Ao longo de várias décadas
tenho-me debruçado sobre as qualidades caninas que exaltam um cão de trabalho,
nomeadamente o da minha eleição – o Cão de Pastor Alemão, não me escusando
também a evidenciar os defeitos ou menos valias (físicas, psíquicas e
cognitivas) que o comprometem, quer sejam elas de origem genética ou ambiental.
Em simultâneo, tenho aconselhado ou desaconselhado a raça a quem me procura,
dispensando-me de maiores explicações para não ferir susceptibilidades. Ademais,
não há um cão próprio para toda a gente, cada um deve ter um cão à sua medida e
ser feliz com o que tem. Hoje, ao meditar friamente sobre o assunto, caí no
desassombro de adiantar aquilo que julgo esperar um Pastor Alemão do seu dono, para além de muito amor e comunhão de vida.
Assim, por ordem
alfabética, decidi adiantar as 21 qualidades que um Pastor Alemão reclama do
seu dono. São elas: que seja animador; asseado; bom administrador; confortador;
constante; cúmplice; disponível; empático; informado; interessado; moderado; motivador;
observador; organizado; precavido; previsível; protector; recompensador; respeitador;
sensível e tolerante. Deverá ser um animador nato para melhor ajudar o cão nas
suas vitórias; deverá ser asseado a bem da higiene diária do animal e da saúde de
quantos o rodeiam; deverá ser bom administrador para que nada falte ao cão em
matéria de alojamento, alimentação e cuidados veterinários; deverá ser um
confortador para que o animal não fique preso às experiências negativas e consiga
ultrapassá-las com maior facilidade.
Deverá ser constante nas
acções para que o condicionamento aconteça mais rapidamente; cúmplice para que
o cão não se sinta desacompanhado no seu esforço; disponível para valer e
acompanhar o animal sempre que for necessário; empático para melhor compreender
as dificuldades do cão; informado para melhor o ajudar e aproveitar;
interessado para ser um dono capaz de o educar satisfatoriamente; moderado para
que as suas acções não provoquem medo ou stress; motivador para aumentar a
confiança do animal; observador para aquilatar de tudo quanto é necessário
operar; organizado para estabelecer as necessárias rotinas, regras e
procedimentos; precavido para não sujeitar o cão ao disparate; previsível para
mais depressa ser entendido. Protector para que o cão se robusteça e não
vacile; recompensador para que o animal se sinta aprovado e recompensado pelo
seu esforço; respeitador para não ultrapassar aquilo que o animal pode dar e
para poupá-lo de perigos ou riscos desnecessários; sensível para se aperceber e
conseguir ler as reacções ou sinais do cão e tolerante para que o animal saiba
que sempre pode contar com o dono, mesmo diante do logro e do fracasso.
Nisto parece haver algum consenso
entre adestradores e donos, ainda que ocasionalmente falte a ambos o bom senso
necessário para a tarefa. Do ponto de vista físico o CPA exige do dono 5
coisas: disponibilidade, celeridade, desembaraço, resistência e robustez. Ainda
que à partida pareça o contrário, é muito mais fácil dotar os condutores
caninos dos índices atléticos necessários do que dotá-los das qualidades
humanas acima manifestas, qualidades que o Pastor Alemão não dispensa, ele e
qualquer cão, tenha raça ou não! Olhando para as 21 qualidades requeridas e
para as 5 condições físicas, que dão 26 exigências no total, podemos afirmar
que quem apenas alcança até 7, não deve ter cão nenhum; que quem preenche de 7
a 13 condições, deve quedar-se por um cão de companhia, de preferência pequeno,
que não lhe dê muito trabalho; quem responder afirmativamente de 14 a 20
exigências poderá ser um bom dono para um CPA fêmea, frágil ou sénior e, quem
manifestar ter entre 21 e 26 condições, tem tudo ou quase tudo para fazer um Pastor Alemão
feliz!
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