A elite dos centros de
formação cinotécnicos militares da Federação Russa encontra-se no Centro
de Treino para o Serviço de Criação de Cães Nº 470, onde funciona o
Canil “Krasnaya Zvezda”. Actualmente este Centro de Formação, para
além de formar competentes handlers militares, tem como objectivos formar cães
para a detecção de explosivos e cães de patrulha, não dispensando nenhum deles
do seu robustecimento atlético diante das difíceis condições climatéricas que
irão enfrentar.
Devido à constante ameaça
de ataques terroristas, a detecção de minas e explosivos por parte dos cães
tornou-se prioritária, porque neste trabalho são insubstituíveis e ultrapassam
qualquer tecnologia, porque o detector de minas mais sofisticado poderá não
detectar ou reagir ao corpo plástico de uma mina e um cão sempre a encontrará,
porque foi treinado para detectar o odor particular dos engenhos explosivos. A
especialização dos cães encontra-se na maioria dos casos dependente da sua
raça, uma vez que Spaniels e os Labradores são por norma os melhores na
detecção de odores.
O objectivo de um cão de
patrulha ou patrulheiro é o de detectar a presença de um intruso ou agente
inimigo a grande distância, ladrando para avisar quem o conduz e o corpo a que
pertence, decidindo por si atacar ou não e, caso seja necessário, atacá-lo-á.
As raças que se prestam mais a este serviço são os Pastores (Alemães e
Ovcharkas), os Rottweilers, os Moscow Watchdogs e os Terriers Negros Russos,
raça também conhecida como “Stalin’s Dog”. E porquê? Porque são
maiores, mais fortes, têm uma força de mordedura maior, não se enamoram de
estranhos e tendem a escorraçá-los, a feri-los ou a abatê-los por modo próprio.
O Ministério da Defesa
russo tende a recrutar candidatos a condutores cinotécnicos que na sua vida
civil tenham uma profissão similar (técnico
veterinário ou zoológico), pré-selecção que não é bastante porque importa considerar
também as qualidades pessoais de cada um.
Como a profissão de Treinador Militar
de Cães é uma das mais prestigiadas nas Forças Armadas da Rússia, só dão
entrada nela pessoas pacientes, não-agressivas, obedientes e capazes de
suportar actividades monótonas, já que o adestramento obriga à repetição dos
comandos e à realização das mesmas tarefas vezes sem conta. Seleccionar a pessoa
certa é metade do sucesso, uma vez que assim se evita a possível fricção que
poderá acontecer na fase inicial do treino, que invariavelmente impede o
alcance dos objectivos.
A formação do comum
treinador militar de cães neste Centro obriga a seis meses de estudo, a
conhecer e a usar as diferentes armas ao seu dispor, a um maior conhecimento
veterinário e à aquisição dos conhecimentos básicos que irão possibilitar o
treino dos seus futuros companheiros de quatro patas. Diz quem já lá esteve,
que a fase mais difícil é a preparação inicial, porque os condutores quando
intentam interagir com os cães cometem dois erros bastante frequentes: ou dão-lhes
os comandos errados ou exigem-lhes demais.
Os recrutas humanos
permanecem somente um ano no activo e os cães executarão missões ao longo de
oito anos, mudando de líderes 7 ou 8 vezes durante o seu serviço. Nenhum dos
homens que constituiu binómio com estes cães pode levá-los para casa, porque são
propriedade do Ministério da Defesa, tal como os tanques e os aviões?! Segundo
fontes oficiais, quando estes cães são finalmente dispensados das suas
atribuições, são adoptados por militares que lhes prestam todos os cuidados na
sua velhice. Será?
Certo é que os cães
russos, à imitação dos soldados humanos, são muito bem preparados e aptos para
as missões que lhe são confiadas pelo tipo de treino e exigências a que se vêem
obrigados.
Em Portugal não faltam adestradores militares da escola russa, gente
aparentemente honesta, incógnita e entregue a outras profissões, que ao “virar
o bico ao prego”, eliminará com a maior das facilidades os cãezinhos acostumados
a pendurarem-se nas mangas e nos fatos, “penduricalhos” que, atendendo à sua
própria segurança, será melhor que durmam ao lado dos donos, com a porta da rua
bem trancada, porque geralmente comem o que não devem, encontram-se mal
preparados, desnudam a sua presença e expõem-se em demasia (a vida de um cão de
guarda não é um jogo mas uma luta pela sobrevivência).
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