quarta-feira, 6 de novembro de 2019

APANHAR FEZES EM NOME DA CIÊNCIA

Um grupo de pesquisadores pede aos visitantes do Parque Nacional do Pacífico que recolham fezes de lobo para identificar, através das mudanças da dieta, a sua consanguinidade e excursões territoriais. O Parque Nacional do Pacífico, localizado na Columbia Britânica é uma das jóias naturais do Canadá. Com 511 Km2 de área, ele alberga várias espécies animais e os lobos são uma delas. Um grupo de pesquisadores lançou um projecto para entender melhor os hábitos destes carnívoros e reduzir os riscos de interacção com seres humanos, pedindo a colaboração dos visitantes do parque numa tarefa específica. O projecto, chamado Wild About Wolves, começou em 2018 e terminará em 2023 e é da responsabilidade de biólogos e veterinários da Agência Canadiana de Parques Nacionais.
Entre as várias acções que está a levar a cabo destacam-se as fotos dos excrementos de lobo e a contínua comunicação com os povos indígenas ao redor do parque, com o objectivo de anotar os seus encontros com estes canídeos selvagens. O projecto também inclui a análise de excrementos de lobo. No entanto, devido à vasta extensão do parque, os pesquisadores solicitam apoio para a colecta dessas fezes àqueles que gostam de acampar ou fazer caminhadas na área. Para esse fim, o Wild About Wolves iniciou uma campanha em Outubro nas redes sociais para solicitar a colaboração dos visitantes do parque. "Você está interessado em ciências naturais, lobos e coexistência?" - mencionava a mensagem. “Estamos à procura de voluntários para recolher excrementos cientificamente nos próximos 12 meses. Fornecemos material e aconselhamento ”, adiantavam os responsáveis pelo projecto, adicionando um número de telefone e um endereço de email ao corpo da mensagem.
As análises laboratoriais permitirão obter mais informações sobre a alimentação desses lobos, o grau de consanguinidade entre as diferentes alcateias e a sua deslocação no campo. O primeiro estágio é treinar voluntários para reconhecer as fezes da espécie e pesquisar os locais mais prováveis onde poderão ser encontradas. Além de urina e pêlo, os lobos também usam as suas fezes para marcar território. As pessoas que participarem desta iniciativa deverão tomar nota da localização dos excrementos graças ao uso de geolocalizadores. Todd Windle, chefe do projecto Wild About Wolves, disse ao portal Westerly News que os voluntários provavelmente encontrarão matéria fecal apenas uma ou duas vezes por mês, mas que somarão experiência para fazer mais descobertas ao longo do tempo.
Windle disse também que a colecta de fezes de lobo é menos malcheirosa que a dos cães domésticos: "O excremento de um carnívoro selvagem é na verdade menos fedorento e menos desagradável do que aquele que resulta da comida processada para cães", disse ele. Segundo cálculos das autoridades provinciais, o número de lobos na Colúmbia Britânica permanece estável desde a década de 1970 (cerca de 8.500 exemplares). Porém, um programa autoriza a sua caça em determinadas áreas desde 2015, com o intuito de proteger o Caribu. Diferentes organizações criticaram a iniciativa, adiantando que é possível cuidar melhor deste cervo recorrendo a outros métodos.

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