terça-feira, 16 de janeiro de 2018

AFINAL OS DE HANNOVER NÃO ERAM LOUCOS!

Quando chegou ao conhecimento público que os alemães sob a direcção da Sr.ª Margarethe Schmitt, com o aval do III Reich e patrocínio do Führer, criaram em Leutenberg, nos arredores de Hannover, uma escola que intentava pôr cães a falar (TIER-SPRECHSCHULE ASRA), projecto secreto que veio a ser revelado algumas décadas mais tarde, todo o Ocidente se riu como se duma gigantesca insanidade se tratasse. O que os nazis procuravam era alcançar a comunicação interespécies através da fala para fins militares, fazer com que os cães falassem para melhor serem compreendidos, tornando-se assim melhores soldados pelo aumento da sua utilidade e cumplicidade. Este trabalho pioneiro não passou desapercebido aos olhos dos cientistas até aos nossos dias e contra o cepticismo geral, alguns agarraram a ideia e foram adiante, não desistindo de alcançar um melhor entendimento entre homens e cães.
O Dr. Constantine Slobodchikoff, professor emérito de biologia na Northern Arizona University, um expert em linguagem animal que no início de 2008 fundou o Animal Language Institute e que leva junto com a sua equipa três décadas a estudar os cães da pradaria (Cynomys gunnisoni), depois de ter conseguido transformar, com a ajuda de um cientista da computação, as vocalizações daqueles animais para inglês, afirma que um tradutor para animais de estimação estará disponível em menos de uma década, um aparelho próprio para traduzir aquilo que os cães desejam – os donos falarão com os cães e estes responder-lhes-ão. Contrariamente à ideia preconizada pelos alemães, que pretendiam pôr os cães a falar, estes cientistas propõem-se alcançar um aparelho tradutor para os animais de estimação, valendo-se da inteligência artificial para analisar vocalizações e expressões faciais.
Este avanço tecnológico poderá também ser usado para limitar a violência animal por descodificação, ao adiantar se determinado animal está excitado ou tem medo. É improvável que os seres humanos sempre consigam comunicar com os cães por tópicos mais complexos, apesar da inteligência emocional canina ser muito maior do que aquela em que acreditamos, descoberta oriunda do University College London e que de acordo com a Prof.ª Sophie Scott, professora de neurociência neste estabelecimento de ensino superior, resulta de subestimarmos os cães ao vê-los como crianças, enquanto somos vistos por eles como machos-alfa.
Ainda que o prometido aparelho venha a ser útil para todos (homens e cães), ele será de extrema importância para os cães cujos donos não têm tempo para os observar e compreender, porque dessa forma serão atendidos e socorridos com maior brevidade e sem entraves. Entretanto, enquanto o aparelho não chega, seria bom que todos conhecessem as expressões mímicas dos seus cães, nomeadamente as faciais e a linguagem da cauda, presentes nos seus rituais sociais quotidianos.
PS: Já nos debruçámos sobre o trabalho pioneiro alemão no artigo “TIER-SPRECHSCHULE ASRA: AVANÇO OU LOUCURA?”, editado em 12/12/2014.

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