sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

USA: MATAR A TORTO E A DIREITO

Dando cumprimento à já longa tradição de “matar a torto e a direito” pessoas e animais, a começar pelos índios e bisontes (seguindo-se-lhes os negros, os hispânicos e possivelmente os judeus), as autoridades norte-americanas deram ontem luz verde, apesar dos protestos e críticas que se fizeram ouvir, para o uso de bombas de cianeto antipredador, armadilhas designadas por “M-44”, que comprimidas no solo, projectam uma nuvem letal de cianeto de sódio quando um animal morde a sua extremidade, que se encontra equipada com um engodo. Estas bombas destinam-se a matar raposas, coiotes e outros cães selvagens.
No ano transacto, depois da apresentação de uma queixa, a ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, EPA (Agência Federal de Protecção Ambiental) suspendeu o seu uso, porque uma destas armadilhas feriu uma criança e matou o seu cão no Estado de Idaho. Depois de várias hesitações, as autoridades norte-americanas legalizaram o uso da M-44, ainda que acompanhado por condições mais rigorosas, obrigando à presença de sinais de alerta e a distâncias de amortecimento perto de habitações e vias públicas. Não obstante, estas restrições não convenceram as associações de protecção ambiental.
Collette Adkins (na foto seguinte), Directora de Conservação de Carnívoros e advogada sénior do Centro de Diversidade Biológica da Universidade do Minnesota, disse num comunicado: “Esta decisão assustadora deixa armadilhas de cianeto escondidas na natureza que colocam em risco pessoas, animais de estimação e espécies ameaçadas.”
Kelly Nokes, advogada do Western Environmental Law Center foi mais longe ao afirmar: “A Agência de Protecção Ambiental (EPA) está a trair seu dever fundamental de proteger os animais públicos, domésticos e selvagens do impacto cruel e mortal das bombas de cianeto (mais de 6.500 animais foram mortos no ano passado)”.
Por seu lado, Benny Cox (na foto abaixo), Presidente da American Sheep Industry Association, lembrou que os predadores causavam mais de 232 milhões de dólares (209 milhões de euros) em perdas todos os anos para os ovinicultores. Segundo os números do governo, as M-44 mataram 6.579 animais em 2018, duzentos dos quais indevidamente, como doninhas, guaxinins e ursos.
Parece que o “american way of life” entra invariavelmente em choque com as políticas que visam combater as alterações climáticas, preservar os diferentes ecossistemas e manter a biodiversidade no nosso planeta. Valerá o dinheiro mais do que a vida? Qual será o valor da riqueza diante da morte?

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