Vamos supor que a frase “Elementar,
meu caro Watson” tenha aparecido nalgum livro de Sherlock Holmes, porque na
verdade ela nunca apareceu em nenhum dos 56 contos ou 4 livros escritos por Sir
Arthur Conan Doyle. A frase apareceu pela primeira vez em 1929 no filme “O
Retorno de Sherlock Holmes”, mas acabou por popularizar-se graças à escritora
Edith Meiser, que escreveu a série “The New Adventures of Sherlock Holmes”,
transmitida no Reino Unido pela rádio BBC entre 1939 e 1947.
Mesmo assim, vamos supor
que Holmes sempre disse a frase, porque desta vez o Dr. Watson devolve-a, não
como uma personagem fictícia, mas na figura de um cão homónimo que é o primeiro
companheiro de quatro patas a ajudar testemunhas no Tribunal Distrital de
Stuttgart e em todo o Estado alemão de Baden-Württemberg.
Trata-se de um Golden
Retriever, de seu nome Watson, com 3 anos de idade, que ajuda as testemunhas
nas audiências em Baden-Württemberg, principalmente vítimas traumatizadas,
quando necessitam de confiança e estabilidade, conforme adiantou o Ministro da
Justiça, Guido Wolf (CDU), quando apresentou o Projecto PräventSozial em
Stuttgart. A adestradora deste cão de terapia, Sabine Kubinski, fez questão de
contar o primeiro trabalho que teve no tribunal: “ Tratava-se de uma testemunha
deficiente mental que o Watson conseguiu relaxar. Durante o interrogatório em
Outubro, o cão permaneceu sempre ao lado desta testemunha e quando ela ficava
nervosa, recuperava a estabilidade ao acariciá-lo.” Kubinski disse ainda que “se
as vítimas estiverem mais calmas no tribunal, isso poderá melhorar as suas
declarações.”
O Ministro atrás citado
está convencido que Watson prestará relevantes serviços nos tribunais de Baden-Württemberg
e que uma vez aprovado como judiciário, abrirá o caminho para outros cães com o
mesmo propósito. De Stuttgart a Lisboa são 2.225 km de carro, distância que
alguns dos nossos emigrantes já percorreram e que no Brasil não é nada por aí
além. Assim, estou em crer que brevemente também teremos cães destes nos nossos
tribunais, porque tudo o que é válido na Alemanha não merece aqui qualquer tipo
de contestação.
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