sexta-feira, 29 de novembro de 2019

PIADA PARA O FIM-DE-SEMANA: UMA QUESTÃO DE HIGIENE

Quando dois amigos se encontravam em animada cavaqueira, deliciados a beber umas quantas cervejas frescas, um deles diz que o seu perdigueiro é tão extraordinário que, a um quilómetro de distância, já consegue reconhecê-lo, inquirindo depois ao amigo qual o seu parecer sobre o valor do animal. O amigo, exalando convicção e pretenso saber, responde-lhe: “Eu acho que devias lavar-te mais vezes!”

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?, editado em 11/05/2016
3º _ NÃO HÁ BELA SEM SENÃO: A CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS, editado em 01/12/2017
4º _ MORTE ESTRANHA PROVOCA ALVOROÇO, editado em 20/11/2019
5º _ "PEÇO A DEUS QUE ELE RENASÇA COMO MEU FILHO NA PRÓXIMA REENCARNAÇÃO", editado em 07/11/2019
6º _ DUELO À NOITE EM NUREMBERGA, editado em 21/11/2019
7º _ OS CACHORROS DE TUMAT, editado em 31/03/2016
8º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
9º _ PASTORES ALEMÃES LOBEIROS: O QUE OS TORNA ESPECIAIS, editado em 02/11/2015
10º _ 100 DIAS E 1.393 KM PARA FICAR EM PAZ COM O PASSADO, 13/11/2019

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS


O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Ucrânia, 4º Estados Unidos, 5º Reino Unido, 6º Região Desconhecida, 7º Rússia, 8º Alemanha, 9º Bélgica e 10º Irlanda.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS JÁ LEVOU MAIS UM!

Em Bremen, num caso médico excepcional, depois de ter abraçado o seu cão, um homem de 63 anos morreu de infecção causada pela bactéria Capnocytophaga Canimorsus, que ocorre na saliva dos cães, segundo relatam os médicos assistentes do Hospital da Cruz Vermelha (Rotes Kreuz Krankenhaus) desta cidade hanseática. O agora desaparecido chegou ao hospital atrás mencionado em Agosto de 2018 com sinais evidentes de envenenamento grave no sangue. Apesar de tratado com antibióticos, faleceu duas semanas depois por falência de múltiplos órgãos, segundo fazem saber os médicos no “European Journal of Case Reports in Internal Medicine”, dizendo também que o homem não foi mordido pelo cão, mas apenas lambido.
O risco de infecção por dentadas de animais já é conhecido, mas a infecção pode também acontecer pelas lambidelas dos animais se o patogénico penetrar em pequenos defeitos da pele. As pessoas que correm maior risco são as que têm o sistema imunológico enfraquecido, os alcoólatras e aqueles a quem foi extraído o baço, isto segundo o parecer de Martin Langenbeck, médico-chefe do departamento de Emergência do RKK. Curiosamente, o falecido paciente de Bremen não pertencia a nenhum destes grupos de risco.
O RKK enfatiza o quão raro é este caso, já que até ao momento apenas se conhece outro paciente em todo o mundo com o mesmo estado adiantado da doença, pessoa que não foi mordido e não tinha o sistema imunológico enfraquecido. Assim sendo, o referido hospital não pretende estabelecer novas regras de conduta, do género “não abrace o seu cão ou não se deixe lamber por ele”. Porém, “se você tiver sintomas muito estranhos e tiver um animal de estimação, deve informar o seu médico”, disse hoje um porta-voz do hospital.
O patogénico Capnocytophaga canimorsus é freqüentemente encontrado na mucosa oral de cães e na cavidade oral de gatos, como explica Lisa Sprague, do Friedrich-Loeffler-Institut, em Jena, quando solicitada a pronunciar-se sobre o assunto. Em casos muito raros, também foi encontrado em coelhos. "Infecções humanas destas já ocorreram nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e África do Sul", disse Sprague, que está neste momento a pesquisar zoonoses. As zoonoses são doenças transmitidas dos animais para seres humanos. Apesar da infecção por Capnocytophaga canimorsus ser extremamente, ela causa uma doença grave”, disse Sprague. O Instituto Löffler, onde esta cientista trabalha, é especializado em doenças animais.
O Médico-chefe do Hospital da Cruz Vermelha de Bremen, o Dr. Langenbeck, terminou dizendo: vá ao médico sempre que for mordido por algum animal, para que entre o mínimo possível de germes nas feridas e o risco de progressão séptica grave seja reduzido!" Quando as dentadas de animais acontecem, as pessoas com alto risco de infecção deverão ser tratadas com antibióticos, apesar de um prevenção geral com antibióticos, após as dentadas, não estar conclusivamente esclarecida. A melhor prevenção possível é evitar os exageros que os estados eufóricos provocam. Já havíamos falado neste assunto no texto “NÃO HÁ BELA SEM SENÃO: A CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS”, editado em 01/12/2017.  

