terça-feira, 10 de dezembro de 2019

PASSAR REVISTA DEPOIS DA SAÍDA DELAS

Permitam-me contestar a visão idílica da sacra harmonia entre cães crianças, hoje considerados por muitas famílias como irmãos, apesar desta “irmandade”, por força dos instintos ou da irresponsabilidade, ser por vezes de pouca duração e acabar da pior maneira possível. Mas vamos primeiro ao relato verídico e só depois às lições que ele encerra. Kris e Cori Clark, moradores em Los Angeles, choram agora a morte de Isa, uma cadela com seis anos de idade que fazia parte da família.
Tudo aconteceu neste último fim-de-semana, quando a cadela descobriu numa xícara esquecida uma embalagem meio vazia e mascada de chicletes “Ice Breakers”, proeza que cometeu sem os seus donos se terem apercebido imediatamente. Quando o casal deu por isso, rumou o mais depressa que pôde para um hospital veterinário, infelizmente tarde demais, porque o animal comeu metade de uma chiclete, o seu fígado deixou de funcionar e acabou por morrer graças ao Xilitol presente no “Ice Breakers”, um aditivo alimentar e adoçante natural frequentemente usado como substituto do açúcar em muitas gomas, de quem já falámos sucintamente no texto “NÃO LAVE OS DENTES DO SEU CÃO COM DENTÍFRICOS PARA HUMANOS”, datado de 15/11/2018 e que é altamente tóxico para os cães.
Analisando o ocorrido sem querer incriminar ninguém, chega-se à conclusão que donos descuidados ou desarrumados são um perigo para os cães, sendo-o ainda mais para as crianças, uma vez que algumas delas acabam mortas pelos animais, mais por incúria dos pais do que por outra razão, e o seu número não pára de aumentar. Mas se há cães capazes de assassinar crianças, também há crianças que involuntariamente acabam por matar cães, ao dar-lhes ou deixar ao seu dispor guloseimas várias, inofensivas para elas, mas altamente tóxicas para os animais, perigo que sempre ronda quem tem cães e recebe visitas em casa com crianças.
Neste caso, o procedimento correcto é passar a casa e o jardim a “pente fino” - em revista, depois da saída das visitas, não vá o cão comer algo que por lá deixaram indevidamente, por descuido ou mau hábito, capaz de fazer perigar a sua saúde ou de acostumá-lo a devorar fatalmente toda a sorte de engodos. Faça sempre isto, mesmo que prévia e atempadamente tenha avisado as suas visitas para não o fazer, porque os vícios, sejam eles bons ou maus, ultrapassam muitas vezes os avisos sem os seus portadores darem conta. Longevo será o cão cujo dono abraça este procedimento.

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