Dando cumprimento à já
longa tradição de “matar a torto e a direito” pessoas e animais, a começar
pelos índios e bisontes (seguindo-se-lhes os negros, os hispânicos e
possivelmente os judeus), as autoridades norte-americanas deram ontem luz
verde, apesar dos protestos e críticas que se fizeram ouvir, para o uso de
bombas de cianeto antipredador, armadilhas designadas por “M-44”, que
comprimidas no solo, projectam uma nuvem letal de cianeto de sódio quando um
animal morde a sua extremidade, que se encontra equipada com um engodo. Estas
bombas destinam-se a matar raposas, coiotes e outros cães selvagens.
No ano transacto, depois
da apresentação de uma queixa, a ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, EPA (Agência
Federal de Protecção Ambiental) suspendeu o seu uso, porque uma destas
armadilhas feriu uma criança e matou o seu cão no Estado de Idaho. Depois de várias
hesitações, as autoridades norte-americanas legalizaram o uso da M-44, ainda
que acompanhado por condições mais rigorosas, obrigando à presença de sinais de
alerta e a distâncias de amortecimento perto de habitações e vias públicas. Não
obstante, estas restrições não convenceram as associações de protecção
ambiental.
Collette Adkins (na foto
seguinte), Directora de Conservação de Carnívoros e advogada sénior do Centro
de Diversidade Biológica da Universidade do Minnesota, disse num comunicado: “Esta
decisão assustadora deixa armadilhas de cianeto escondidas na natureza que
colocam em risco pessoas, animais de estimação e espécies ameaçadas.”
Kelly Nokes, advogada do Western
Environmental Law Center foi mais longe ao afirmar: “A Agência de Protecção
Ambiental (EPA) está a trair seu dever fundamental de proteger os animais públicos,
domésticos e selvagens do impacto cruel e mortal das bombas de cianeto (mais de
6.500 animais foram mortos no ano passado)”.
Por seu lado, Benny Cox (na
foto abaixo), Presidente da American Sheep Industry Association, lembrou que os
predadores causavam mais de 232 milhões de dólares (209 milhões de euros) em
perdas todos os anos para os ovinicultores. Segundo os números do governo, as
M-44 mataram 6.579 animais em 2018, duzentos dos quais indevidamente, como
doninhas, guaxinins e ursos.
Parece que o “american way
of life” entra invariavelmente em choque com as políticas que visam combater as
alterações climáticas, preservar os diferentes ecossistemas e manter a
biodiversidade no nosso planeta. Valerá o dinheiro mais do que a vida? Qual
será o valor da riqueza diante da morte?
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