domingo, 21 de janeiro de 2018

FRACO NEGÓCIO E CARNAVAL À PORTA

Com o Carnaval à espreita, o mês de Janeiro em Portugal costuma ser mau para o negócio, porque o povo sempre acaba por gastar demais no Natal, facto que põe as feiras às moscas e os vendedores a olhar para o boneco (melhor sorte não terão os centros comerciais, o comércio retalhista e já falido comércio tradicional). Mesmo sabendo que iríamos encontrar menos gente, decidimos visitar uma feira de “antiques” cuja maioria dos produtos peca pela ausência de certificado de procedência, como se houvessem caído do ar e fossem pretensa de quem os conseguiu apanhar.
Com tanta cangalhada à nossa disposição, que pela novidade se constituía em múltiplos desafios e novas experiências para os cães, decidimos confrontar a SRD Hope com a sua própria imagem, tirando partido de um espelho para venda que não cativou qualquer interessado. A cadela mostrou-se indiferente à dupla imagem e não tirou os olhos do dono que se encontrava por detrás do espelho e num plano superior.
O cão mais difícil de serenar na circunstância foi o CPA Bor, que estranhamente reside a 200 metros do recinto da feira, distância a percorrer que provavelmente cansará em demasia o seu proprietário, homem talhado para os prazeres da vida, para o convite das cadeiras e para o tronco refastelado. Como podemos ver na foto abaixo, a mímica do cão (focinho e cauda) não denota qualquer tipo de medo. E se assim é, estamos perante um caso de desconforto ainda por vencer, que poderá ser ultrapassado pela repetida experiência variada e rica (reforço positivo).
Nas nossas andanças pela feira deparámo-nos com um músico de ocasião, um fadista cheio de garra e pleno de desafinação, muito conhecido na região por ninguém o querer ver (ouvir) por perto. Aproveitando a circunstância e sabendo que os cães são por norma mais tolerantes que os humanos, sentámos os nossos ao redor do guitarrista e nenhum deles se queixou (o que realmente nos importava era familiarizá-los com a música, com a guitarra e os seus tocadores.
A CPA Haia, ainda com algumas dificuldades na sociabilização entre iguais, é a que melhor se aguenta entre multidões, permanecendo “quieta” mais tempo que os demais, pelo que merece o trono que colocámos junto dela para a fotografia.
Na foto abaixo, junto a várias bicicletas, podemos ver sentada a SRD Hope, cadela que ao contrário da Haia, já não se interessa por outros cães, permanecendo indiferente aos seus convites e passagem, posando sempre serena quando solicitada.
Decididamente, em matéria de cães, passámos de um extremo ao outro. No passado não distante, o vulgo atirava-lhes pedras, agora vê-os como uma verdadeira panaceia. Vindo não se sabe donde, a não ser dos braços da mãe, colocaram um bebé que ainda não sabia andar entre os nossos cães e eles não estranharam a companhia.
Mesmo aos fins-de-semana, quando a maioria das pessoas não trabalha, o número de idosos nas ruas é bastante superior ao da população activa, gente que normalmente adora animais e cães em particular. Uma senhora de idade respeitável pediu-nos se podia fazer festas as cães, ao que respondemos afirmativamente e passámos-lhe um para a mão, enviando-lhe depois a respectiva foto desse momento para seu gáudio.
Sempre privilegiamos nas nossas saídas ao exterior o contacto entre os cães e as crianças, a tanto nos obrigam duas razões: a educação dos infantes e a sociabilização dos cães. Na foto abaixo podemos ver a Margarida e o Rodrigo, dois irmãos que bem se prestaram aos nossos interesses pedagógicos (a senhora que também aparece na foto é uma brasileira de Santos que descende de portugueses).
A Margarida (entendida entre nós por Guida) ainda se ofereceu como obstáculo humano para os cães em excursão. Na foto seguinte podemos ver o CPA Bor a transpô-la sem qualquer dificuldade, não fora ele um excelente atleta.
Sempre que saímos à rua com os cães somos objecto de admiração e estima, miúdos e graúdos param e apreciam os nossos trabalhos, mostrando alguns o desejo de colaborarem connosco. Ontem sucedeu o mesmo e acabámos por convidar alguns populares para se constituírem num túnel de passagem para os cães. A foto seguinte disso dá testemunho.
Mais uma vez solicitámos a presença da Sónia e do Pastor Belga Groenendael Shane, binómio que vale pela disponibilidade e alegria que empresta à classe. A Sónia cumpriu com o seu papel de líder e o Shane executou os exercícios em alta velocidade.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: João Graça/Hope, Nuno Falé/Haia; Paulo/Bor e Sónia/Shane. Para a semana voltaremos à excursão e ser-nos-ão colocados novos desafios de acordo com o particular do ecossistema encontrado e segundo o cronograma que previamente estabelecemos. 

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