sexta-feira, 30 de julho de 2010

Os nervos do canzarrão e as dores de cabeça do Toninho

Quem vê brotar a nascente de um rio dificilmente adivinhará qual o caudal que terá na sua foz, quilómetros adiante e depois de reforçado pelos seus afluentes. Do mesmo modo, ainda que inversamente, os proprietários caninos ignoram a ligação entre o problema e a sua origem, a relação passado-presente e o reflexo dos problemas mal resolvidos. Sempre será mais cómodo dizer-se surpreendido do que assumir os erros e reverter a situação, ainda que alguns deles possam provir do desconhecimento. Este é o caso visível no binómio fictício Toninho/ Canzarrão, um problema muito comum, uma novela que se repete ano após ano, sujeita a determinadas condições instaladoras que trama os donos e vitima os cães. Começaremos por apresentar o problema como nos é apresentado, denunciaremos a sua origem e finalmente adiantaremos a sua solução.




O Canzarrão é um cão valente que detesta andar à trela, pendura-se nela, afasta-se da perna do dono e reboca-o. Invariavelmente anda em passo de andadura e de vez em quando dispara a galope. A transição para a condução em liberdade tem-se revelado um desastre, porque invariavelmente furta-se aos exercícios e põe-se em fuga. Apesar de temer os outros cães ladra-lhes, sempre intenta copular as cadelas, desinteressa-se da ginástica e lesiona-se com facilidade. Desencanta-se com a obediência, não raramente transita do “senta” para o “deita”, resiste aos seus automatismos e se puder invalida o “quieto”. Evolui no treino nervoso e desconfiado, só gosta de andar a seu bel-prazer, como se fosse doutra galáxia ou intentasse procurá-la. Apesar de ter mais de 1 ano de idade, nem sempre levanta a perna para urinar, afunda-se perante as repreensões e por vezes ronca para o dono. O Toninho anda desesperado e o caso não é para menos, porque os ascendentes do cão são de qualidade insofismável. Quem se encantará por um cão assim? Nem parece que treina desde os quatro meses de idade!



À partida, aqueles adestradores que nunca se enganam e que raramente têm dúvidas resolveriam os efeitos sem considerar as causas, apostando na mudança de processos que lhes daria um crédito extra, valendo-se de métodos e meios mais coercivos para a recuperação do cão e alegria do dono, ignorando o seu preço e sem quererem saber a quem endereçar a factura. Para eles o cão necessitaria de apanhar umas boas lições e para isso haveria que aumentar a autoridade do dono. Aqueles que geralmente se enganam e que são dominados pela dúvida suavizariam os métodos e esperariam pelos resultados de tal erudição, confiados que o treino, por si mesmo, produziria as alterações desejadas pelas manobras de estímulo empreendidas. A sua ênfase recairia sobre a cumplicidade e procurariam subornar o animal para atingirem a sua dependência. Caso não fossem bem sucedidos, não hesitariam em lançar as culpas sobre o animal, a sua raça ou sobre o seu criador, uma vez que tal afecção seria coisa nunca vista e teria certamente uma origem genética! Será somente o cão a causa do descalabro ou será a genética de que é portador? Serão as duas coisas em conjunto? E se não for nem uma coisa nem outra, quem será o culpado?



Os problemas visíveis no cão são sintomas que desnudam menos valias físicas, psicológicas e sociais, de origem ambiental, isoladas ou combinadas, que apontam para a mesma causa e denunciam o mesmo responsável – o dono. A contribuição genética para o problema deverá ser posta de parte, considerando o histórico familiar adiantado e a mais do que evidente razão ambiental para os fenómenos. A causa principal aponta para a precariedade da excursão diária e por inerência para a ausência de uma verdadeira recapitulação doméstica dos exercícios escolares. O desrespeito pelo “junto”, o mau relacionamento com a trela, a instalação do passo de andadura, os arranques inesperados prò galope, o desinteresse pelos exercícios, a aversão pela ginástica e a propensão para as lesões, são evidências de uma excursão diária imprópria, irregular, atabalhoada, de duração variável e caracterizada pelo travamento, que não produz alteração e que estabelece a confusão entre os momentos lúdicos, os inerentes às necessidades fisiológicas do animal e os de trabalho propriamente ditos, resultando daí a justificada tendência para rebocar o dono, aspecto ligado à experiência directa do cão (experiência anterior; rotinas ou hábitos adquiridos que se constituem em lições de vida).