ACERCA DOS CÃES DOS INUÍTES

Antropólogos e geneticistas dos EUA rastrearam o ADN de cães com 2.000 anos e descobriram que os cães de trenó Inuit ajudaram estes povos a prosperar no Árctico norte-americano, isto segundo um novo estudo publicado ontem. Para quem já se esqueceu, adianta-se que os Inuítes são os membros da nação indígena esquimó que habitam as regiões árcticas do Canadá, do Alasca e da Gronelândia.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia-Davis (UC Davis), examinaram o ADN de 921 cães e lobos que viveram nos últimos 4.500 anos. A análise do ADN e dos locais e períodos em que foram recuperados mostraram que os cães locais Inuit de há 2.000 anos atrás eram geneticamente diferentes dos cães já existentes na região, que vieram e prosperaram com os povos Inuítes. Os mesmos cientistas afirmam que os cães de trenó Inuit pouco mudaram desde que as pessoas migraram para o Árctico da América do Norte através do Estreito de Bering, na Sibéria. O legado desses cães sobrevive ainda hoje nos cães de trenó do Árctico, tornando-os numa das últimas populações descendentes remanescentes das linhagens de cães indígenas pré-europeias nas Américas.
Os resultados desta pesquisa foram publicados ontem na revista Proceedings da Royal Society B: Ciências Biológicas. A pesquisa mais recente é resultado de quase uma década de trabalho dos pesquisadores da UC Davis em antropologia e genética veterinária, que analisaram o ADN de centenas de restos esqueléticos caninos para determinar que o Cão Inuit tinha um ADN significativamente diferente dos outros cães do Polo Norte, incluindo Malamutes e Huskies.
Segundo os mesmos cientistas, estes cães eram vistos pelos Inuit como particularmente adequados para transportar pessoas e bens por todo o Árctico, sendo capazes de se alimentar dos recursos locais, onde não faltavam mamíferos marinhos. Sem o concurso dos cães Inuítes, jamais os esquimós conseguiram conquistar o difícil terreno do Árctico da América do Norte há 2.000 anos atrás. Os cães Inuit são os ancestrais directos dos modernos cães de trenó do Árctico e, embora sua aparência continue a mudar ao longo do tempo, eles continuam a desempenhar um papel importante nas comunidades do Árctico.
Está definitivamente comprovado: se para outros lados o homem foi a cavalo, foram os cães que o transportaram da Ásia para a América através do Polo Norte.

