segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

COMO MAXIMIZAR A EFICÁCIA DOS COMANDOS VERBAIS

Todas as palavras são estéreis quando imperceptíveis, desvinculadas da experiência, descontextualizadas e destituídas de conteúdo, ainda mais quando endereçadas aos cães. Assim são também as que transformamos em comandos verbais como parte de um código binomial a instalar, quando não estão relacionadas com a experiência directa dos animais e desconsideram tanto as emoções quanto os sentimentos que tornam possível a sua rápida absorção e cumprimento. Como já todos sabemos, as delongas e o cumprimento parcial das ordens verbais resultam maioritariamente de um débil condicionamento, de uma mensagem precária ou do terror causado pelas experiências negativas (medo do castigo).
Dito isto, chegamos à conclusão que a eficácia dos comandos verbais depende mais do modo como são ditos e muito pouco ou quase nada das palavras que utilizamos, muito embora todo e qualquer comando trissilábico deva ser evitado para que o cumprimento da ordem não sofra atrasos. E se porventura precisarmos de um comando de desaceleração, ao invés de lhe atribuirmos uma palavra com mais sílabas, devemos baixar o volume da voz e prolongar a sílaba tónica da palavra, exactamente como fazemos com o comando alemão “langsam” (devagar).
Para maximizar a eficácia dos comandos verbais e até substituí-los se necessário (somente nos casos em que importa garantir o sucesso operacional ou a segurança do cão, do líder ou do binómio), importa que os comandos sejam ordenados e acompanhados pela postura própria, pelo tom de voz adequado e pela sinalética empregue (gesto). Face ao que acabámos de dizer, continuamos a achar curiosa a prática de certos adestradores que, desconhecendo determinado idioma, extraem dele palavras para dar ordens aos cães, como se isso só por si evitasse o controlo dos animais por terceiros, apesar de sabermos que alguns fazem-no para concorrerem a provas internacionais ou diante de juízes estrangeiros.
Todos conhecemos a canção infantil que começa assim: “Todos os patinhos sabem bem nadar…”. Caso a melodia encontre palavras com a mesma métrica, a letra poderá ser substituída facilmente e até transmitir uma mensagem inversa, exemplo: “Os meus burrinhos só sabem zurrar!”. Graças a isto, há por alguns cantores portugueses que fizeram grande sucesso a cantar versões de músicas estrangeiras. O que importa guardar é que mais vale a musicalidade da palavra do que ela mesma, que os comandos verbais deverão ser maximizados pela postura, tom de voz e sinalética.
Terminamos desejando aos nossos leitores e amigos um Feliz Ano Novo, pleno daquela esperança que não teme as adversidades e que sempre acaba por vencê-las. Feliz 2019!
PS: Tudo o que dissemos de pouco vale se desprezarmos a recompensa.

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