terça-feira, 12 de novembro de 2019

FUMAR SÓ TRAZ CHATICES

Cinquenta anos depois deixei de fumar e já lá vão dois anos, vício que mantive mesmo nos momentos em que não me encontrava nada bem. Livrei-me do vício graças a um urologista que consultei, que não me encontrando nenhuma maleita da sua especialidade, disse-me: “Você fuma? A minha mulher, que é pneumologista, já ajudou muita gente a deixar de fumar, pelo que devia marcar-lhe uma consulta.” Surpreendido pelo arrojo e perplexo com a sentença, de certa maneira ofendido e envergonhado, perguntava para mim mesmo se ia precisar de falar com a mulher do médico para deixar de fumar. Passados alguns instantes deixei de ter dúvidas e larguei o tabaco até hoje, “amigo da onça” de quem não sinto falta (não me incomoda que fumem perto de mim). Todavia, ainda me lembro dos transtornos provocados pela falta de tabaco ou de isqueiro, também do incómodo de “cravar os outros.”
Segundo o T-online, um casal de húngaros acompanhados pelo seu pequeno Chihuahua, decide apanhar um comboio com destino a Magdeburg, capital do Estado de Sachsen-Anhalt. Quando o comboio pára em Dessau, o casal sai da composição para fumar e deixa o seu cão dentro do comboio. Inesperadamente o comboio parte e leva consigo o pequeno cão e a bagagem do descuidado casal, obrigando o animal a fazer vários quilómetros sozinho. Os húngaros inconsolados conseguiram comunicar com o comboio, apanharam um táxi e demoraram uma hora a reencontrar-se com o seu Chihuahua “ferroviário”.
Há uns anos atrás também ia vendo o comboio partir, não em Dessau, mas na estação de Vilar Formoso, quando às 5 horas da manhã, altura em que se troca de máquina, desci do comboio Madrid-Lisboa para fumar. Estava tão entretido a falar com um motorista de táxi local(1), que me vi obrigado a apanhar o comboio em andamento. Não há dúvida – fumar só traz chatices.
(1)Lembro-me perfeitamente das circunstâncias e do tema da conversa. Eu regressava de Madrid, depois de ter ido visitar uma criança que me era muito querida e o taxista lamentava a sua sorte, porque tinha-se apaixonado por uma brasileira em Algés, que trabalhava na consultório dentário e o que o deixou na penúria. A família, por sua vez, nunca lhe perdoou e o amante infeliz dormia então dentro do táxi.

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