Sobre a temática que vamos
agora tratar, apraz-nos dizer: se às cadelas com a mania das pressas nascem os
filhos cegos, só sobram asneiras aos criadores que fazem ninhadas sem reservas,
que obviamente acabarão por ser pagas pelos cachorros. Este desgoverno é por
norma próprio de novatos impulsivos, entusiastas crónicos e de gente
irreflectida, porque doutro modo evitariam esta situação e o penar dos
cachorros. Todos sabemos que quanto mais tarde sai um cachorro do criador, mais
lhe pertence e com maior dificuldade se adaptará ao novo dono. Assim, os
cachorros deverão sair das ninhadas logo que possível para se evitarem maiores
contratempos.
Para melhor compreensão do
que acabámos de afirmar, vamos a um exemplo prático que sempre se repete.
Determinado cavalheiro, já proprietário de um cão, decide comprar um cachorro
com idade superior aos três meses e com características diferentes, ignorando
que esse desejo irá alterar as suas rotinas e não estará isento de problemas,
particularmente se tiver pouco tempo para os cães e para a atenção que eles
requerem, nomeadamente para o mais novo que lhe foi parar às mãos literalmente
de “pára-quedas”, considerando o seu desconhecimento e inexperiência em cães
com aquelas características.
Se a coisa não é fácil
para o novo proprietário, muito menos será para um cachorro acostumado a
interagir com o seu criador, porque de uma assentada irá ser confrontado com um
dono estranho, com a novidade territorial e com o domínio ou presença de um cão
mais velho, grave entrave ambiental capaz de inibir o excelente potencial
genético presente no animal, ao ponto de o torná-lo apático e esquivo, de cortar-lhe
o apetite e de lançá-lo até num estado letárgico, que afortunadamente tende a
ser de curta duração, caso o dono seja paciente.
Para que o diferendo entre
o proprietário e o cão seja o mais rapidamente vencido, o que não dispensará a
confiança do cachorro no dono, urge que este se inteire das protocolos
anteriormente estabelecidos entre o cachorro e o criador, que ao serem continuados,
diminuirão substantivamente a estranheza do animal, induzi-lo-ão à cumplicidade
desejada e promoverão o seu desenvolvimento físico, psicológico e cognitivo. Em
vários países europeus, para se ser proprietário de um cão, exige-se formação
específica para se evitarem desaguisados destes, que para além do desconforto,
atentam sobretudo contra a adaptação, interacção e bem-estar dos animais.
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