APELAR À CARIDADE POR UMA RESPONSABILIDADE QUE É DE TODOS

Com o Natal à porta começam a aparecer os anúncios das festas de natal dedicadas aos animais abandonados, iniciativas dos abrigos que visam promover a adopção dos animais e o seu sustento, aproveitando esta época do ano caracterizada por uma maior generosidade. Este “estender a mão à caridade” é uma vergonha para todos nós e para quem nos governa, porque o abandono dos animais é um problema da sociedade em geral e da responsabilidade de todos, que deverá encontrar resposta e solução por parte das autoridades que elegemos, considerando as suas implicações no bem-estar das populações e dos animais, para além dos perigos que representam prà saúde pública. Mal estaremos e da desgraça não sairemos se os abrigos para animais continuarem a viver de esmolas!
Perto da cidade alemã de Neubrandenburg, no Estado de Mecklenburg-Vorpommern, o abrigo para animais de estimação local, que acolheu 50 cães este ano, realizará no dia 30 de Novembro, depois de amanhã, a sua festa de natal, que se desenrolará entre as 10 e as 16 horas.
Os visitantes terão à sua espera barracas de vinho quente, pão de gengibre e banha de porco, num ambiente acolhedor reforçado por música suave. No decorrer da festa, lá mais para o seu final, haverá um pequeno sorteio e projecção de slides. Dos 50 cães recebidos por este santuário animal, 29 já foram realojados. Publicitámos esta iniciativa por acharmos que outras iguais podem acontecer entre nós e ser bem-sucedidas.
Sabemos de antemão que os governos e autarquias locais serão incapazes de sustentar sozinhos os abrigos para animais (abatiam-nos também por isso), o que não os isenta de atribuir-lhes um subsídio fixo por mais miserável que seja, uma vez que as grandes doações beneméritas não são ainda muito comuns e não tendem a aumentar muito por ali além. Mais cedo ou mais tarde, quando o problema dos animais abandonados for levado a sério, terá que encontrar-se uma entidade público-privada que venha a tutelar e a regular os abrigos/santuários dos animais a nível local, regional e até nacional, já que os negócios exclusivos do Estado tendem invariavelmente à corrupção e à penúria, ao imputar de uma imensidade de crimes sobre quem nunca será responsabilizado.
Entretanto, vá entregar o seu donativo ao abrigo mais próximo da sua residência – os cães precisam tanto dele como os mais carenciados do Banco Alimentar Contra a Fome, muitos deles infelizmente sem abrigo e sem ninguém que olhe ou se interesse por eles.

PROCURAR VIDA NOS ESCOMBROS DA ALBÂNIA

Também pela proximidade geográfica, os italianos foram uma das primeiras ajudas internacionais às vítimas albanesas dos violentos terramotos que têm flagelado recentemente este pequeno país da Península Balcânica. No total, os italianos enviaram para a Albânia 200 equipas de desencarceramento, unidades caninas com cães moleculares para procurar pessoas e pessoal médico, quando já foram confirmados de 30 óbitos e milhares de feridos (não temos dados sobre o número de desalojados).
Em Durrës, a mais antiga e a segunda mais importante cidade da Albânia, localizada na costa do Mar Adriático, a 30 km de distância da capital do país, Tirana, o socorro italiano instalou 60 veículos e duas equipas USAR, próprias para o resgate e salvamento nas áreas urbanas, uma enviada da Toscana e outra de Lazio.
A trabalhar no mesmo local e em simultâneo, os cães são usados para rastrear vida entre os escombros, enquanto parte integrante e importante do Serviço de Resgate Alpino.
Deseja-se que os socorristas e os cães transalpinos consigam resgatar atempadamente o maior número de sobreviventes possível e que em simultâneo ganhem mais experiência para valerem aos seus e a outros noutros pontos do Globo.
Atendendo à iminente e imperativa necessidade de socorro, porque as calamidades acontecem hoje onde menos se espera, sempre que acontece uma tragédia destas, os países limítrofes ou mais próximos deveriam enviar o seu pessoal especializado para aprimorar ainda mais o seu louvável serviço. Buona fortuna fratelli! 

