terça-feira, 4 de dezembro de 2018

O QUE SERÁ MAIS IMPORTANTE: A EDUCAÇÃO OU A PUNIÇÃO?

Nada melhor do que aprender com as lições dos outros para não cairmos no mesmo erro. Em New South Wales, na Austrália, as autoridades municipais optaram por aumentar as multas relativas aos ataques caninos na tentativa de travá-los, já que entre 01 de Abril e 30 de Junho deste ano ocorreram ali 1245 ataques, numa população estimada em 7 797 000 de habitantes. Estes ataques causaram ferimentos leves em 177 pessoas, 133 receberam tratamento médico, 31 vítimas foram hospitalizadas e 303 pessoas escaparam ilesas.
Para se ter uma ideia concreta acerca do número e aumento destas multas em New South Wales, adianta-se que o proprietário ou encarregado de um cão que persegue, ataca e morde uma pessoa ou animal, quer cause lesão ou não, vê a sua multa agravada de 550 para 1.320 dólares; o proprietário de um cão ameaçador ou perigoso que não cumpre com uma exigência legal será multado em 1.760 dólares e não em 1.320 como até aqui; qualquer pessoa que permita a reprodução de um cão perigoso já identificado ou que anuncie a sua disponibilidade para isso, outrora multada em 1.320 dólares, passará a pagar 1.760 e uma pessoa que aceite ser proprietário de um cão ameaçador ou perigoso já proposto ou confirmado, será sujeito a uma multa de igual montante (1760 dólares), tudo isto ao abrigo do Companion Animals Act de 1998 e já posto em prática a 31 de Agosto deste ano.
Os cães que mais ataques perpetraram foram: American Staffordshire Terrier (155 casos), Bull Terrier (Staffordshire) (110), Australian Cattle Dog (69), Pastor Alemão (68), Rottweiler (29), Mastiff (28) Labrador Retriever (27) Husky Siberiano (27) e Kelpie Australiano (26). Destacam-se nesta lista os Labradores e os Huskies, animais pouco ou nada propensos a ataques, será que sofrem ali alguma depressão equivalente à Seasonal Affective Disorder (SAD) que tanto apoquenta os ingleses no inverno? E se o clima não for o responsável por este comportamento, das duas uma: ou são híbridos destas raças ou as suas brincadeiras e alegrias estão a ser confundidas com ataques (1)!
Os especialistas em cães da região disseram que a educação e tão importante como a punição. Wendy Ellis, instrutora-chefe e vice-presidente do Denison Dog Training Club, em Bathurst, convidada a pronunciar-se sobre o assunto, disse que os ataques caninos podem ser evitados com a educação do dono e do cão, que os cães devem ser socializados cedo e muitas vezes em um ambiente seguro e controlado tanto para eles como para os donos, que as crianças devem ser educadas para saber como abordar um cão sem que ele não se sinta ameaçado e que é preciso sabedoria para se escolher uma raça canina, porque se os futuros donos não poderem educar e exercitar os seus cães de acordo com a sua raça, então não deverão optar por ela. Debi Coleman, treinadora de cães na cidade Orange disse, entre outras coisas, que seria ideal se os conselhos locais pudessem ajudar a financiar programas de educação para os donos, já que muitos deles não estão cientes das situações que induzem aos ataques caninos.
A nosso ver, a melhor resposta para a ignorância não é a punição, mas sim a educação. Quem deverá ser punido exemplarmente é aquele que, tendo sido educado, comete deliberadamente actos próprios de ignorante. Do mesmo modo, a prevenção sempre será mais útil do que a punição, uma vez que poupa as vítimas e impede o seu dolo. Por este andar, há que dar razão aos adestradores australianos, à medida que o número de cães aumenta e os seus ataques não cessam, o treino de donos e cães deverá tornar-se obrigatório nas nossas sociedades, porque só assim conseguiremos reduzir drasticamente o número dos ataques caninos que tanto nos atormentam, pois mandar um cão para uma escola sem o dono lá meter os pés de nada vale, o que sucede aqui muitas vezes, quando é exigido a alguém um certificado de obediência básica do seu cão. Mais cedo ou mais tarde, o ensino dos líderes caninos terá que acontecer e os futuros donos terão que reunir todas as condições para isso!
(1)Já tivemos Huskies e Labradores a atacar, mas o seu percentual dentro das duas raças não ultrapassou 0,321%.  

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