quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

CURA PARA A ARRITMIA CANINA CAUSADA PELAS VIAS ACESSÓRIAS ATRIOVENTRICULARES

As VIAS ACESSÓRIAS ATRIOVENTRICULARES responsáveis por arritmias cardíacas que afectam homens e cães, colocando-os em risco de vida, são feixes musculares congénitos que conectam electricamente os átrios aos ventrículos, possibilitando uma condução eléctrica para além do sistema normal de condução. Falando dos homens, o mais frequente das vias acessórias atrioventriculares é o “Feixe de Kent”, observado na síndrome de Wolff-Parkinson-White.
Ainda que esses feixes possam estar localizados em inúmeras posições, a sua localização mais comum é próximo do anel mitral. As vias acessórias podem ser ocultas, quando conduzem os impulsos eléctricos unicamente no sentido retrógrado (do ventrículo para o átrio) ou manifestas, quanto também são capazes de conduzir no sentido anterógrado (do átrio para o ventrículo). Enquanto as vias ocultas não são identificadas pelo electrocardiograma de rotina, as manifestas são-no pelos feixes, o que torna possível o seu diagnóstico. Diversas taquiarritmias podem acometer os portadores de vias acessórias atrioventriculares. O tratamento da crise de arritmia nos humanos deverá ser feito em hospital ou ambulatório com auxílio de medicamentos. Para se evitar a repetição das crises, o tratamento é a ablação por cateter com energia de radiofrequência, que atinge um índice de cura superior aos 95%, ainda que os fármacos possam também vir a ser utilizados.
Esta técnica minimamente invasiva, a da ablação por radiofrequência (RFCA) para combater as vias acessórias, foi adaptada pela Dr.ª KATHY N. WRIGHT e pelos seus colegas da MEDVET, um grupo de hospitais veterinários norte-americanos de emergência com várias especialidades. A equipa de pesquisadores foi financiada pela MORRIS ANIMAL FOUNDATION e desenvolveu um tratamento para cães portadores duma arritmia rara, que normalmente coloca a vida dos animais em risco, causada pelas vias acessórias atrioventriculares, a partir da técnica da ablação por cateter de radiofrequência, procedimento cardiológico humano, alcançando igual taxa de sucesso à verificada nas pessoas – superior a 95%. Os resultados do trabalho desta equipa de veterinários foram publicados no JOURNAL OF VETERINARY INTERNAL MEDICINE.
A Dr.ª Wright disse a propósito: “As vias acessórias ventriculares (APs) são uma das causas mais comuns de ritmo cardíaco rápido em cães jovens e tivemos o prazer de provar que elas são curáveis com a ablação por cateter de radiofrequência" e “Os cães podem finalmente ter seus corações em recuperação e livrar-se de todos os fármacos dentro de um período de três meses, continuando a viver vidas normais." Como atrás já dissemos, as APs são circuitos eléctricos anormais no coração que podem activar-se e superar as vias normais de corrente do coração, prejudicando gravemente a sua capacidade de bombear. O RFCA usa radiofrequências para destruir esses circuitos e permite que a função normal do coração seja retomada.
A Dr.ª KELLY DIEHL (na foto abaixo), vice-presidente interina de programas científicos da Morris Animal Foundation, disse sobre a importância do presente estudo: “O estudo da Dr.ª Wright demonstrou que a ablação por cateter de radiofrequência é uma alternativa segura e altamente eficaz a medicamentos para toda a vida e repetidas visitas aos veterinários" e ainda: "Melhor ainda é que é uma solução a longo prazo para um problema que pode ser fatal se não for tratado”. A equipa de investigadores usou o RFCA para tratar 89 cães com arritmia relacionada com AP, num total de 23 raças caninas, ainda que mais de metade dos cães tenham sido labradores, já que as APs são mais prevalentes nesta raça. Os investigadores introduziram um cateter em cada cão e enviaram ondas de rádio em direcção às APs. Cada cão foi monitorado por telemetria, num mínimo de 16 horas, após o procedimento e antes de receber alta.
Durante 2 meses a actividade do coração dos cães foi medida para determinar a eficácia do tratamento. Oitenta e seis cães viram curada a sua arritmia apenas com o tratamento inicial de RFCA e os 3 restantes foram curados num segundo tratamento. As vias acessórias ventriculares (APs) são conhecidas por causar ritmos cardíacos rápidos que podem resultar em insuficiência cardíaca congestiva ou morte súbita. Os seus sintomas podem incluir extrema fadiga e desconforto gastrointestinal, incluindo falta de apetite e vómitos. Como estes sintomas estão também associados a outros problemas de saúde, a afecção torna-se de difícil diagnóstico. Continua a ignorar-se como APs são criadas.
Estamos numa era em que a medicina e a veterinária se encontram cada vez mais próximas, contribuindo cada uma delas para o benefício da outra, o que se saúda pelos avanços que vão tendo.

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