Apesar de haver algum
jornalismo sério (não muito), a actual tendência do jornalismo internacional
tende a adiantar conclusões de inquéritos por concluir e a anunciar sentenças
ainda por proferir, tudo na procura do sensacionalismo que leva à curiosidade e
à cativação da opinião pública, gente que publicidade, que tudo paga, pretende fidelizar
a qualquer preço. Debaixo de títulos do tipo “MULHER
GRÁVIDA MORTA POR UMA MATILHA DE CÃES DE CAÇA AO VEADO”,
tomámos conhecimento do sucedido no Sábado passado na FLORESTA
DE RETZ,
na França, a 150 km da fronteira com a Bélgica, onde ELISA
PILARSKI (na foto acima), uma
mulher de 29 anos de idade e grávida de 6 meses, foi morta por vários cães
quando passeava o seu. Antes de ser atacada ainda contactou com o seu
companheiro, dizendo-lhe que estava diante de cães ameaçadores. Como na ocasião
deste lamentável incidente se procedia a uma caçada ao veado com cães,
alvitra-se a hipótese de alguns deles terem sido responsáveis pela morte
daquela grávida.
Imediatamente após ter conhecimento
do ocorrido, a SOCIÉTÉ DE VÉNERIE,
responsável pela caça ao veado, num comunicado publicado à noite, fez saber que
“nada demonstra o envolvimento dos cães caçadores na morte daquela mulher".
De acordo com a mesma associação existem em França mais de 30.000 cães de caça
em matilha, divididos em 390 equipas e que “estes cães são treinados para caçar
um animal em particular e obedecer ao homem em todas as circunstâncias.”
Desculpas destas podem eventualmente convencer alguns inexperientes urbanos,
mas jamais quem tem experiência na caça, porque não se vai para o veado com
cães de caça à raposa e uma matilha constituída por cães poderosos tende a
varrer tudo que tiver na frente. Com isto não estamos a dizer que os
responsáveis pela morte da jovem foram os cães caçadores, somente a rebater os
argumentos adiantados pela sociedade da caça.
A desgraça da grávida foi
também aproveitada por BRIGITTE BARDOT (BB), hoje
com 85 anos, que em remotos tempos áureos, nas décadas de 50 e 60 do século
passado, depois de ter sido modelo e cantora, se transformou numa actriz de
sucesso e num dos maiores símbolos sexuais do cinema francês e internacional. “BB”,
como ainda hoje é conhecida, depois de “sair de cena”, fundou em 1986 a “FONDATION
BRIGITTE BARDOT”, uma instituição dedicada ao bem-estar
animal. Face ao ocorrido na Floresta de Retz e na qualidade de presidente da sua
fundação, declarou-se “ chocada e profundamente escandalizada” pedindo em carta
aberta a Elisabeth Borne, Ministra da Transição Ecológica, “que suspenda
imediatamente todas as autorizações de caça para esta temperada”, pedido que
automaticamente condena aqueles cães antes de ser provada a sua culpa. Quem não
embarcou em balelas e cantorias foi o Ministério Público, que mandou recolher
93 amostras de cães para determinar quem atacou mortalmente Elisa Pilarski.
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