segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A VELHA QUESTÃO DOS “OLHOS NOS OLHOS”

Katherine Albro Houpt, professora emérita de Medicina Comportamental da Faculdade de Medicina Veterinária de Cornell, fundada em 1894 e sediada em Ithaca, Nova Iorque/US, num artigo publicado pelo “New York Times” no passado dia 7 deste mês, adiantou que os cães para morderem nas pessoas não necessitam de senti-las medrosas ou de cheirar o seu medo e que ainda não foram feitos testes conclusivos a esse respeito, apesar de teoricamente um químico dedicado poder isolar o odor do suor ou da urina de pessoas assustadas e a seguir dá-lo a cheirar a um ou mais cães para aquilatar das suas reacções, teste que tarda em ser realizado.
Contrariando o que comummente se aceita como verdade, que as principais vítimas dos cães são as pessoas que os temem, a ilustre professora de comportamento animal desmente cabalmente essa ideia, adiantando que se passa exactamente o contrário, que as vítimas mais comuns são aquelas pessoas que partem deliberadamente para cima dos cães e que dizem para si próprias: “eu amo cães e sou amada por todos”.
Segundo Houpt, o que mais contribui para o despoletar dos ataques caninos não é o reconhecimento do medo da vítima, mas uma abordagem desprevenida e abrupta, acção que geralmente tem como resposta uma agressão predatória e que é igualmente posta em prática quando alguém corre na sua frente. Já as pessoas que permanecem quietas são facilmente ignoradas pelos cães. Há casos em que não ter medo é pior do que ter, especialmente quando perante um cão confiante e agressivo se fixa os olhos nele, atitude que geralmente tem como como resultado um ataque à dentada.
Todos sabemos que na via pública não falta gente a correr e uns tantos tontos que se lançam abusivamente e sem pré-aviso sobre os cães alheios, ignorando em simultâneo os riscos que correm. Perante comum incúria é melhor ficar atento e cumprir com o que a lei estipula: sair sempre com os cães atrelados, porque não vá o diabo tecê-las, os bichos venham a morder em alguém e para cúmulo venham ainda a ser considerados perigosos. Entretanto, mesmo que elas não apreciem, é tarefa dos proprietários caninos esclarecer as pessoas, trabalho que devemos aos cães pelo seu bom nome, salvaguarda e perpetuação entre nós.

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