Antropólogos e
geneticistas dos EUA rastrearam o ADN de cães com 2.000 anos e descobriram que
os cães de trenó Inuit ajudaram estes povos a prosperar no Árctico
norte-americano, isto segundo um novo estudo publicado ontem. Para quem já se
esqueceu, adianta-se que os Inuítes são os membros da nação indígena esquimó
que habitam as regiões árcticas do Canadá, do Alasca e da Gronelândia.
Pesquisadores da
Universidade da Califórnia-Davis (UC Davis), examinaram o ADN de 921 cães e
lobos que viveram nos últimos 4.500 anos. A análise do ADN e dos locais e
períodos em que foram recuperados mostraram que os cães locais Inuit de há
2.000 anos atrás eram geneticamente diferentes dos cães já existentes na
região, que vieram e prosperaram com os povos Inuítes. Os mesmos cientistas
afirmam que os cães de trenó Inuit pouco mudaram desde que as pessoas migraram
para o Árctico da América do Norte através do Estreito de Bering, na Sibéria. O
legado desses cães sobrevive ainda hoje nos cães de trenó do Árctico,
tornando-os numa das últimas populações descendentes remanescentes das
linhagens de cães indígenas pré-europeias nas Américas.
Os resultados desta
pesquisa foram publicados ontem na revista Proceedings da Royal Society B:
Ciências Biológicas. A pesquisa mais recente é resultado de quase uma década de
trabalho dos pesquisadores da UC Davis em antropologia e genética veterinária,
que analisaram o ADN de centenas de restos esqueléticos caninos para determinar
que o Cão Inuit tinha um ADN significativamente diferente dos outros cães do Polo
Norte, incluindo Malamutes e Huskies.
Segundo os mesmos
cientistas, estes cães eram vistos pelos Inuit como particularmente adequados
para transportar pessoas e bens por todo o Árctico, sendo capazes de se
alimentar dos recursos locais, onde não faltavam mamíferos marinhos. Sem o
concurso dos cães Inuítes, jamais os esquimós conseguiram conquistar o difícil
terreno do Árctico da América do Norte há 2.000 anos atrás. Os cães Inuit são
os ancestrais directos dos modernos cães de trenó do Árctico e, embora sua
aparência continue a mudar ao longo do tempo, eles continuam a desempenhar um
papel importante nas comunidades do Árctico.
Está definitivamente
comprovado: se para outros lados o homem foi a cavalo, foram os cães que o
transportaram da Ásia para a América através do Polo Norte.
Sem comentários:
Enviar um comentário