MADRASTA SALVADORA

O relato verídico que vamos contar-vos parece uma história típica do Advento ou do Natal, daquelas em que a fraternidade e o amor sempre acabam por vencer apesar das adversidades. Numa vala ao lado da estrada que vai para Chatham, em Ontário, no Canadá, quando os termómetros –3 graus celsius, descobriu-se uma cadela coberta de neve que protegia do frio uma ninhada de cinco gatinhos pretos. Sem o seu socorro, a sobrevivência daqueles frágeis animais ao gélido inverno canadiano seria praticamente impossível.
Madrasta e enteados, todos em perfeitas condições de saúde, que tiveram que ser reanimados e aquecidos, já se encontram aos cuidados de um abrigo para animais de estimação e são já candidatos à adopção. Cerca de 30 pessoas já se deslocaram ao abrigo para adoptar esta família original. Segundo Myriam Armstrong, porta-voz do abrigo em questão, várias pessoas demonstraram o desejo de adoptar os animais todos juntos, o que por enquanto não é aconselhável atendendo a tenra idade dos gatinhos. Apesar de extraordinária, esta história não me espanta, porque sei que a as cadelas conseguem ser dedicadas madrastas de grande número de mamíferos, sendo para isso cada vez mais utilizadas, particularmente no socorro de espécies em vias de extinção. Esta história é um excelente prelúdio para o Advento que se aproxima.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

SEM SOCIABILIZAÇÃO HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE CHORA!

As escolas caninas deverão dar mais atenção à sociabilização dos seus alunos de 4 patas e deixar-se de certas macacadas e costumeiras mentiras, porque a julgar pelos registos oficiais, muitos são os cães de companhia e raros são os de guarda, o que de certa forma rotula os últimos de desprezíveis face ao pouco ou nada que alguns donos têm para guardar, a não ser a cativação do seu lugar no limiar da pobreza ou abaixo dele. Assim, não deixará de ser estúpido reforçar com cães a sentença: “em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão!” Embora mais controlados, os cães escolares tendem a ser mais agressivos e menos sociáveis, por não serem castrados/esterilizados, pela moral transmitida, pelos acessórios utilizados, pelos obstáculos vencidos e pelas induções defensivas efectuadas (há quem transite destas para as ofensivas sem qualquer pejo, o que muitas vezes acaba por “virar o feitiço contra o feiticeiro”).
Face à actual lei relativa aos cães perigosos, a sociabilização canina entre iguais e com outras as espécies é obrigatória, o que à partida parece uma tarefa fácil, mas não é, porque somos obrigados a sociabilizar os cães com as suas presas e arqui-rivais (aves, coelhos, ovelhas, furões, répteis, gatos e por aí adiante). Como se depreende, os maiores disparates nesta área acontecem entre os cães urbanos, que criados artificialmente e desacostumados da presença doutros animais, acabam instintivamente por atacá-los impiedosa e fulminantemente ou por fugir deles a sete pés!
Na cidade de bávara de Fürstenfeldbruck, na Alemanha, na tarde de Terça-feira, quando uma menina de 5 anos tocava flauta com a sua mãe dentro de casa, um cão, descrito como próximo de um Border Collie, saltou a cerca e entrou-lhes no quintal, valendo-se do apoio prestado pela antepara do vizinho. Em décimas de segundo lançou-se sobre um dos coelhos da menina, cravando-lhe os dentes. Sendo acossado pelos moradores da casa, fugiu pelo mesmo sítio por onde tinha entrado. Com o coelho não havia mais nada a fazer, a menina ficou transtornada e desconhece-se até ao momento a quem pertence o cão. Aqui sucede o mesmo com os cães soltos ou em fuga quando descobrem capoeiras, coelheiras e bardos alheios, acabando alguns por receber umas valentes pauladas ou sucumbir inesperada e tragicamente a tiros de caçadeira.
A reincidência em casos destes, quando livres das mãos dos seus vingadores, poderá levar ao abate destes cães pelas entidades oficiais, o que torna a sociabilização no melhor dos subsídios para a sobrevivência dos nossos amigos de quatro patas. Ainda que a sobrevivência canina seja o principal objectivo do adestramento, o que muita gente parece ignorar, ela tende a passar para segundo plano e a ceder lugar ao fim útil de cada cão, como se cada animal para ser bom precisasse de morrer primeiro!? Para cúmulo, porque os tolos são como as papoilas, nascem onde menos se espera, ainda há por aí experts que induzem os seus pupilos ao ataque servindo-se de gatos e outros animais, o que atenta de uma vez por todas contra a sociabilização desejada, que para vir a ser alcançada, poderá não dispensar um moroso processo de reeducação.
Diante da obrigatoriedade da sociabilização, as escolas caninas terão que estender as suas aulas para além dos limites dos seus recintos e ir ao encontro de outras espécies animais, para que os cães se familiarizem com elas, trabalho que antecede a sociabilização propriamente dita e que é igualmente importante. Estas excursões escolares deverão acontecer ciclicamente e sempre que possível, exactamente por serem prioritárias e urgentes, entre gado de abate e toda a sorte de animais hoje transformados em mascotes (animais de estimação). Lembra-se aqui, tomando em conta os adeptos das “Guerras de Mirandum”(1), que um cão de guarda não sociabilizado é somente um caçador inveterado. Dito isto, torna-se imperativo dar mais horas à sociabilização.
(1)Também conhecida como “Guerra Fantástica”, ocorrida na segunda metade do Séc. XVIII, no contexto da Guerra europeia dos 7 Anos e que entre nós foi uma guerra a fingir, uma guerra que ninguém levou a sério. Não obstante, o Castelo de Miranda do Douro ficou seriamente destruído pela explosão do paiol da pólvora, que levou consigo 400 milicianos.

