Com o Carnaval à espreita,
o mês de Janeiro em Portugal costuma ser mau para o negócio, porque o povo
sempre acaba por gastar demais no Natal, facto que põe as feiras às moscas e os
vendedores a olhar para o boneco (melhor sorte não terão os centros comerciais,
o comércio retalhista e já falido comércio tradicional). Mesmo sabendo que
iríamos encontrar menos gente, decidimos visitar uma feira de “antiques” cuja
maioria dos produtos peca pela ausência de certificado de procedência, como se
houvessem caído do ar e fossem pretensa de quem os conseguiu apanhar.
Com tanta cangalhada à
nossa disposição, que pela novidade se constituía em múltiplos desafios e novas
experiências para os cães, decidimos confrontar a SRD Hope com a sua própria
imagem, tirando partido de um espelho para venda que não cativou qualquer
interessado. A cadela mostrou-se indiferente à dupla imagem e não tirou os
olhos do dono que se encontrava por detrás do espelho e num plano superior.
O cão mais difícil de
serenar na circunstância foi o CPA Bor, que estranhamente reside a 200 metros
do recinto da feira, distância a percorrer que provavelmente cansará em demasia
o seu proprietário, homem talhado para os prazeres da vida, para o convite das
cadeiras e para o tronco refastelado. Como podemos ver na foto abaixo, a mímica
do cão (focinho e cauda) não denota qualquer tipo de medo. E se assim é,
estamos perante um caso de desconforto ainda por vencer, que poderá ser ultrapassado
pela repetida experiência variada e rica (reforço positivo).
Nas nossas andanças pela
feira deparámo-nos com um músico de ocasião, um fadista cheio de garra e pleno
de desafinação, muito conhecido na região por ninguém o querer ver (ouvir) por
perto. Aproveitando a circunstância e sabendo que os cães são por norma mais
tolerantes que os humanos, sentámos os nossos ao redor do guitarrista e nenhum
deles se queixou (o que realmente nos importava era familiarizá-los com a
música, com a guitarra e os seus tocadores.
A CPA Haia, ainda com
algumas dificuldades na sociabilização entre iguais, é a que melhor se aguenta
entre multidões, permanecendo “quieta” mais tempo que os demais, pelo que
merece o trono que colocámos junto dela para a fotografia.
Na foto abaixo, junto a
várias bicicletas, podemos ver sentada a SRD Hope, cadela que ao contrário da
Haia, já não se interessa por outros cães, permanecendo indiferente aos seus
convites e passagem, posando sempre serena quando solicitada.
Decididamente, em matéria
de cães, passámos de um extremo ao outro. No passado não distante, o vulgo
atirava-lhes pedras, agora vê-os como uma verdadeira panaceia. Vindo não se
sabe donde, a não ser dos braços da mãe, colocaram um bebé que ainda não sabia
andar entre os nossos cães e eles não estranharam a companhia.
Mesmo aos fins-de-semana,
quando a maioria das pessoas não trabalha, o número de idosos nas ruas é
bastante superior ao da população activa, gente que normalmente adora animais e
cães em particular. Uma senhora de idade respeitável pediu-nos se podia fazer
festas as cães, ao que respondemos afirmativamente e passámos-lhe um para a
mão, enviando-lhe depois a respectiva foto desse momento para seu gáudio.
Sempre privilegiamos nas
nossas saídas ao exterior o contacto entre os cães e as crianças, a tanto nos
obrigam duas razões: a educação dos infantes e a sociabilização dos cães. Na
foto abaixo podemos ver a Margarida e o Rodrigo, dois irmãos que bem se
prestaram aos nossos interesses pedagógicos (a senhora que também aparece na
foto é uma brasileira de Santos que descende de portugueses).
A Margarida (entendida entre nós por Guida) ainda se
ofereceu como obstáculo humano para os cães em excursão. Na foto seguinte
podemos ver o CPA Bor a transpô-la sem qualquer dificuldade, não fora ele um
excelente atleta.
Sempre que saímos à rua
com os cães somos objecto de admiração e estima, miúdos e graúdos param e
apreciam os nossos trabalhos, mostrando alguns o desejo de colaborarem connosco.
Ontem sucedeu o mesmo e acabámos por convidar alguns populares para se constituírem
num túnel de passagem para os cães. A foto seguinte disso dá testemunho.
Mais uma vez solicitámos a
presença da Sónia e do Pastor Belga Groenendael Shane, binómio que vale pela
disponibilidade e alegria que empresta à classe. A Sónia cumpriu com o seu
papel de líder e o Shane executou os exercícios em alta velocidade.
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: João Graça/Hope, Nuno Falé/Haia; Paulo/Bor e
Sónia/Shane. Para a semana voltaremos à excursão e ser-nos-ão colocados novos
desafios de acordo com o particular do ecossistema encontrado e segundo o
cronograma que previamente estabelecemos.
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