segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

TREINO MUSCULADO PARA DONOS E CÃES

Antes de descrevermos o trabalho de Sábado passado e considerando que tínhamos infantes entre nós, não querendo que apenas se remetessem ao mundo virtual, desenvolvemos com eles alguns exercícios de ginástica e equilíbrio. Na foto que se segue vemo-los a saltar uma vala de água. Os meninos têm apenas 8 anos de idade, um é franzino e valente, o outro é o seu oposto, grandalhão e medricas. Como entre nós ninguém fica para trás, ambos venceram todos os desafios colocados à sua frente.
A determinada altura da aula, com um propósito aeróbico, constituímos um extensor de solo humano para os cães saltarem, considerando a dureza dos exercícios a desenvolver. Antes que os animais o saltassem, os meninos foram convidados a fazê-lo. Na foto abaixo vemos o Pedro a ultrapassá-lo.
Sobre o parapeito de uma pequena ponte colocámos o Tiago, auxiliando-o até que conseguisse ultrapassar, em segurança, aquela passagem estreita que exigia alguma presença física e equilíbrio.
O binómio Paulo/Bohr continua a apadrinhar e bem, o constituído pelo Nuno e o Boris. O Boerboel está a melhorar satisfatoriamente do ponto de vista social. Neste momento, porque ainda tem agrafes numa mão, está dispensado da ginástica e apenas anda para diante. Quando à sua codificação, já assimilou os comandos de “de pé”, “em frente”, “junto”, “roda”, “alto” e “senta”.
O aquecimento da classe aconteceu sobre bancos de jardim, não sendo permitido aos cães apoiar os pés nos assentos. Apesar de já se encontrar no limiar da 3ª idade, o Ben, o patriarca dos Filas, continua a evidenciar uma saúde articular invejável. Na foto seguinte vemo-lo a ser conduzido pelo José António.
Terminado o aquecimento, os cães foram convidados a deitar-se sobre o banco que lhes serviu de obstáculo. Vemos em primeiro plano o CPA Bohr, depois a Fila Nasha, a seguir o Ben e finalmente a Lexa.
Tal qual libélulas fora de estação e aproveitando-se da época do ano que atravessamos, a vender rifas, saquinhos de cheiro e calendários, grupos de escuteiros invadem as cidades. Aproveitando a presença de um casal deles, a quem comprámos 3 saquinhos de cheiro como permuta, convidámo-los para balizar um salto a efectuar pelo Bohr.
Estes saltos frontais sobre desconhecidos, para além doutras implicações ou vantagens, visam levar de vencida o temor dos cães, o robustecimento do seu carácter e a disponibilidade absoluta para o cumprimento das ordens.
Depois de nos despedirmos dos escuteiros e de endereçar-lhes votos sinceros de festas felizes, levámos a cabo vários exercícios para fundamentar a sociabilização canina que não dispensamos, convidando o Bohr a saltar sobre os binómios José António/Ben e Afonso/Nasha. Pela que a foto abaixo indicia, ainda temos muito trabalho pela frente, porque o Ben está a tirar as medidas ao Bohr e a Nasha ao Adestrador
Como o CPA Bohr encontra-se num nível superior de ensino em relação aos demais, foi iniciado nos “saltos de fisga”, transposições que visam escorraçar intrusos empoleirados e persegui-los sem hesitação e desvios. Como é visível na foto que se segue, esta iniciação aconteceu à trela.

