Não queremos aqui reforçar qualquer aspecto da cooperação Luso-Alemã ou contribuir para o fortalecimento da sua Câmara de Comércio, porque isso caberá a outros e há gente mais interessada. O fascínio que alguns portugueses nutrem pelos alemães, que é histórico e permanece, continua um namoro não correspondido, apesar da árvore germânica aqui ter frutificado após o saque e o incêndio de Roma (Suevos e Visigodos). Die Barriere Französisch, o facto da França se interpor geograficamente entre os ibéricos e alemães para isso contribui, mas o fado de nos termos transformado, após a nossa época dourada (Descobrimentos), numa província inglesa, ainda mais ajudou. Subjugados e acoitados à sombra dos nossos mais antigos aliados, sempre lutámos ao seu lado para garantir a nossa independência. Lisboa não seria conquistada aos Mouros sem a contribuição dos ingleses (daí chamar-se o Castelo de S. Jorge), em Aljubarrota fizeram-se presentes para nos ajudar, combateram connosco na Guerra Peninsular, governaram o País quando o Rei fugiu para o Brasil e como paga, acabámos por lhe “vender” esse território. Lograram-nos na Conferência de Berlim (1884-1885), ameaçaram-nos com o “ultimato” e combatemos ao seu lado na I Guerra Mundial. Os alemães vencidos pagaram-nos o esforço em locomotivas e os ingleses continuaram por cá a imiscuir-se, não tanto como no passado, porque o apogeu norte-americano remeteu a “Velha Albion” para a sua condição insular e obrigou-a ao concerto com a Europa.
O turista alemão que chega a Lisboa não imagina os laços sanguíneos e culturais que o ligam também aos portugueses, porque espera encontrar aqui romanos e procura de imediato uma casa de fados, louco que vem pelo “exotismo” latino. É evidente que Portugal pouco fez e pouco tem feito pela divulgação da sua cultura mundo afora e não cabe exclusivamente ao Pädagogisher Austauschdienst alemão fazê-lo. Não obstante, ao longo da nossa história, muitos terem sido os alemães que contribuíram para o enriquecimento e modernidade da nossa gente, marcando dessa forma a sua passagem e importância. Que nos perdoem os germanistas, porque o seu número é avultado e apenas referenciaremos aqui três a título de exemplo, muito embora na 4ª dinastia régia o sangue germânico superabunde: O Conde de Lippe (reorganizador do Exército Português) e D. Fernando de Saxe e Coburgo-Gota, marido de D. Maria II e depois Fernando II de Portugal, a quem devemos o actual Palácio da Pena em Sintra e por último, D. Carlos I, seu neto e magnífico Rei de Portugal, porque mal-grado nascer português e tudo ter feito pela Pátria, morreu assassinado no Terreiro do Paço em Lisboa, a 1 de Fevereiro de 1908.
Quem usufrui e visita o Jardim do Campo Grande, não imagina qual a relação existente entre esse parque da Capital e o autor da música do Hino Nacional: Alfredo Keil. Este português nascido no ano de 1850 em Lisboa, era também de origem germânica, filho de João Cristiano Keil e de Josefina Stellflug. Para além de emprestar a música para os versos de Henrique Lopes Mendonça e colaborar dessa forma para a divulgação de “A Portuguesa”, Alfredo Keil foi ainda pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte. Morreu em Hamburgo no ano de 1907 e por cá deixou descendência. Do casamento da sua filha Guida Maria Josefina Cinatti Keil com Jaime Raul de Brito Carvalho da Silva, 1º Visconde de Pedralva e 100º Governador de Angola, nasceu o arquitecto Francisco Keil do Amaral, a quem coube reconstruir, em 1945, o jardim devastado pelo ciclone de 1941 que se abateu impiedosamente sobre todo o território nacional, em particular sobre Sesimbra. O Jardim do Campo Grande, tal como o conhecemos, com 1.200 metros de comprimento e 200 de largo, é obra dum neto do compositor emérito que possibilitou o canto desta “Nação imortal”.
O local do actual Jardim do Campo Grande, situado no planalto norte de Lisboa, hoje incompreensivelmente degradado (1), foi até ao Sec. XVI um passeio público, sendo conhecido ao tempo como Campo de Alvalade. Remonta ao Sec. XIX o início da sua plantação, tal se deve a um projecto do Conde Linhares a mando do Príncipe Regente D. João, tendo-se ali realizado as primeiras corridas de cavalos (1816). Nas suas imediações ainda subsiste um hipódromo para concursos hípicos. À primeira vista não deixa de parecer estranho, tratar deste assunto num blog cinotécnico, apesar dali perto ter havido um canil municipal. Foram três as razões que nos levaram a abraçar este tema: porque o usamos e gostamos de saber o que pisamos, porque temos crianças e apostamos na sua formação e porque a História de Portugal deve ser relembrada e há muita gente que se esquece disso, manifestando assim o maior desrespeito e à mais profunda ingratidão.