Chegámos a estas conclusões pelo comportamento do Canzarrão em classe, porque para além do que já foi dito, mais três manifestações corroboram o nosso diagnóstico. São elas: o desejo incontido pela liberdade, a fuga do cão quando é conduzido desatrelado e a resistência sistemática à obediência. Todas elas revelam a ausência de um condicionamento activo e uma cumplicidade circunstancial, sendo efeitos duma excursão diária imprópria, curta, pouco cuidada, desregrada e sem calendário predefinido (o Toninho gosta de amanhecer na cama, à noite já chega cansado a casa e a porra do cão ainda reclama por ir à rua!). Se a situação não se reverter, o passo de andadura se mantiver e a marcha não for instalada, breve o Canzarrão selará o dorso, encostará os membros posteriores e divergirá de mãos, tornando-se num lupino côncavo sem alma. Indo para além dos aspectos físicos e psicológicos, a ausência de uma excursão capaz está também a comprometer o desenvolvimento sexual do cão e o seu viver social, contribuindo dessa forma para a infelicidade do animal, para uma saúde articular precária, para uma menor qualidade de vida e para o seu envelhecimento precoce. As pessoas sensíveis pouco fazem pela vida dos seus cães, mas podem prolongar-lhes a agonia.



É próprio dos machos, a partir dos 7 meses e quando atingem a maturidade sexual, começar a marcar território ao longo dos seus passeios, urinando por cima dos odores deixados pelos outros, desenvolvendo também desse modo o seu sentimento territorial. Não havendo território a marcar, se for sempre o mesmo e não for frequentado por outros cães, mais tarde levantará o cão a perna, dissabor que o atentará contra o salutar desenvolvimento do seu carácter e que o porá em dissonância com a idade, relegando para mais tarde o aparecimento da sua maturidade emocional. O atraso das manifestações sexuais induz a um comportamento receoso e obsta à ascensão social dos cães, levando-os a aceitar a dominância de outros que naturalmente não aceitariam. Tal é também o caso do Canzarrão, que apesar de ladrar para os outros cães, breve se sujeita e não reage às suas ameaças, quer eles sejam cachorros ou cães adultos, tornando-o no alvo preferencial dos seus pares e num macho acoitado entre as cadelas. É importante não esquecer que o domínio da hierarquia canina é patriarcal e que ela é encimada por um macho alfa. Quem imaginaria à partida, quão importante é o passeio diário dos seus cães? Qual será o número daqueles que os passeiam regularmente?



Não são só os cães agressivos que necessitam de sociabilização, os medrosos carecem dela muito mais, porque a sua operação ajudá-los-á a recuperar o seu carácter e contribuirá para o seu bem-estar. Os primeiros aprendem a regra e os segundos a reunir-se. O Canzarrão pertence ao segundo caso, ainda que por condicionamento ambiental, porque sem ser consultado, viu-se arredado da companhia dos cães das redondezas, possivelmente seus mestres e camaradas de brincadeira, enquanto agentes de ensino e percursores para o seu melhor desempenho escolar. O facto do cão se afundar perante as repreensões do dono na escola ou de se insurgir contra ele, numa ameaça incerta que é desnudada pela mímica empregue, denuncia a disparidade de procedimentos do seu líder, os havidos em casa e os requeridos na escola, porque a recapitulação doméstica não existe e a novidade obriga ao abuso da inibição – o cão não entende aquilo que o dono quer! Se à sobrecarga inibitória juntarmos o despreparo físico, um conjunto de fragilidades psicológicas, algum desaguisado emocional e uma sociabilização ineficaz, como poderá o Canzarrão aguentar-se no “quieto”? Não será de esperar que se ponha em fuga? Assim como o tempo das “benzeduras dos animais” tende à extinção, também a ocorrência de milagres na cinotecnia é muitíssimo rara, muito embora não faltem por cá falsos milagreiros, gente de ciência mal aplicada ou paladinos de muita reza.



