Como os cães se prestam a
quase tudo o que os homens querem, ao fazerem-lhes as vontades, acabam por ruir
com eles no mesmo descalabro ou miséria, pagando muitas vezes com a vida os
desejos mais ocultos dos seus donos. Entre tantas coisas, os cães podem oferecer
poder, fama e dinheiro, abonos que muitos procuram sem olhar a meios e muito
menos ao bem-estar dos animais que detêm.
Acusam-se os galgueiros de
drogarem os seus animais para que estes corram mais, prática hedionda que os
falsos atletas humanos persistem em não deixar. Terão os galgueiros a
exclusividade de tal prática? É evidente que não, uma vez que nem todos
acreditamos no Pai Natal.
Também nos cães destinados
a outros desempenhos acontece o mesmo e não só para que corram mais, mas também
para ficarem mais vigilantes, agressivos e combativos, literalmente
transtornados e de certo modo insensíveis. Muitos dos produtos naturais ou sintéticos
administrados aos cães são oriundos e foram previamente testados nos cães de
combate, muito embora alguns produtos destinados ao “ferro” de alguns saltem
dos ginásios para a cinotecnia. Fome, pancada e prisão à corrente costumam compor o "cenário".
Esta prática a todos os
títulos condenável e que resulta da fragilidade/maldade humana, pode levar um
ébrio a dar cerveja ao seu cão ou um toxicodependente a administrar droga ao
seu fiel amigo, o que acontece com alguma frequência por todo o lado, entre os
drogados de índole menos violenta. Também aos cães de guerra no passado, para
que se tornassem mais atentos e bravos, foram administradas substâncias
tóxicas, muitas vezes responsáveis por dolorosas convulsões.
Actualmente, os produtos
naturais ou sintéticos condenavelmente usados para intoxicar os cães, visando a
melhoria do seu rendimento, são administrados ou aplicados por fricção tópica,
inalação, ingestão e através de injecções. As substâncias são mais do que
muitas e raramente são detectadas, o que obviamente se lamenta. Nas distintas
provas caninas (em todas elas), à imitação do que sucede nas humanas, deveria
haver um controlo anti-doping, considerando o bem-estar e a vida dos animais sujeitos
a tais agruras.
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