Quando chegou ao
conhecimento público que os alemães sob a direcção da Sr.ª Margarethe Schmitt,
com o aval do III Reich e patrocínio do Führer, criaram em Leutenberg, nos
arredores de Hannover, uma escola que intentava pôr cães a falar (TIER-SPRECHSCHULE ASRA),
projecto secreto que veio a ser revelado algumas décadas mais tarde, todo o
Ocidente se riu como se duma gigantesca insanidade se tratasse. O que os nazis
procuravam era alcançar a comunicação interespécies através da fala para fins
militares, fazer com que os cães falassem para melhor serem compreendidos,
tornando-se assim melhores soldados pelo aumento da sua utilidade e
cumplicidade. Este trabalho pioneiro não passou desapercebido aos olhos dos
cientistas até aos nossos dias e contra o cepticismo geral, alguns agarraram a
ideia e foram adiante, não desistindo de alcançar um melhor entendimento entre
homens e cães.
O Dr. Constantine Slobodchikoff,
professor emérito de biologia na Northern Arizona University, um expert em
linguagem animal que no início de 2008 fundou o Animal Language Institute e que
leva junto com a sua equipa três décadas a estudar os cães da pradaria (Cynomys
gunnisoni), depois de ter conseguido transformar, com a ajuda de um cientista
da computação, as vocalizações daqueles animais para inglês, afirma que um
tradutor para animais de estimação estará disponível em menos de uma década, um
aparelho próprio para traduzir aquilo que os cães desejam – os donos falarão
com os cães e estes responder-lhes-ão. Contrariamente à ideia preconizada pelos
alemães, que pretendiam pôr os cães a falar, estes cientistas propõem-se
alcançar um aparelho tradutor para os animais de estimação, valendo-se da
inteligência artificial para analisar vocalizações e expressões faciais.
Este avanço tecnológico
poderá também ser usado para limitar a violência animal por descodificação, ao
adiantar se determinado animal está excitado ou tem medo. É improvável que os
seres humanos sempre consigam comunicar com os cães por tópicos mais complexos,
apesar da inteligência emocional canina ser muito maior do que aquela em que
acreditamos, descoberta oriunda do University College London e que de acordo
com a Prof.ª Sophie Scott, professora de neurociência neste estabelecimento de
ensino superior, resulta de subestimarmos os cães ao vê-los como crianças, enquanto
somos vistos por eles como machos-alfa.
Ainda
que o prometido aparelho venha a ser útil para todos (homens e cães), ele será
de extrema importância para os cães cujos donos não têm tempo para os observar
e compreender, porque dessa forma serão atendidos e socorridos com maior
brevidade e sem entraves. Entretanto, enquanto o aparelho não chega, seria bom
que todos conhecessem as expressões mímicas dos seus cães, nomeadamente as
faciais e a linguagem da cauda, presentes nos seus rituais sociais quotidianos.
PS: Já nos debruçámos sobre o trabalho pioneiro alemão no artigo “TIER-SPRECHSCHULE ASRA:
AVANÇO OU LOUCURA?”, editado em 12/12/2014.
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