Hoje gostaríamos de
estender um convite aos nossos leitores para que leiam um artigo datado do dia
31 do mês passado, da autoria de Jan Hoffman e publicado no New York Times com
o título: “SCARRED
DOG SENTENCED TO DEATH. REPORTER HAUNTED”, texto que dá conta do
sucedido a uma jovem cadela chamada Elsey, provavelmente uma mistura de
Pitbull, que não ultrapassou os testes de sociabilidade a que viu sujeita,
sendo por isso considerada violenta e perigosa, acabando eutanasiada depois de
resgatada das ruas, segundo deliberação de uma tal Dr.ª Sara Bennett,
especialista em comportamento animal e cujos serviços foram requisitados pelo
canil de acolhimento que havia resgatado a cadela.
Depois de lermos com muita
atenção os testes a que a pobre cadela foi sujeita, narrados ao pormenor pelo
autor do artigo que tentou ser objectivo e não tomar partido, suscitando em
simultâneo a reflexão dos seus leitores, não podemos calar a nossa indignação
diante do carácter imperativo daqueles testes, todos eles de validade contestável
e sujeitos a interpretações mais teóricas que objectivas, como se de um
processo inquisitorial se tratasse e a condenação dos inquiridos fosse
primordial.
Entendemos nós, e levamos vários
anos a reeducar cães, que todo e qualquer cão pode ser reeducado, que na
cinofilia e na cinotecnia nunca nos deparámos com nenhum tigre ou leão, apenas
com cães atribulados do ponto de vista genético, ambiental ou da soma de ambos.
Mais, que os testes a realizar aos cães, longe de servirem para deliberar sobre
a sorte dos animais, antes deverão contribuir para a identificação dos seus
problemas e indiciar qual o método e conteúdos de ensino a seguir visando a sua
reeducação e reintegração social.
Somos conhecedores do
pragmatismo americano, da sua tendência histórica de “cortar o mal pela raiz”,
das soluções radicais que adopta e das quais não se pode excluir a prática da
pena de morte, ainda em vigor em 31 dos 50 Estados norte-americanos, não
obstante o seu Presidente pretender ser arauto dos Direitos Humanos. E se
acontece assim com as pessoas, os cães não receberão melhor tratamento. Depois
de atentarmos para a natureza dos testes e para as respostas da Elsey,
percebemos de imediato que apresentava problemas de sociabilização “inter pares”,
que a sua recuperação seria possível e o seu abate dispensável e por isso mesmo
gratuito.
Espera-se dos
especialistas em comportamento animal que adiantem subsídios e soluções para a
reeducação e integração dos cães, não que elaborem testes que visem a
eliminação de alguns por ser serem problemáticos. Acontece na América, acontece
entre nós. Contudo, uma dúvida paira no ar: Quem nunca “mexeu” num animal
poderá em consciência decidir sobre o seu destino? Nós temos sérias dúvidas!
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