Segundo o nosso rude entender empírico, aqui e ali salpicado pela erudição alheia, aquela que conseguimos compreender, adiantamos de seguida a solução para os nervos do Canzarrão e para as dores de cabeça do Toninho, sem tratarmos o cão como um delinquente ou um alienado e responsabilizando exclusivamente o dono como autor do problema. Apesar da inequívoca razão ambiental, aqui decifrada e exposta, paira no ar uma certa propensão genética concorrente ao problema, atendendo ao tipo de respostas e ao status assumido pelo cão. Na verdade ele é descendente directo de uma variedade serôdia (6/8), daquelas de forte impulso ao conhecimento, com uma curva de crescimento mais longa e que tardam em amadurecer (geralmente depois dos 18 meses de idade). No entanto, o Toninho já havia sido previamente alertado para o particular individual do seu companheiro, coisa que desconsiderou face ao seu viver social, outras prioridades e parcimónia cognitiva, acção que mais agrava a sua culpa, porque sabendo o que fazer, não o fez e ainda abraçou a inibição do Canzarrão como prática corrente e modo operativo, usando-a como bengala para o desequilíbrio que provocou.



A solução é simples e vai ser dada já, não venha por aí alguém com uma naifa de capador ou carregado de mezinhas (calmantes, relaxantes, anti-histamínicos e alucinógenos naturais ou sintéticos), afim de eliminar as cefaleias do dono e aumentar o melão do cão, substituindo o parecer da etologia, da biomecânica e da zoognóstica por uma terapia sujeita ao desmame, de resultados duvidosos e de possíveis efeitos contrários, sobre um paciente que pouco ou nada poderá dizer sobre a sua eventual melhoria, porque nisto de médicos e loucos, todos temos um pouco. Como é óbvio, não nos estamos a referir aos veterinários, profissionais a quem reconhecemos insondável competência e que votam a sua vida à saúde dos animais, mas a curandeiros ancestrais que guardam medicamentos em gavetas para futuras ocasiões. A solução para o problema aponta para a alteração da excursão diária, dotando-a de um novo modo operativo que garanta a recapitulação doméstica dos exercícios escolares, adopte a marcha como andamento preferencial, possibilite o contacto com outros cães, suspenda a inibição pelo concurso da recompensa e dos subsídios direccionais, aconteça em horários predefinidos (que se transformarão em rotinas), opere a variação dos trajectos e respeite a sua tríplice divisão (passeio higiénico, momentos de actividade apreensível e momentos de evasão). Tudo isto só será possível pela alteração de comportamentos do dono, enquanto é tempo e a mudança é possível. Não será ele o primeiro interessado na recuperação do cão? Há alturas em que não temos a certeza disso!



A recapitulação doméstica dos conteúdos de ensino ministrados na escola é uma tarefa pedagógica indispensável ao condicionamento canino, deve ser efectuada diariamente para garantir a supremacia dos automatismos funcionais, tarefa indispensável para a sua fixação, aprimoramento e evolução, sendo um requisito obrigatório face à fraca assiduidade escolar. Deve acontecer no 2º momento da excursão diária, no destinado à actividade apreensível. A adopção da marcha como andamento preferencial nas saídas ao exterior prende-se com os seus benefícios, porque oferece um maior desenvolvimento muscular, melhora os ritmos vitais e fortalece as articulações e tendões dos cães. O seu concurso possibilita ainda o equilíbrio membro a membro e fortalece o carácter canino, já que o seu embalo aumenta a predisposição laboral e apresenta-se como o melhor dos antídotos contra a manha. Aconselhamos uma cadência de marcha nunca inferior aos 5 km/h. Como sem familiarização dificilmente haverá sociabilização, o Canzarrão deverá cruzar-se com outros cães ao longo dos seus trajectos, vencendo medos, estabelecendo contactos e alcançando assim a tolerância necessária, mais-valia que contribuirá para uma melhor prestação em classe.