SEIS DÚZIAS DE UCRANIANOS

Desde o início desta publicação até à presente data, a UCRÂNIA continua a ocupar o 10º lugar dos países que mais visitantes nos dá (1647), sendo nisso o segundo país do leste europeu, já que a Rússia ocupa o 4º lugar com 20.106 visitantes. Os russos quando aparecem vêm em força e os ucranianos aparecem a “conta-gotas”. Contrariando esta tendência e para espanto nosso, hoje tivemos 6 dúzias de leitores ucranianos e desconhecemos se este número irá ou não aumentar.
Escusado será dizer que estendemos o nosso cordial bem-vindo aos nossos leitores ucranianos, desejando-lhes em simultâneo paz na sua terra e ânimo forte para erguer o seu país. Convém relembrar que depois do desabar da União Soviética, os primeiros emigrantes de leste que aqui chegaram foram os ucranianos, sendo também os primeiros a regressar à sua terra natal, deixando aqui uma boa imagem de si mesmos, enquanto povo ordeiro, culto, esforçado e trabalhador, bem diferente de outros que vieram depois, avessos ao trabalho, caçadores de subsídios e visitantes assíduos das esquadras da polícia.
Ainda hoje subsistem várias comunidades ucranianas entre nós e como à maioria destes cidadãos já foram reconhecidas as suas habilitações, formações e cursos, é possível encontrá-los em todos os quadrantes da nossa sociedade. Bonito de se ver são os seus ritos e tradições pascais, quando rumam às igrejas que o patriarcado lhes cedeu.
Como haveria muito mais a dizer sobre a amizade luso-ucraniana, caberá a outros também fazê-lo. Quanto a nós, alegra-nos que o número de visitas deste blogue esteja a aumentar e que continue a merecer o interesse dos ucranianos que nos procuram.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O MEU CÃO SOFRE COM SCHUBERT

