Quem
já leva alguma experiência com as variedades recessivas presentes no Cão de
Pastor Alemão, sabe que a maioria dos indivíduos pertencentes à variedade cromática
negra, logo desde tenra idade, transforma-se na sombra dos seus donos,
prestando-se a defendê-los e a vigiar os seus pertences. Nas estações frias,
tanto de dia como de noite, estes cães não se incomodam com as intempéries,
optando muitas vezes por ficar à chuva. Nas estações quentes são praticamente
invisíveis e só aparecem quando é preciso, sendo excelentes e dissimulados guardas-nocturnos
que se aproximam dos invasores silenciosamente. A foto acima pertence a um
indivíduo destes e jamais aconteceria se a sua dona não a pusesse naquele
local. A cadelinha CPA chama-se Tuka e aparece na seguinte a passear com a dona
pelo restolho dos arrozais, terrenos que amanhã terá que guardar. O passeio
empreendido teve como objectivo melhor o comando de “junto”.
Todos
os lugares por onde os intrusos possam entrar, esconder-se ou sair, deverão gradualmente
ser conhecidos e ultrapassados prontamente pela cachorra, para que dificulte ou
inviabilize qualquer tentativa de intrusão, ocultação ou de evasão. Para que
assim aconteça, torna-se imprescindível ginasticá-la gradualmente e de acordo
com os estágios etários que vai atravessando.
Os
bons cães de guarda não comem galinhas, guardam-nas zelosamente assim como
outros animais que pertençam ao bando do dono. A sociabilização das diferentes
espécies animais entre si acontece primeiro pela familiarização. Se a Tuka
tivesse vindo mais cedo para a casa dos seus donos tudo seria mais fácil,
porque depressa aceitaria as galinhas, as fracas e os patos como membros do seu
bando e indivíduos a defender. Mas ainda vai a tempo, porque ainda tem 2 meses
para compreender e respeitar o escalonamento hierárquico que lhe atribuirá um
lugar, os seus direitos e obrigações. Entretanto, quase imperceptível na
fotografia, vemos a Salsa, a Cão de Gado Transmontano, que mesmo deitada lembra
uma fraga para lá do Douro.
O
bem mais precioso de qualquer casa são as crianças, que nunca correram tanto
perigo como agora. Parecendo compreender o perigo que ronda os infantes à sua
volta, a Tuka acompanha a dona a menina no carrinho e o menino por toda a parte,
estabelecendo com este vínculos afectivos profundos que serão profícuos e
duradouros. Amanhã, para onde ele for, jamais irá sozinho, porque a curta distância
e de modo quase invisível, a cadelinha acompanhá-lo-á e vigiará os seus passos.
A
pequena Tuka tudo isto indicia e é por causa de animais como ela que não me
canso de ensinar cães, que fico grato aos alemães por terem “inventado” animais
destes, amigos leais e companheiros incondicionais que nunca nos abandonam por
mais tortuosos que sejam os nossos caminhos. Cresce Tuka e segue avante!
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