Sabia que um grupo de
voluntários portugueses combateu ao lado exército nazi durante a II Guerra
Mundial nos países bálticos e na Rússia, apesar da neutralidade proclamada por
Salazar? A história começa com os “Viriatos”, nome genericamente dado
aos voluntários portugueses que combateram na Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
ao lado dos nacionalistas (franquistas) na “Legião Estrangeira”, cujo maior
número de efectivos era português, apesar dos lusos também haverem engrossado
as fileiras das milícias da “Falange”, dos “Requetés”, da aviação e de unidades
regulares do exército. Calcula-se que o seu número rondasse os 6.000 homens.
Apesar da neutralidade
espanhola, Franco, que estava em dívida com Hitler, porque sem ele dificilmente
teria vencido os republicanos e a Guerra Civil, permitiu que um grupo de
voluntários espanhol se incorporasse no exército alemão, entre 1941 e 1943,
tropas que vieram a constituir a Blaue Division de Infantaria da Wehrmacht
com o nome de 250. Einheit Spanischer Freiwilliger. Salazar seguiu o exemplo
do Generalíssimo (governante vizinho e seu parceiro ideológico) e permitiu a
entrada de uma cota de voluntários portugueses naquela Divisão, estimada num
total de 1.000 homens e identificados por “Legião Portuguesa”.
Esta Divisão acabaria por
fazer parte da “Operação Barbarossa”, que visava a invasão e domínio da Rússia
comunista, sendo enviada para a frente russa em 20 de Agosto de 1941, depois de
cinco semanas de instrução. Dos seus 47.000 homens, entre 4.500 e 5.000 foram
mortos, mais de 8.000 ficaram feridos e 321 foram feitos prisioneiros pelo
exército soviético. Grande parte destes homens foi destacado pelo seu valor em
combate, tanto pelo exército espanhol como pelo alemão, sendo atribuídas à
Divisão Azul (Blaue Division) as seguintes condecorações teutónicas: 2 Cruzes
de Cavaleiro (uma com Folhas de Carvalho); 2 Cruzes de Ouro; 138 Cruzes de
Ferro de Primeira Classe e 2.359 Cruzes de Ferro de 2ª Classe.
Os voluntários espanhóis
do 250.
Einheit
Spanischer Freiwilliger foram
ainda incorporados noutras unidades do exército alemão e noutros ramos das suas
forças armadas, combatendo ainda na Letónia, na Jugoslávia, nos Pirinéus, na
Pomerânia e na derradeira Batalha de Berlim. Na foto abaixo podemos o funeral com
honras militares de um legionário português, o do Soldado Gabriel da Costa,
membro da Divisão Azul e morto durante a Batalha de Estalinegrado.
Não foi a primeira vez que
tropas portuguesas foram combater para e contra a longínqua Rússia, já que
Napoleão teve também uma “Legião Portuguesa”, um Corpo de Tropas também referido
como “Legião Lusitana” que incorporou no seu “Grande Armée” e que
participou activamente nas campanhas da Alemanha, Áustria e Rússia. Também
neste conflito os militares portugueses se destacaram, sendo os seus efeitos
ofuscados pela derrota de Napoleão e pela Revolução Liberal em Portugal.
Para concluir, porque são
os vencedores que escrevem a História, resta dizer que os soldados portugueses
que fizeram parte do exército anglo-luso e que expulsaram os franceses da Península
Ibérica entre 1911 e 1914, vencendo um a um os Marechais de França em batalhas
renhidas como Talavera, Albuera, Fuentes de Oñoro, Badajoz, Ciudad Rodrigo,
Salamanca, Vitória, Burgos, Pirinéus, Nive, Nivelle, Orthez, e Toulouse, foram
designados por Wellington como “The fighting cocks of Army”, gente
que lamentou não ter ao seu ledo em Waterloo.
Voltando aos portugueses
que serviram a Wehrmacht e as Waffen-SS de Hitler, importa dizer que levaram para a cova os seus feitos e que o seu valor militar foi
ignorado pelo grosso da nossa população, porque apesar de terem sido vencedores e alguns haverem voltado a casa, foram derrotados ao lutarem no lado errado da barricada que sempre induz ao
esquecimento.
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