terça-feira, 23 de janeiro de 2018

NÓS POR CÁ: AS CABRAS SAPADORAS

Primeiro importa dizer que o termo “sapadoras” atribuído às cabras mereceu o profundo descontentamento dos bombeiros (ANBP), que o consideram um desrespeito à sua profissão. As ditas “cabras sapadoras” fazem parte de um projecto-piloto do governo para combater o combustível primário existente nas matas, evitando assim que ele cresça e dificulte o controlo dos incêndios, já que as cabras comem praticamente de tudo.
Esta opção silvo-pastoral, considerada essencial pelo governo para a gestão de combustível florestal na rede primária, será ainda acompanhada pela componente mecânica que possibilitará o controlo dos incêndios. Pela primeira vez, segundo fontes governamentais, Portugal terá uma directiva preventiva operacional no que diz respeito aos fogos, uma vez que a única directiva operacional existente reportava-se exclusivamente ao combate dos incêndios (casa roubada, trancas à porta!).
Quanto às cabras, espera-se que não passem de “sapadoras” a “tentadoras” e acabem numa rede de distribuição a restaurantes ou venham a subsidiar churrascos em quintais particulares. Nestas coisas de animais, devido ao dinheiro envolvido, porque as cabras para se terem de pé não podem comer só mato e há alturas do ano em que nem ele abunda, ainda vai haver alguém que vai enriquecer à conta do seu bucho, mormente com o Estado envolvido, parceiro que tradicionalmente muito poucos hesitarão em não defraudar, depauperar e roubar (as autarquias não costumam ter melhor sorte).
O uso das cabras no contexto da prevenção dos incêndios é perfeitamente justificado, o que não se justificará é que venham a aumentar as ainda hoje megalómanas despesas do Estado, coisa fácil de acontecer se forem maioritariamente “estéreis” e tiverem “altas taxas de mortalidade” que obriguem à aquisição constante de novos animais. Também se virem o preço da sua comida desnecessariamente inflacionado e forem por natureza destruidoras, ao ponto de obrigarem à permanente reparação ou aquisição de cercas. Assim, deseja-se que as “cabras sapadoras” não venham a engordar a corrupção que teima em nos largar, até porque a ideia é boa e a comprová-lo estão milhares de anos.

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