Celebra-se hoje o Dia da
Criança e no meu país vêem-se tão poucas, o que inevitavelmente levará à agonia
deste velho Portugal com quase novecentos anos. Somos velhos na História e nas
gentes, falta-nos “sangue na guelra”, somos cada vez mais dependentes e, se a
situação se mantiver, a breve trecho deixaremos também de ser uma nação
soberana. A sobrevivência desta ditosa Pátria, da sua rica história e da sua cultura
díspar, ruirão de uma assentada se entretanto não houver “gente nova” que as
sustente. Nesta matéria, aos portugueses de hoje, é lançado um repto com 59
anos de existência e que foi proferido por John Fitzgerald Kennedy em
20/01/1961, aquando da sua tomada de posse como 35º Presidente dos Estados
Unidos: “ Não pergunte o que o seu país pode fazer por si. Pergunte o que você pode
fazer pelo seu país.” O nosso já necessitava de mais crianças ontem e todos são
agora convocados para presenteá-las à Nação que nos preserva livres e senhores
de uma identidade própria.
Tarda a ocasião de trocarmos
o narcisismo pelo interesse nacional, de abandonarmos a mentira e o comodismo
que todos prejudica e condena, de nortearmos as nossas vidas pelos superiores
desígnios de Portugal enquanto Nação livre e soberana que só o será, se os seus
filhos não se extinguirem – ter filhos é um valoroso acto patriótico! Oiço
dizer constantemente a muita gente que para se ter filhos é preciso ter
condições e que a maioria das pessoas não as tem. Curiosamente, contrariando
esta teoria, verifico que são os mais pobres que têm mais filhos, o que não
deixa de ser um paradoxo. Por outro lado, e falo com conhecimento de causa,
conheço muitos donos de cães que gastam mais com eles do que gastariam com um
filho. Há também quem diga que não tem filhos por perseguir uma carreira,
carreira que inevitavelmente acabará num cemitério depois de uma breve passagem
por um lar. Há múltiplos aspectos em Fernando Pessoa com os quais não me
identifico, mas estou em perfeita sintonia com ele quando diz no Poema
Liberdade: “Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo
são as crianças”.
Para além de entender da
sua necessidade, eu adoro crianças e rejubilo quando as vejo passar alegres e
traquinas, enchendo de irreverência parques e jardins. Hoje já não me é
aconselhável voltar a ser pai, porque os anos avançam perigosamente e a minha
disponibilidade geral é cada vez menor, entraves que não me impedem de adestrar
cães para acompanhar e valer a crianças, associação que junta o mais belo que
há em nós com o animal que melhor nos tem servido. Neste dia da criança, eu
quero mais e mais crianças, porque entendo que não há verdadeira felicidade sem
elas. Eu sei que um dia vou partir, mas mesmo assim, gostava de ouvir o seu
buliço fervilhante no crepúsculo da minha passagem por aqui. Parabéns pais, por
terem dado ao País e ao mundo a vida que nos anima. Neste dia da criança faço
votos que cada qual veja nos filhos dos outros o bem que representam para todos
nós.
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