O Toninho tem um vício comum a um grande número de condutores: o de fazer da inibição tábua de salvação e pau pra toda a colher, usando invariavelmente o “não” no lugar dos automatismos que o dispensariam. Há uns anos atrás foi-nos oferecido um papagaio cinzento que acabou instalado na pista. Como a ave repetia tudo quanto ouvia, bem depressa dominou os comandos e passou a dar ordens aos cães, o que para além da graça causou algum transtorno aos binómios pela intromissão. Passados poucos dias já imitava três coisas: o barulho da água a correr da torneira, o grasnar dos patos e o comando de “não”, acções ligadas ao refrescar dos cães, à companhia dos patos e à predominância desse comando. O “não” pode e deve ser substituído por comandos não-inibitórios que não induzam à perca da velocidade, à quebra de ânimo e à suspeita, maleitas que sempre acompanham o seu abuso. O Treino canino, doméstico ou escolar, não deverá ser sistematicamente dominado pela lengalenga do “beijinho-pau, pau”, porque é arte, criatividade, sensibilidade e entendimento, não uma marcha forçada pelo ribombar dos tambores. Tanto o atraso como o adiantamento de um cão podem ser resolvidos de outro modo, pelo concurso dos automatismos direccionais: “à frente quando ele se atrasa e “atrás”quando se adianta, sendo posteriormente “agarrado” pelo “junto”. Para além de ser menos lesiva para o cão, esta prática contribui para a fixação desses automatismos, aumentando de sobremaneira a cumplicidade requerida aos binómios. Tendo em vista a recuperação do Canzarrão adiantamos também este procedimento prò Toninho.



Os cães são animais de hábitos e se não tivermos cuidado ficarão com maus hábitos. Os seus maus hábitos domésticos são responsáveis pela maior fatia das pessoas que nos procuram, uma decorrência da sua falta de preparo. Feliz é o cão que vive de rotinas, porque sabe com o que pode contar! Ele não vê com bons olhos a sua alteração, porque esse embaraço sempre lhe causa alguma suspeita. Tal foi o caso do sucedido com o Káká, um Pastor Alemão do Ti Filipe Pereira, nosso amigo e de quem já falámos noutras edições. Obrigado a ir trabalhar num dia de folga, transtorno que o impedia de distribuir o penso ao animal, chamou a sua mulher e disse-lhe: “Fernanda, toma atenção aos procedimentos. Como eu não estarei cá, serás tu a dar de comer ao cão. Depois de o chamares, senta-o à frente da tigela da comida e diz-lhe: Káká come”. Ela descansou-o e o homem lá foi para o trabalho. Ao cair da noite, o Ti Filipe voltou para casa e foi de imediato foi ver a tigela do cão, que se encontrava repleta e sem sinais de ter sido tocada. “Mas afinal o que é que tu fizeste? De certeza que não foi como eu te disse. O cão nem lhe tocou! Ora repete lá como fizeste” – dizia ele para a mulher. A pobre da Ti Fernanda repetiu os procedimentos e lá ia dizendo: “Kákácome, Kákácome, Kákácome!”. O marido pôs as mãos à cabeça num claro sinal de desconserto e respondeu-lhe: “ Ah! Agora já sei, o comando é Káká come e não Kákácome ou lá o raio como dizes!”. Também a excursão diária deve obedecer a um horário rígido e constituir-se em rotina, facto que tornará os cães mais asseados, ávidos pela saída e predispostos para o trabalho – a chamada hora do cão! O Toninho deverá respeitá-la e não alterá-la de acordo com a sua disposição, porque os seus amoques tornam o Canzarrão ansioso e lançam-no na mais profunda confusão.



