Uma notícia relativa a
animais está a dominar os meios de comunicação social portugueses impressos e
online: o caso ocorrido recentemente no Montijo que envolve um homem de 38 anos
de idade detido pela PSP, que ao não aceitar o fim da relação com a sua
ex-namorada, terá alegadamente decidido vingar-se no Pastor Alemão dela,
matando-o, esfolando-o, esquartejando-o e deixando os restos do animal
temperados no frigorífico. O detido é também suspeito de violência doméstica
noutros processos.
Não vamos aqui classificar
a presumível acção do detido, que ao ser verdade, não há quem não possa
condená-la veementemente, devido à sua brutalidade e despropósito, mas realçar
um princípio pedagógico que sempre estendemos aos nossos alunos com cães de
segurança pessoal, pouco experientes e em idade namoradeira: “NAMORADO NÃO É FAMÍLIA”.
Quando subsiste a necessidade de um cão protecção civil (de alarme, defesa
pessoal ou de guarda), a transmissão dos seus comandos operativos deve ser o
mais restrita possível, para que bem poucos consigam neutralizar as acções do
animal e com isso, gradualmente, torná-lo imprestável.
Convém transmitir os
códigos operacionais de um cão de protecção civil? Se sim, a quem deveremos fazê-lo?
Nem todos os comandos resultantes do condicionamento são comandos específicos
de guarda ou relativos à segurança do animal, do seu dono e à guarda dos seus
pertences, pelo que pode não ser necessário transmiti-los a outrem que
naturalmente os dispensará. Mas se hipoteticamente houver necessidade disso,
eles são deverão ser transmitidos a familiares que, mercê do seu amor por nós,
sempre permanecerão ao nosso lado e que jamais nos trairão.
Lamentavelmente, face à
salvaguarda dos animais e à protecção dos seus donos, não podemos incluir neste
grupo eventuais namoradas ou namorados que tendem a desaparecer mais depressa
do que aparecem, companheiras ou companheiros instáveis, violentos ou de vida
dupla que não inspiram confiança e abominam compromissos. Por razões óbvias,
salvo raras e honrosas excepções, o controlo dos cães não deverá ser dado a
empregados.
Estamos em crer, no diz
respeito ao caso ocorrido agora no Montijo, que o cão abatido, por força de
coabitação anterior, submeteu-se hierarquicamente ao malvado que pretensamente
o abateu, aceitando-o como líder e dono, e que não foi objecto de treino
específico ou se o foi, terá sido forçado a aceitar aquele homem. Por outro
lado, podemos estar na presença de um cão jovem, de um adulto manso ou esterilizado,
o que facilitaria os intentos do seu assassino por ser de natureza dominante e
violenta. Ter um cão de defesa pessoal, um Bodyguard, poderá evitar muitos episódios
de violência doméstica, desde que impeçamos que se submeta a outros, o que
raramente é possível, já que as pessoas dão-se inteiramente e só depois, muitas
vezes tarde demais, é que vão ver se aquele parceiro ou parceira é o que lhe
convém, leviandade que pode ter graves consequências. Por esta razão e por
todas as que apontámos namorado não é família, e se assim procedermos, teremos
o cão do nosso lado e poderemos evitar que vá parar ao frigorífico.
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