Tudo no treino visa o reforço da autoridade do dono, seja qual for a disciplina a ministrar, a especialidade a desenvolver ou a complementaridade a procurar. É para isso que ele serve! Tornar um cão obediente ou apetrechá-lo para determinado serviço ou função, só é expectável pelo exercício pleno da liderança activa. Compreende-se assim a razão que nos leva a considerar a disciplina de obediência como nuclear em qualquer especialidade canina, por menos visível que ela seja ou maior que seja a autonomia a dar aos cães, porque o dono sempre será o emissor das ordens. A meta crucial no adestramento é o alcance da autoridade e o objectivo é não perder o cão. Entendemos que há perca quando a salvaguarda do animal corre sério risco, o seu controle não é viável, acontece o seu desaproveitamento ou se despreza as suas mais-valias. A defesa dos direitos do animal, o avanço da etologia, o contributo da didáctica e a transferência dos mais elementares princípios pedagógicos, mudaram e suavizaram o modo mas não alteraram o propósito – o adestramento continua o mesmo (como o próprio nome indica: uma acção reflexa). Independentemente da disciplina maioritária escolhida ou da estratégica assumida, considerando o particular biológico de cada animal, a sua idade, propensão, destino ou grau de desenvolvimento, o reforço da autoridade é-lhes intrínseco e garante o bom andamento do processo pedagógico. Qualquer exercício escolar, ainda que de modo dissimulado, muitas vezes imperceptível para os líderes e longe da percepção dos cães, deve contribuir para o alcance da liderança. Atendendo aos vínculos afectivos presentes no adestramento entre cães e homens, realçados pela cumplicidade, não é fácil abraçar a autoridade, porque os donos podem não ter qualquer propensão para isso e os cães naturalmente resistem-lhe. Cabe ao adestrador persuadi-los para tal, através dos exercícios propostos no do seu Plano de Aula, que deverão ser de fácil obtenção para os donos e do agrado dos cães, por recompensa directa ou evidente. Todo e qualquer método é inválido sem a estratégia que o sustenta, ainda que o modo seja sobejamente mais visível, porque o agrado sentimental tende a esquecer-se dos bons ofícios do raciocínio. A salvaguarda dos cães deve pressupor o ganho da autoridade pelos donos, investidura oferecida pelo treino e que acontece previamente na cabeça do adestrador, porque apesar de todos quererem o mesmo, muitos deles não chegarão lá sem ajuda. Por isso se diz ser o adestrador um estratega, um estudioso de homens e cães.
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