quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

NADA QUE NÃO HOUVÉSSEMOS JÁ SUSPEITADO

Segundo um recente estudo da Universidade Britânica de Sussex, publicado na revista Royal Society, no passado dia 27, os cães são mais sensíveis à fonética humana do que anteriormente se pensava. Como se desconhecia até agora como percebiam os cães a fala humana e a sua fonética, uma equipa da Universidade atrás citada levou a cabo uma experiência com 70 cães domésticos de diferentes raças, proferindo-lhes várias sílabas sem sentido para eles, ditas por pessoas desconhecidas: 13 homens e 14 mulheres.
Observando a reacção dos cães a diferentes estímulos sonoros, pelo chamado método de “habituação-desabituação”, os pesquisadores descobriram que os cães foram capazes de reconhecer as palavras ditas (“ocultaram”; “tinham” e “quem”) por diferentes oradores. O que equivale a dizer que os cães conseguiram “generalizar os fonemas independentemente das pessoas que os pronunciaram" - explica David Reby, professor de Etologia da Universidade de Lyon Saint-Etienne e co-autor do estudo.
“Até agora pensava-se que a capacidade de categorizar palavras, sem treino prévio, estava reservada para os humanos. Neste estudo sugerimos que não é esse o caso”, acrescenta Holly Root-Gutteridge, da Universidade de Sussex, também co-autora do estudo (na foto seguinte). "Esse tipo de reconhecimento do fonema é um pré-requisito da linguagem, porque para falar, você deverá ser capaz de identificar a mesma palavra através de diferentes falantes", disse a pesquisadora.
Este estudo sugere também que os cães conseguem, através de algumas palavras sem sentido para eles, detectar pessoas que desconhecem, sendo “capazes de formar rapidamente uma representação da voz”, outro pré-requisito para entender a fala, disse David Reby. Ainda que outros animais como chinchilas e ratos tenham evidenciado habilidades do mesmo tipo, mas com treino prévio, esta “foi a primeira vez que fizemos isto espontaneamente”, referiu entusiasmada Holly Root-Gutteridge.
Diante deste pronunciamento científico, que não é absoluto, facilmente se compreende quão fútil é andar a ensinar cães em língua estrangeira para que não sejam manietados por terceiros ou venham a obedecer a estranhos, pois não basta conhecer os códigos, já que os cães sabem diferenciar os diferentes emitentes, ensurdecendo-se ou revoltando-se contra quem indevidamente os quiser ludibriar ou subjugar. E, particularmente diante dos mais frágeis, ainda podemos contar com o treino da “contra-ordem” para que não se venham a render facilmente.

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