sábado, 5 de agosto de 2017

QUALQUER CÃO PODE SER REEDUCADO

Hoje gostaríamos de estender um convite aos nossos leitores para que leiam um artigo datado do dia 31 do mês passado, da autoria de Jan Hoffman e publicado no New York Times com o título: “SCARRED DOG SENTENCED TO DEATH. REPORTER HAUNTED”, texto que dá conta do sucedido a uma jovem cadela chamada Elsey, provavelmente uma mistura de Pitbull, que não ultrapassou os testes de sociabilidade a que viu sujeita, sendo por isso considerada violenta e perigosa, acabando eutanasiada depois de resgatada das ruas, segundo deliberação de uma tal Dr.ª Sara Bennett, especialista em comportamento animal e cujos serviços foram requisitados pelo canil de acolhimento que havia resgatado a cadela.
Depois de lermos com muita atenção os testes a que a pobre cadela foi sujeita, narrados ao pormenor pelo autor do artigo que tentou ser objectivo e não tomar partido, suscitando em simultâneo a reflexão dos seus leitores, não podemos calar a nossa indignação diante do carácter imperativo daqueles testes, todos eles de validade contestável e sujeitos a interpretações mais teóricas que objectivas, como se de um processo inquisitorial se tratasse e a condenação dos inquiridos fosse primordial.
Entendemos nós, e levamos vários anos a reeducar cães, que todo e qualquer cão pode ser reeducado, que na cinofilia e na cinotecnia nunca nos deparámos com nenhum tigre ou leão, apenas com cães atribulados do ponto de vista genético, ambiental ou da soma de ambos. Mais, que os testes a realizar aos cães, longe de servirem para deliberar sobre a sorte dos animais, antes deverão contribuir para a identificação dos seus problemas e indiciar qual o método e conteúdos de ensino a seguir visando a sua reeducação e reintegração social.
Somos conhecedores do pragmatismo americano, da sua tendência histórica de “cortar o mal pela raiz”, das soluções radicais que adopta e das quais não se pode excluir a prática da pena de morte, ainda em vigor em 31 dos 50 Estados norte-americanos, não obstante o seu Presidente pretender ser arauto dos Direitos Humanos. E se acontece assim com as pessoas, os cães não receberão melhor tratamento. Depois de atentarmos para a natureza dos testes e para as respostas da Elsey, percebemos de imediato que apresentava problemas de sociabilização “inter pares”, que a sua recuperação seria possível e o seu abate dispensável e por isso mesmo gratuito.
Espera-se dos especialistas em comportamento animal que adiantem subsídios e soluções para a reeducação e integração dos cães, não que elaborem testes que visem a eliminação de alguns por ser serem problemáticos. Acontece na América, acontece entre nós. Contudo, uma dúvida paira no ar: Quem nunca “mexeu” num animal poderá em consciência decidir sobre o seu destino? Nós temos sérias dúvidas!

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