Nós temos um compromisso
com os cães e vamos honrá-lo sempre, para que possam minimamente integrar-se na
sociedade humana e com isso defender-se. O objectivo central do adestramento é
para nós a salvaguarda dos cães e não o seu fim útil, que resulta do
aproveitamento das características individuais de cada animal para uma ou mais
tarefas onde se sinta à vontade, esteja a gosto e seja eficaz. Jamais o fim
útil deverá sobrepor-se ao objectivo central do adestramento, porque ao fazê-lo
estaríamos a dizimar animais e a malbaratar a sua fidelidade. Como nada podemos
fazer sem alcançar a cumplicidade humano-canina, educamos gente para valer aos
cães, árdua tarefa que suportamos por amor a estes animais. Não se trata de uma
utopia, mas de religar uma relação ancestral e mútua que se perde pelos confins
dos tempos. Os cães não nasceram para estar sós, tampouco os homens e juntos
sempre serão mais fortes.
Nos últimos dois dias
fizemos de tudo um pouco, porque entendemos que as disciplinas cinotécnicas
concorrem umas para as outras. Ao fazer isto não saturamos os cães e mantemos a
sua alegria pela variação das tarefas. Começámos primeiro pela obediência
linear atrelada, privilegiando a condução “em frente por um”, porque é a que
melhor serve para as correcções binomiais individuais.
Para além dos mais
elementares subsídios de direcção, insistimos no comando de “quieto” nas aulas
colectivas e não nos demos mal, apesar de estarmos a trabalhar com cachorros.
Na foto abaixo podemos ver a saída dos condutores.
Não foi só o comando de “quieto”
que foi solicitado aos binómios durante a instrução circular, mas também outros
comandos de imobilização como o “alto”, “o senta” e o “deita”, imobilizações
que se prestam às explicações necessárias relativas às figuras.
Como objectivamos a
condução dos cães em liberdade, desenvolvemos um conjunto de exercícios
dispensando o uso da trela e usando somente os comandos verbais. Na foto
seguinte podemos ver os três binómios presentes evoluindo de mãos à nuca com a
trela suspensa sobre os ombros.
Na mesma instrução
circular, como é nosso hábito e benefício, operámos também a “troca de
condutores”, manobra que convida cada condutor a conduzir todos os cães em
classe, para que os cães ganhem com o auxílio dos condutores mais experientes,
os condutores mais receosos percam o medo e o adestrador possa aquilatar a quem
cabe a maior fatia de sucesso dentro de cada binómio. Na foto abaixo vemos um
momento desses por ocasião do comando de “senta”.
Depois evoluímos em várias
frentes (por 1, por 2 e por 3), exercício que visa criar espírito de corpo
entre os condutores e auxiliar a sociabilização animal que se deseja, graças
aos alinhamentos que requerem e que muito auxiliam na constituição da matilha heterogénea
escolar.
Com auxílio de duas
barreiras direccionais, ainda aperfeiçoámos os comandos direccionais de “à
frente” e “atrás”. Podemos ver a Svetlana na foto seguinte a fazer o “à frente”
como é exigido – no comprimento total da trela (com a trela totalmente
esticada). Este comando é direccional é de extrema utilidade quando importa
bater território, auxiliar o condutor nas subidas e onde é impossível que o
binómio marche alinhado.
O Afonso, perante a
incapacidade física momentânea do Paulo Motrena, foi convidado a conduzir o CPA
Bohr, trabalho que aceitou de bom grado e com louvável desempenho. Na foto abaixo
podemos vê-los na execução do “atrás”.
Hoje começámos o dia com a
protocolar légua terrestre, momento em que os condutores, para além de ganharem
resistência e muscularem os seus cães, puderam usufruir de um alegre e idílico passeio
no campo.
O cachorro Doberman Zeus
está a adquirir um preparo e robustez físicas invejáveis, pelo que foi
convidado mais uma vez a transpor consecutivamente o muro de 150 cm de altura,
transposição que executa sem grande esforço.
Ainda houve tempo para
treinar no “Espelho do Solo”, local onde melhoramos amiúde os alinhamentos
requeridos pelas figuras de imobilização. Na ocasião vemos a Svetlana a deitar
o Zeus dentro do espeço reservado para a figura.
Pelos perigos que corre e
pela destreza que demonstra, o Tomás daria um excelente bombeiro voluntário,
porque quando toca a fugir é sempre o escolhido. Na foto abaixo vemo-lo
pendurado num mastro de bandeira para escapar aos afiados dentes do Zeus.
O Tomás correu primeiro em
plano direito para alcançar o mastro e fugir ao Zeus, depois a situação
complicou-se, foi obrigado a subir um plano inclinado pedregoso até amarinhar por
um poste, refúgio que encontrou para não deixar o Doberman fazer o gosto ao
dente.
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Afonso/Bohr; Afonso/Cosi; Carla Capo; Paulo/Bohr e
Svetlana/Zeus. O condutor de dia foi o habitual e a equipa fotográfica foi
constituída pelo Adestrador e pelo Afonso. O Pedro imaginou-se o Robinson
Crusoe e por vezes virou Tarzan. Este é um curto resumo das actividades que
desenvolvemos nos últimos dois dias.
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