(1) O piso do ringue da patinagem está degradado e as suas instalações encerradas, muitos dos bancos de jardim encontram-se partidos e a necessitar de pintura, o mesmo sucedendo com as mesas (remendadas a contraplacado). O café fronteiriço ao lago necessita de obras e muito do património arquitectónico encontra-se mutilado. O problema não é de hoje, o policiamento dos homens do Regimento de Cavalaria da GNR é suficiente, o que é deveras insuficiente é o cuidado camarário, a quem cabe, em primeira instância, a conservação deste maravilhoso jardim público de origem romântica, enquanto legado histórico e espaço popular. Quando teremos eleições?
O turista alemão que chega a Lisboa não imagina os laços sanguíneos e culturais que o ligam também aos portugueses, porque espera encontrar aqui romanos e procura de imediato uma casa de fados, louco que vem pelo “exotismo” latino. É evidente que Portugal pouco fez e pouco tem feito pela divulgação da sua cultura mundo afora e não cabe exclusivamente ao Pädagogisher Austauschdienst alemão fazê-lo. Não obstante, ao longo da nossa história, muitos terem sido os alemães que contribuíram para o enriquecimento e modernidade da nossa gente, marcando dessa forma a sua passagem e importância. Que nos perdoem os germanistas, porque o seu número é avultado e apenas referenciaremos aqui três a título de exemplo, muito embora na 4ª dinastia régia o sangue germânico superabunde: O Conde de Lippe (reorganizador do Exército Português) e D. Fernando de Saxe e Coburgo-Gota, marido de D. Maria II e depois Fernando II de Portugal, a quem devemos o actual Palácio da Pena em Sintra e por último, D. Carlos I, seu neto e magnífico Rei de Portugal, porque mal-grado nascer português e tudo ter feito pela Pátria, morreu assassinado no Terreiro do Paço em Lisboa, a 1 de Fevereiro de 1908.
Quem usufrui e visita o Jardim do Campo Grande, não imagina qual a relação existente entre esse parque da Capital e o autor da música do Hino Nacional: Alfredo Keil. Este português nascido no ano de 1850 em Lisboa, era também de origem germânica, filho de João Cristiano Keil e de Josefina Stellflug. Para além de emprestar a música para os versos de Henrique Lopes Mendonça e colaborar dessa forma para a divulgação de “A Portuguesa”, Alfredo Keil foi ainda pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte. Morreu em Hamburgo no ano de 1907 e por cá deixou descendência. Do casamento da sua filha Guida Maria Josefina Cinatti Keil com Jaime Raul de Brito Carvalho da Silva, 1º Visconde de Pedralva e 100º Governador de Angola, nasceu o arquitecto Francisco Keil do Amaral, a quem coube reconstruir, em 1945, o jardim devastado pelo ciclone de 1941 que se abateu impiedosamente sobre todo o território nacional, em particular sobre Sesimbra. O Jardim do Campo Grande, tal como o conhecemos, com 1.200 metros de comprimento e 200 de largo, é obra dum neto do compositor emérito que possibilitou o canto desta “Nação imortal”.
O local do actual Jardim do Campo Grande, situado no planalto norte de Lisboa, hoje incompreensivelmente degradado (1), foi até ao Sec. XVI um passeio público, sendo conhecido ao tempo como Campo de Alvalade. Remonta ao Sec. XIX o início da sua plantação, tal se deve a um projecto do Conde Linhares a mando do Príncipe Regente D. João, tendo-se ali realizado as primeiras corridas de cavalos (1816). Nas suas imediações ainda subsiste um hipódromo para concursos hípicos. À primeira vista não deixa de parecer estranho, tratar deste assunto num blog cinotécnico, apesar dali perto ter havido um canil municipal. Foram três as razões que nos levaram a abraçar este tema: porque o usamos e gostamos de saber o que pisamos, porque temos crianças e apostamos na sua formação e porque a História de Portugal deve ser relembrada e há muita gente que se esquece disso, manifestando assim o maior desrespeito e à mais profunda ingratidão.
(1) O piso do ringue da patinagem está degradado e as suas instalações encerradas, muitos dos bancos de jardim encontram-se partidos e a necessitar de pintura, o mesmo sucedendo com as mesas (remendadas a contraplacado). O café fronteiriço ao lago necessita de obras e muito do património arquitectónico encontra-se mutilado. O problema não é de hoje, o policiamento dos homens do Regimento de Cavalaria da GNR é suficiente, o que é deveras insuficiente é o cuidado camarário, a quem cabe, em primeira instância, a conservação deste maravilhoso jardim público de origem romântica, enquanto legado histórico e espaço popular. Quando teremos eleições?
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