Nenhum centro canino e
nenhum adestrador podem negar o crescente número de cães de abrigo que engrossa
as suas fileiras, sendo nalguns casos o seu grupo maioritário, novidade em
sintonia com o fraco poder de compra dos portugueses e com a sensibilidade que
sempre demonstraram em relação aos animais, porque apesar de não sermos todos
ricos, todos temos sentimentos, um quarto reservado às afeições onde quase sempre cabem
um cão ou um gato.
Infelizmente, as campanhas
de sensibilização levadas a cabo pelas organizações de protecção aos animais,
não têm sido acompanhadas de maiores esclarecimentos e transmissão de maior
conhecimento relativos às adopções que sugerem, pelo que os interessados
raramente sabem que cão levar para casa, acabando por levar o que mais os
sensibiliza, ao invés daquele que mais lhes convém, considerando o perfil
psicológico do animal e aquilo que têm para lhe oferecer. Há ainda quem os leve
pela idade, tamanho, cor, tipo de pêlo e pela proximidade a uma raça em
particular.
Como resultado disso,
sobra por aí gente com dificuldades de locomoção a reboque de fogosos bracóides,
briguentos terriers nas mãos de gente sem pulso, cães de propensão atlética
entregues a idosos que raramente saem à rua, cães manhosos que vêem aumentado o
seu despropósito ambiental e outros, mormente cadelas, que ao terem medo da sua
própria sombra, acabam por resistir desalmadamente em sair à rua. Como se
compreende, os desaguisados entre homens e cães não se esgotam aqui.
Como em tantas outras
coisas, quando não sabemos escolher aquilo que mais nos convém, é
imprescindível valer-nos de alguém que nos saiba aconselhar correctamente, que
com o seu Know-how nos leve ao encontro do cão que preenche todas ou
quase todas as nossas expectativas, para que a sua adopção resulte num “casamento”
feliz e duradouro, já que procurar um cão que nos convenha, não implica em encontrá-lo
na primeira feira de animais que visitemos ou no primeiro que avistemos.
Será a minha penta-disponibilidade
(temporal, anímica, física, económica e familiar) que determinará qual o cão
que mais me convém ao ir ao encontro das suas necessidades individuais, visíveis
nos impulsos herdados que carrega (alimento, movimento, à defesa, à luta, ao
poder e ao conhecimento), já que ninguém deseja que a adopção de um cão resulte
num casamento de carta fechada. Quando temos clareza do que temos para oferecer,
tudo se torna mais fácil, mas se não temos como avaliar correctamente o animal,
o problema persiste e somos obrigados a recorrer a alguém para nos aconselhar,
que geralmente não é quem propõe o cão para adopção pelas razões atrás citadas
(esse alguém poderá saber algo sobre o cão, mas pouco ou nada saberá de nós).
Não faltam por aí “casamentos
infelizes” entre donos e cães, que normalmente afectam quem nisso não foi
ouvido nem achado, pelos embaraços e incómodos a que se vê sujeito. Uma adopção
bem conseguida é aquela que traz idêntica felicidade a donos e cães,
transformando-se por isso em proveitosa e duradoura. Vale a pena escolher o cão
certo. Fica o conselho.
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