Segundo um recente estudo
da Universidade Britânica de Sussex, publicado na revista Royal Society, no
passado dia 27, os cães são mais sensíveis à fonética humana do que
anteriormente se pensava. Como se desconhecia até agora como percebiam os cães
a fala humana e a sua fonética, uma equipa da Universidade atrás citada levou a
cabo uma experiência com 70 cães domésticos de diferentes raças,
proferindo-lhes várias sílabas sem sentido para eles, ditas por pessoas
desconhecidas: 13 homens e 14 mulheres.
Observando a reacção dos
cães a diferentes estímulos sonoros, pelo chamado método de “habituação-desabituação”,
os pesquisadores descobriram que os cães foram capazes de reconhecer as
palavras ditas (“ocultaram”; “tinham” e “quem”) por diferentes oradores. O que
equivale a dizer que os cães conseguiram “generalizar os fonemas
independentemente das pessoas que os pronunciaram" - explica David Reby,
professor de Etologia da Universidade de Lyon Saint-Etienne e co-autor do
estudo.
“Até agora pensava-se que
a capacidade de categorizar palavras, sem treino prévio, estava reservada para
os humanos. Neste estudo sugerimos que não é esse o caso”, acrescenta Holly
Root-Gutteridge, da Universidade de Sussex, também co-autora do estudo (na foto
seguinte). "Esse tipo de reconhecimento do fonema é um pré-requisito da
linguagem, porque para falar, você deverá ser capaz de identificar a mesma
palavra através de diferentes falantes", disse a pesquisadora.
Este estudo sugere também
que os cães conseguem, através de algumas palavras sem sentido para eles, detectar
pessoas que desconhecem, sendo “capazes de formar rapidamente uma representação
da voz”, outro pré-requisito para entender a fala, disse David Reby. Ainda que
outros animais como chinchilas e ratos tenham evidenciado habilidades do mesmo
tipo, mas com treino prévio, esta “foi a primeira vez que fizemos isto
espontaneamente”, referiu entusiasmada Holly Root-Gutteridge.
Diante deste
pronunciamento científico, que não é absoluto, facilmente se compreende quão
fútil é andar a ensinar cães em língua estrangeira para que não sejam manietados
por terceiros ou venham a obedecer a estranhos, pois não basta conhecer os
códigos, já que os cães sabem diferenciar os diferentes emitentes,
ensurdecendo-se ou revoltando-se contra quem indevidamente os quiser ludibriar
ou subjugar. E, particularmente diante dos mais frágeis, ainda podemos contar
com o treino da “contra-ordem” para que não se venham a render facilmente.
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