terça-feira, 16 de junho de 2020

IDENTIDADE GENÉTICA DOS LOBOS EM RISCO NA UE

A identidade genética dos lobos na União Europeia encontra-se em risco, graças aos cruzamentos entre cães e lobos, que acontecem agora com maior frequência e que ainda não são controlados por grande parte dos países europeus. O alerta foi lançado na revista “Biological Conservation através de um estudo internacional liderado por Valeria Salvatori do Instituto de Ecologia Aplicada (IEA) de Roma e supervisionado por Paolo Ciucci, do Departamento de Biotecnologia da Universidade de Sapienza.
Este estudo revela que os híbridos de cães com lobos estão presentes em todas as populações de lobos na Europa e que muitos países não estão a intervir para monitorar ou combater o fenómeno, de acordo com o ordenado por tratados internacionais juridicamente vinculativos, como são o caso da “Directiva Habitats” e a “Convenção de Berna”. Na maioria dos países examinados, os híbridos representam ainda uma pequena parte da população dos lobos, o que possibilitará planear e implementar intervenções eficazes de prevenção e controle, apesar de até faltarem até à presente data protocolos de referência internacionais e padrões operacionais para nortear essas acções.
Contrariamente ao que muita gente julga, os híbridos entre lobo e o cão são férteis, podendo cruzar-se novamente com lobos, criando variantes genéticas típicas do cão no genoma do lobo à medida que as gerações se vão sucedendo, o que levanta de imediato uma questão: qual é o limite para que estes híbridos deixem de ser considerados como tal? Actualmente não existe uma definição inequívoca de híbrido que seja aceite internacionalmente e este deverá ser o primeiro passo para a resolução do problema. Os autores do estudo sugerem a inclusão de indicações mais claras sobre a manutenção de híbridos e cães vadios em tratados internacionais, destacando que os híbridos de cães-lobo deverão ser sempre protegidos por lei. Nesta matéria a Europa encontra-se atrasada em relação aos Estados Unidos, que já possuem claras definições sobre híbridos, quiçá pela adopção de muitos nos lares norte-americanos. Entretanto, pelo “Velho Continente”, há quem se aproveite da balbúrdia para “melhorar” linhas de cães lupinos ou parar criar novas raças caninas.

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