terça-feira, 9 de junho de 2020

SONECA: O DANÇARINO

A história do Soneca é extraordinária, equivalente àquela do soldado que chegou a general ou à do marreco que se transformou um belo cisne. Este nosso amigo de quatro patas estava numa loja de animais para adopção junto com os seus irmãos. O Jorge e a família passaram por lá, escolheram-no e levaram-no para casa. Como ele passava a vida a dormir, puseram-lhe o nome de Soneca, que é exactamente o contrário daquilo que ele é hoje. O seu dono optou por treiná-lo, procurou-nos e aqui tem vindo a ensiná-lo. O Soneca não se enquadrava em nenhuma das tabelas de crescimento conhecidas, nem mesmo nas dos rafeiros médios, demorando inclusive a atingir a maturidade sexual – este híbrido de Labrador era um quebra-cabeças! Demasiado recto de angulações traseiras, sofrível do ponto de vista biomecânico e invariavelmente carente de aprovação e estímulo, este híbrido tinha tudo para não dar certo. Mas o querer do dono dotou o cão de uma alegria pouco vista, daquela capaz de atravessar montanhas e vales sem nunca olhar para trás. Hoje o Soneca é uma vedeta, o mastronço de outrora transformou-se num dançarino. Na foto atrás vemo-lo a “ladear” e na seguinte a “cruzar”.
Como não estamos a tratar de um cão leve, surpreendendo-nos a velocidade que empresta a tudo o que faz, por norma acompanhada de uma alegria contagiante. Na foto abaixo está a partir decidido para a primeira figura do “APC”, para o meio de um círculo feito pelos braços do seu dono.
Depois foi convidado a saltar sobre a perna do dono, exercício do qual se agrada e que não gosta de esperar para fazê-lo, apesar do particular do salto não ser muito cómodo para ele (vale a pena reparar na posição dos quartos traseiros).
A alegria dos cães sempre é denunciada pela sua linguagem mímica e será ela a denunciar que método de ensino foi usado na educação de cada cão. Mesmo a saltar ao eixo por cima do seu dono e condutor, o Soneca salta de cauda levantada e até a abanar.
As “habilidades” do Soneca vão muito para além disto, muito embora eu não goste do termo “habilidades” por não me ver como um “amestrador de animais”, nome com o qual esporadicamente sou confundido. Queria dizer aos nossos leitores que o Soneca não é um caso único ou uma geração espontânea, que há muitos Sonecas por aí, com muito para dar, à espera que os vão buscar.

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