Depois de se mostrar cómodo nesta difícil transposição, o CPA foi convidado a executá-la em liberdade. Na foto que se segue vemo-lo no 1º momento - na entrada.
O 2º momento do salto encontra-se bem registado na foto abaixo, onde podemos ver o Pastor Alemão perfeitamente equilibrado e apostado em ir avante.
Finalmente podemos ver o 3º momento do salto - a saída, onde o Bohr, um tecnicista de nomeada, parte decidido e bem equilibrado para o solo.
Eu não sei se ser “homem-estátua” é uma boa profissão, mas como part-time deve ser rentável, porque não falta por aí quem abrace a ocupação. Junto a um deles, que se suspeita ser estrangeiro, provavelmente oriundo do hemisfério sul, colocámos a Nasha para a fotografia. Devido à imobilidade do homem, a cadela “não tugiu nem mugiu” e o “artista” pôde continuar com a sua representação. Se porventura tivéssemos levado para ali um cão, a “estátua” poderia ter acabado indevidamente com as calças e os sapatos molhados.
Exceptuando aquilo que a genética não deu aos cães, um cão será tanto ou mais valente quanto valente for o seu dono (infelizmente o contrário também acontece com frequência). A transferência mais célere de valentia do dono para o cão acontece pelo exemplo e pela divisão de tarefas, que uma vez aceites pelo animal geram a sua cumplicidade. Obedecendo a estes princípios, os donos saltaram com os cães.
Na foto que se segue, diga-se de rara beleza biomecânica, é possível ver-se o José Maria a saltar com a CPA Mel a vala de água requerida. Pelo salto tangente do dono, pela posição da sua mão esquerda e pelo particular dos posteriores do animal, percebe-se perfeitamente que o salto ficou a dever-se mais ao empenho do dono que à disponibilidade da cadela.
Rebocar um cão e saltar com ele um obstáculo na frente não é uma tarefa fácil, porque o condutor vê-se obrigado a “carregar o cão às costas”, sofrendo assim uma forte oposição ao alongamento que pretende realizar. Mas como a história, dizem, é escrita pelos vencedores, o José António não hesitou em rebocar o teimoso do Ben inicialmente.
Se por alguns momentos o José António e o José Maria viram-se obrigados a rebocar os seus cães, com a Jessy aconteceu precisamente o contrário, porque a Nasha sempre a levou a reboque, obrigando-a a um desempenho físico a que não está acostumada, mas que lhe assenta muito bem na idade.
Se por vezes o desempenho dos alguns donos transforma o treino dos cães num purgatório, outros há que parecem vindos doutra galáxia. No segundo grupo podemos colocar o binómio Afonso/Nasha, cuja cumplicidade e acerto são por demais evidentes.
Da vala de água passámos para o caminhar sobre um muro de 35cm de largo, elevado a 80cm de um lado e a 350cm do outro, com o objectivo de ensinarmos e recapitularmos o comando de “roda” (inversão de marcha) sobre superfícies estreitas.
“Roda” que vemos seguidamente executado pelo binómio José Maria/Mel, com o muro elevado no seu ponto baixo a 160cm. Todos os binómios presentes conseguiram alcançar as metas propostas sem grande dificuldade.
Os muros que aproveitámos para a instrução da classe fazem parte de uma estrutura maior que visa a retenção de águas pluviais, funcionando como barreira protectora contra futuras inundações.
Quando se tem cães capazes de saltar “este mundo e outro” é preciso um cuidado redobrado, porque o abandono dos instintos por parte dos cães pode colocá-los seriamente em risco. Disto conscientes, insistimos veementemente no vencer das curvas de forma apropriada.
Dizem por aí jocosamente, não sei se com verdade ou não, que a tanto nunca cheguei, que um homem idoso entregue a uma mulher nova nunca se faz velho. Enviá-lo-á mais depressa para a eternidade? Não sei! Certo é que um bom cão sempre brilha nas mãos de um velho mestre, particularmente quando este tirou de cima de si 22kg. Partir com a Nasha, seja lá para o que for, é um flash intemporal.
Perante a inexorabilidade que caracteriza o tempo, há que dar o seu a seu dono e preparar os novos para ir mais além, missão que abracei quando reparei no Afonso e apostei em fazer dele um campeão. Apesar da qualidade do moço, algo me diz que nunca virá a ser um adestrador, o que a mim já não me espanta.
Uma maneira divertida para levar de vencida o medo pelos cães é convidar os cinófobos para se constituírem em obstáculo para os animais saltarem, pondo a seu lado pessoas confiantes e de confiança, capazes de transmitir-lhes a paz de espírito que por si mesmos não alcançam. Não é por acaso que a Jessy ficou no meio. Por outro lado, há que pensar na robustez dos miúdos.
Terminámos a aula a transpor escoras de betão de um aqueduto abandonado, inclinadas a 45 graus e elevadas a 350cm, exactamente com a mesma largura dos muros onde anteriormente havíamos exercitado os cães. Na foto vemos parte do trabalho do José Maria com a CPA Mel, vendo-se ao fundo o Tomás coma Lexa.
No final da aula, o Adestrador ordenou ao CPA Bohr que subisse, rodasse e descesse em liberdade uma das escoras convertidas em escada. Trabalho que o Pastor Alemão aceitou prontamente e de bom grado.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha; José António/Ben; José Maria/Mel; Nuno/Boris; Paulo/Bohr; Svetlana/Cozi e Tomás/Lexa. Os fotógrafos-de-dia foram o José António e o Paulo. Foram nossos colaboradores a Jessy, o Pedro e o Tiago. Para a semana cá estaremos com novos conteúdos de ensino e trabalhos. Boa semana de trabalho. 

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