sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O CÃO LADROU E ENCONTRARAM-NA MORTA

Quando era criança, na aldeia onde nasci, ninguém gostava de ouvir os cães a ladrar, nomeadamente quando o dia escurecia, o vento fazia assobiar os pinheiros, o frio cortava e a chuva escorria livremente pelas telhas. Em anoiteceres destes, com os cães a ladrar, sempre se dizia que alguém tinha morrido e que breve os sinos da ermida iriam confirmá-lo – sim, os cães eram sinal de mau agoiro! E se algum ousasse ladrar perto de uma porta, logo o seu morador lhe atirava uma pedra, para que não chama-se para ali a morte e a levasse para bem longe. Superstições de Inverno que não poupavam os cães, apesar dos responsáveis pelas mortes serem o frio, a miséria, a fraqueza e a fome. Eu creio que os cães podem pressentir a morte dos donos e sei também que o ladrar é um aviso, como aconteceu na cidade alemã de Bielefeld, no Estado da Renânia do Norte-Vestfália.
Alguns moradores da cidade ligaram para a polícia local, no passado dia 23 de Dezembro, a queixarem-se de um cão que não parava de ladrar num prédio pela manhã. Os agentes que acorreram à chamada, quando chegados ao local, por suspeitarem de uma emergência, entraram “porta a dentro” no apartamento onde o cão se fazia ouvir, deparando-se como corpo de uma mulher, que veio a saber-se ter 34 anos e cuja autópsia revelou ter sido estrangulada. Na sequência das investigações, segundo fez saber a polícia hoje, um vizinho de 59 anos foi preso no Dia de Natal e levado a juízo no dia seguinte por suspeita de assassinato. 
Segundo testemunhas, tinha havido uma disputa entre a vítima e o suspeito na noite anterior ao achado do corpo, suspeito que não se quer pronunciar sobre as acusações que lhe são feitas. Ainda bem que o cão ladrou, porque doutro modo o suspeito podia ter fugido ou ter dado sumiço ao corpo da vítima, dificultando assim o trabalho da polícia e o apuramento da verdade. Eu tenho um cão de guarda no quintal e conheço os seus distintos ladrares, sei o que me quer dizer e o que está a acontecer, por isso nunca o mando calar porque sei que zela por mim. E, mau agoiro… só se não lhe der ouvidos!

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