Cada maluco tem a sua mania, poderão dizer, mas quanto mais conheço os Pastores Alemães negros, maior é o meu apreço por eles, porque não param de surpreender-me ao ultrapassarem os limites naturalmente impostos aos cães. Hoje coabito e convivo apenas com um, o PACO, um descendente do KYRIOS-SCHWARTZ que é um pouco maior que o seu ascendente, um camarada ao mesmo tempo sensível e valente, tendente a ter vontade própria e a alcançar os desejos que não dispensa.
Eu adoro de tal maneira a música clássica que gostaria de ter sido contemporâneo dos grandes compositores. Todos os dias oiço trechos das obras dos mais variados autores clássicos, em particular alemães e italianos. Não sei se por força de tanto ouvir, o Paco aproxima-se da janela do meu quarto e acompanha as peças que ouve com as sofríveis vozes que tem, normalmente resultantes de emoções que julgo captar através da música. Há momentos em que vai para além disso, em que acompanha os diferentes trechos musicais com díspares expressões mímicas ou com movimentos aparentemente alusivos.
E o mais engraçado disto tudo é que ele reage de maneira diferente às obras dos vários compositores, agradando-se mais de uns do que de outros. Quando ouve Bach, mormente as suas “fugas”, tende a relaxar-se de tal maneira que parece ter-se despedido deste mundo. Wagner excita-o, tornando-o alerta e vigilante; Vivaldi fá-lo correr e saltar; Mozart torna-o obstinado e põe-no a ladrar; Beethoven torna-o desconfiado e por vezes agressivo e vá-se lá saber porquê, sofre horrores com Schubert, em particular quando ouve as “Schwanengesang”, começando de imediato a ganir e a uivar como faz com outros sons que detesta, o que sempre me faz dar voltas à cabeça – conseguirá o artista do cão abstrair os múltiplos sentimentos transmitidos pelas melodias?
Eu ia jurar que sim, porque uso esta “terapia” da música para extrair dele comportamentos consonantes com a coabitação harmoniosa que garante a nossa boa ordem e a paz dos vizinhos, gente que não quer saber da genialidade do cão, bastando-lhe que ele exista sem ser notado, o que infelizmente nem sempre é possível, atendendo a um punhado de tontos que se põe a chamá-lo do lado exterior do muro. Este cão que canta e dança ao som da música, sem nunca ter sido condicionado nisso, é o meu “boche” de eleição, um cão que parece querer ser homem para melhor poder dialogar comigo. Quem tem cães desta linha, do WARRIOR e do KYRIOS SCHWARTZ, nota neles uma curiosidade extrema e uma interacção incondicional advindas indubitavelmente de um excelente impulso ao conhecimento. O meu deu-lhe para as cantorias, os outros hão-de ser ases noutras áreas, serviços e prestações, provavelmente exímios em fazer os seus donos felizes.

COLEIRAS ELÉCTRICAS? VADE RETRO!

Um agricultor de Parma, Itália, de 48 anos de idade, que em 2013 causou a morte ao seu cão através de uma coleira de choques eléctricos, usada para impedir que o animal ladrasse, foi agora condenado pelo Tribunal Emiliano a pagar, para além dos custos judiciais, uma multa de 6.000 euros por maus tratos animais, num processo em que a Agência Nacional de Protecção Animal se constituiu parte. O cão, do tipo braco, foi encontrado morto pela polícia municipal na periferia de um distrito próximo ao anel rodoviário de Fontenallato, no final do Verão de 2013, com sangue saindo da sua boca e com uma coleira de choques eléctricos posta. Durante o julgamento ficou provado que o agora condenado usava constantemente a coleira de choques para impedir que o cão ladrasse.
Alguns países já proibiram a venda e o uso de coleiras eléctricas em cães, por considerá-las instrumentos de tortura, capazes molestar seriamente os animais e até de matá-los. Nada justifica o uso destes utensílios a não ser a indisponibilidade dos donos para treinar os seus cães. Estas coleiras, normalmente requisitadas para cães de comportamento excepcional, acabam por rebentar com o sistema nervoso dos cães, podem deixar-lhes cicatrizes de que não irão esquecer-se e só agravam os comportamentos dos animais mais radicais (os medrosos aumentarão os seus medos e os valentes lutarão até morrer contra os choques). Não é por ensinarmos cães que dizemos isto, dizemo-lo por amor aos cães e por apostarmos afincadamente no seu bem-estar.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