O passeio diário transformado pela cinotecnia em excursão diária, pela necessidade do condicionamento e pela premência da sua recapitulação e utilização, para além dos diferentes objectivos diários, deve respeitar os 3 momentos distintos que o integram, a bem da saúde dos cães, em prol da sua concentração laboral e de acordo com as suas necessidades biológicas individuais. Dos 75 minutos que lhe devem ser atribuídos, dedicaremos 15 para as necessidades fisiológicas dos cães, 30 para o trabalho propriamente dito e os restantes 30 para a evasão. Como o 1º momento não suscita dúvidas a ninguém, passaremos de imediato para o dedicado ao trabalho, altura em que recapitularemos e aperfeiçoaremos o ensino adiantado pela escola. Nele desenvolveremos os diferentes automatismos e as acções que eles facultam, havendo o cuidado de não sobrecarregar os animais ou abandoná-los à resistência contra os exercícios, pois saímos para trabalhar e não para cimentar vícios. No 3º momento, que pressupõe o regresso a casa, aliviaremos a pressão, seremos mais tolerantes e daremos maior liberdade aos cães. Poderemos juntar o 2º com o 3º momento e constitui-los num momento só? Podemos, desde que isso não quebre a boa disposição dos animais, atente contra a sua adaptação ou ultrapasse as suas capacidades, pois há que respeitar a idade dos instruendos, o seu grau de ensino, índice atlético e o seu particular racial ou somático. Não devemos é juntar o 1º aos outros momentos, prática comum e que teima em sair de moda, porque é cómoda para os donos e tende a esconder a sua falta de disponibilidade. O desprezo pelo 1º momento retardará a assimilação do trabalho, comprometerá a higiene doméstica e levará os cães a satisfazerem as suas necessidades em classe por força da experiência anterior, actos que servirão de convite para os seus colegas e que obrigarão a desnecessárias interrupções, evidenciando assim um sério despropósito à seriedade laboral. Primeiro passeia-se o cão e só depois se pede licença para entrar na escola. Bem sabemos que o Toninho raramente ultrapassa o 1º momento ao longo das semanas, que o adultera com momentos de trabalho ineficaz e que viola as necessidades e apelos do seu amigo Canzarrão. Meu rapaz, há que mudar, arrepiar caminho que se faz tarde!



Tanto a escolha como a variação dos percursos deverão considerar o momento actual do desenvolvimento do cão e a capacidade que ele tem para levar de vencida as metas propostas. A variação dos percursos serve para uma capacitação específica ou para garantir a certeza das respostas caninas, sobrepondo-as desse modo aos desafios encontrados. Ela deverá pressupor o avanço cognitivo canino e acompanhar o desenvolvimento fornecido pela escola. Só se deverá passar para um segundo percurso depois da inteira satisfação no primeiro, facto desnudado pela certeza das respostas caninas. Todos os cães deverão ter percursos para a sociabilização, para o desenvolvimento da capacidade de marcha, próprios para o trabalho específico e indicados para o robustecimento do seu carácter, porque são subsídios pedagógicos inestimáveis para a melhor coabitação e para uma superior prestação. Um condutor de cães não é um handler de laçarote ou um nova-iorquino a biscate, daqueles que levam à rua os cães das madames, mas alguém que sai de casa com um propósito definido e que regressa depois de o haver alcançado. Todo e qualquer percurso, seja ele diurno ou nocturno, deverá considerar a temperatura e o teor de humidade que o acompanharão, para que não se venha a revelar contraproducente, de nenhuma utilidade e ponha em causa quer a integridade quer a sobrevivência dos cães. Aconselhamos uma légua diária de marcha (5 km), porque isso basta como exercício para os cães, produz alteração, garante a sua boa forma e torna-os aptos para novos desafios. Eventualmente poder-se-ão efectuar percursos com maior distância, mas nunca por sistema, a menos que nos dediquemos a uma modalidade desportiva específica ou queiramos fazer dos nossos cães uns papa-léguas. Os cães também se saturam! A excursão diária poderá e deverá ser subdivida sempre que tal seja possível. Sabemos que o aumento da capacidade de aprendizagem é oferecido pela experiência variada e rica e nunca ocultámos isso a ninguém. Porque razão andará o Canzarrão sempre a chapinhar no mesmo sítio? Será um génio ou transfigurar-se-á num burro preso a uma nora? Há cães e cães, mas alguns não têm sorte nenhuma!

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