Como se já não bastassem
os disparates perpetrados pelos cães de certa gente na sua própria casa, ainda
temos que suportá-los na via pública, soltos e em contravenção com a lei, a
encardir as calçadas com o resto dos seus dejectos, a urinar às nossas portas e
a empestar as nossas paredes com os seus desarranjos intestinais. Cães assim,
que nem os donos respeitam, como poderão respeitar quem desconhecem quando
soltos na rua? As suas primeiras vítimas, para além das crianças, são aquelas pessoas
que têm lugar reservado nos transportes públicos: as grávidas, os idosos e os
deficientes, gente com dificuldades acrescidas de locomoção, que por causa
disso despertam a atenção dos cães e acabam vítimas da sua estranheza. Andar na
rua a certas horas é como uma guerra e diz-se que quem lá vai, dá e leva, o que
não deixa de ser uma grande verdade e obriga cada um a desenrascar-se como pode.
Um casal de septuagenários
residente em Courtenay, cidade a 4 km de Comox, na Ilha de Vancouver/Columbia
Britânica/Canadá, temendo ser jogado ao chão por cães soltos, mal algum deles
se aproxima, borrifa-o imediatamente com um spray de gás pimenta,
independentemente da sua prestação ou serviço. Como já vários cães foram
atingidos, alguns donos já colocaram cartazes na área a avisar da presença desta
patrulha sénior, aconselhando todos a circular com os seus cães à trela, apesar
da cidade ainda não o obrigar. Entretanto a polícia local aguarda ocasião para
deitar a mão aos precavidos velhotes. Estes confrontos tendem a ser
solucionados com o aumento de parques e trilhos destinados aos cães e Comox irá
ter mais um parque canino já no próximo Janeiro.
Lá como cá, antes que os
conflitos se agravem e os cães venham a pagar as favas, a ser agredidos ou a
morrer envenenados, urge fazer mais parques caninos nas áreas urbanas e
atribuir-lhes trilhos próprios, porque doutra maneira, considerando o exagerado
número de cães citadinos e a eventualidade dos incómodos que poderão causar, os
actuais parques comuns, saturados sobretudo de aposentados e turistas, poderão
vir a ser testemunhas de episódios menos dignos, que ninguém deseja ver ou
vivenciar.
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