LEMBRE-SE DE St. GALLEN QUANDO ENTRAR NUM TÚNEL

Esta Segunda-feira, na estrada A1, no túnel de Stephanshorn, no Cantão Suíço de St. GALLEN foi encontrado um cão solto que provocou um choque em cadeia, desaparecendo pouco tempo depois. Do acidente resultaram duas senhoras feridas e dezenas de milhares de francos de prejuízo.
Apesar de São Cristóvão ser aceite tradicionalmente como padroeiro dos motoristas e viajantes, na entrada dos túneis é melhor lembrar-se de St. Gallen, respeite a velocidade recomendada e entre com cuidado, pois não sabe o que poderá encontrar lá dentro e há que evitar qualquer embate.
Instintivamente, sempre que falo em acidentes rodoviários lembro-me do exagerado número de jovens que morre nas nossas estradas, que ultrapassa o número de idosos recém-sepultados nos nossos cemitérios, já que rara é a cova fresca que não pertence a um jovem. Nisto nem St. Gallen nos vale. Porventura haverá um santo padroeiro ou protector dos loucos? Se não há, deveria haver, porque faz muita falta. Mas se você não é louco, esqueça-se dos santos, seja cauteloso e proteja a sua vida.

CONTEM COM ELES!

Quer se queira quer não, longe vão os tempos em que a China não contava para nada, porque hoje há que contar com ela para tudo e não sei se não estará para breve uma nova ordem mundial estabelecida a partir dela (de certeza que os dirigentes chineses já pensaram nisso). Na canicultura e na cinotecnia, os chineses também não se deixam atrasar, porque em Agosto deste ano anunciaram o seu primeiro cão-polícia clonado, a quem baptizaram de KUNXUN. Agora a polícia de Pequim apresenta 6 cães clonados numa cerimónia realizada na BASE DE CÃES POLICIAIS DO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA PÙBLICA DE PEQUIM, animais que ingressarão na polícia de Pequim e que receberam dos seus tratadores crachás coloridos e uniformes, marcando assim a sua entrada oficial naquela força policial. Um tal Jinlei, cujo posto se ignora, um agente especializado em técnicas de treino canino, disse que nos últimos anos a tentativa de transmitir genes de cães considerados excelentes tem sido uma tarefa prioritária (importante). Atendendo a isso, no início de 2019, a base de raças caninas começou a colaborar com a SINOGENE, uma empresa chinesa líder em genética, que produziu os seis cães clonados com base em amostras de pele de dois Pastores Belgas Malinois activos na polícia e indivíduos premiados.
Os seis cães nasceram em Agosto, quatro dos quais vieram da mesma ninhada. O seu ADN é mais de 99% igual ao dos cães doadores. Os cachorros clonados têm cerca de quatro meses de idade, mas já demonstraram as mesmas capacidades cognitivas, coragem e agressividade que os seus doadores com seis meses de idade. A base irá aplicar um processo de treino rigoroso e uma monitorização cuidadosa sobre estes seis cães especiais, continuando a trabalhar com empresas apostadas na clonagem de cães policiais e pronta a criar um banco de dados extensivo aos telefones celulares no intuito de preservar e usar os melhores cães da polícia. A clonagem assim usada visa aumentar os índices da prestação canina e diminuir a zero os erros que sempre ocorrem nos tradicionais processos de criação e selecção. Se os chineses têm hoje 6 cães assim, amanhã terão milhares ou milhões, isto se tiverem como alimentá-los!

