não embarcou em balelas e cantorias foi o Ministério Público, que mandou recolher 93 amostras de cães para determinar quem atacou mortalmente Elisa Pilarski.

Sem comentários:

Enviar um comentário