NÓS POR CÁ: JESUS REABILITOU-NOS

O futebol vale o que vale. Porém, graças a visibilidade que oferece, um português tem-se destacado em Terras de Vera Cruz e também em Portugal, trata-se de um cidadão chamado JORGE FERNANDO PINHEIRO DE JESUS, treinador de futebol, aqui conhecido como Jorge Jesus (JJ) e agora alcunhado no Brasil por “Mister”, um saloio messiânico e passional dos arrabaldes de Lisboa, a rondar os 65 anos de idade, de olhar vivo e astuto, descuidado com a gramática (por vezes bronco), rijo de métodos, e um observador perspicaz, que vive, respira e transpira futebol por tudo quanto é poro, ao ponto de não ter para ele qualquer segredo. Homem que se erigiu a si próprio, o que lhe granjeou um número infindo de invejosos e detractores, mas também de seguidores e plagiadores (nem todos confessos), Jorge Jesus é o mais fino remanescente da “esperteza saloia”. E, caso o filme “A ALDEIA DA ROUPA BRANCA”, feito em 1939, da autoria de Chianca de Garcia, necessitasse de um réplica actual, a vida de Jorge Jesus, enquanto relato étnico e épico, seria a mais excelente das opções.
Apesar do seu palmarés futebolístico enquanto treinador não ser de menosprezar, confesso que nunca vi um jogo completo com ele no banco, fosse em que equipa fosse, mas raramente falhei alguma das suas flash interviews depois dos jogos, por achar piada às suas declarações, aos problemas de sintaxe, ao despropósito de algumas afirmações, ao carácter brejeiro das suas conclusões e às suas posturas, incessantemente informais e provocatórias. Quando foi para a Arábia Saudita treinar o Al-Hilal, as minhas noites de Domingo nunca mais voltaram a ser as mesmas, porque ia para a cama menos bem-disposto e adormecia com maior dificuldade (quem disse que o homem não é um animal de hábitos?).
Em boa hora, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, no início de Junho deste ano, contratou Jorge Jesus por um ano como treinador deste emblema carioca. A chegada do português, que não é padeiro e nem se chama Manuel ou Joaquim, não foi do agrado de muitos comentadores e treinadores de futebol brasileiros, que instalados no feudo do “futebol maravilha”, escudados na xenofobia e engalanados na soberba, não souberam ter a humildade para acompanhar a evolução do futebol mundial, mesmo depois do “Mineiraço”, quando a selecção canarinha perdeu com a alemã por 7 a 1. Cinco meses depois de ter chegado e contracorrente, o “Mister” consegue vencer quase em simultâneo a Taça dos Libertadores e o Brasileirão, dando uma bofetada de luva branca aos seus críticos e detractores, e uma alegria imensa para os torcedores do “Mengão”, que esperavam há 38 anos pela reconquista do prestigiado troféu interamericano
Sem saber muito bem porque é que o pão produzido pelos portugueses, que tem matado a fominha a muitos brasileiros ao longo de um século, se chama francês, Jorge Jesus, que entende de futebol “às carradas”, devolveu à alegria ao povão, enchendo-o de euforia quando agonizava em profunda depressão. Homem do povo e agora também herói daquele que o acolheu, Jesus está a deixar-se contagiar pela doçura emocional dos brasileiros ao seu redor, que por tudo e por nada soltam frases do tipo “eu amo” e “eu adoro”, exclamações que os portugueses de Portugal evitam usar por se sentirem demasiado comprometidos e envergonhados. Não obstante, o “Mister” sente-se agora mais português do que nunca e espera que algum clube dos grandes campeonatos europeus o contrate, certo de que também ali irá vencer.

Oiço para aí dizer que Jesus está a revolucionar o futebol brasileiro e não sei até que ponto isso é verdade. Se for verdade, desta vez os “bandeirantes do futebol” sairão do Rio de Janeiro. Do que não tenho dúvidas é da reabilitação dos portugueses operada por este treinador de futebol perante os brasileiros, mostrando-lhes que os portugueses são mais do que imaginam e que estão mais próximos do que julgam, apesar do mar que simultaneamente os une e separa. Obrigado Jorge Jesus!