Recebemos de um leitor brasileiro o seguinte
email que publicamos e ao responderemos: “Boa
tarde, Li seu texto sobre o pastor Alemão Azul, escrito em 30/05/2016 e escrevo
para saber como esta coloração tem sido tratada pelos criadores e associações
aí na Europa. Tenho aqui no Brasil uma cadela (nascida pouco antes de você
escrever o texto, em 29/03/16) que chamo de "capa azul", já que é uma
capa preta que apresentou a diluição. Na verdade, ela pouco se parece com os
cães azuis que vi na internet, sendo bem mais escura. O que denuncia a presença da coloração azul
são os olhos claros e o focinho/máscara cor de chumbo. Nas costas eu diria que
os pêlos são pretos, mas a tonalidade difere dos cães "normais". Os
pais da cadela são capas pretas de linhagem de estrutura, e os avós são todos
alemães... todos selecionados (pedigree rosa). Comprei a cadela ainda filhote,
de um canil renomado. Quando questionei o criador sobre o tom "desbotado" de seus
pêlos pretos, ele alegou que ela estava trocando de pêlo e que ela seria uma
capa preta normal. De fato ela escureceu... mas nem tanto.
Levei minha cadela
em uma exposição da raça para a avaliação de um juiz. Ele a desclassificou da prova em função de
sua coloração, afirmando que a mesma não poderá obter titulo de seleção e
consequentemente deve ser retirada da reprodução. Ao que me pareceu, o parecer
do juiz brasileiro difere daquilo que você apresentou em seu texto, já que dá a
entender que o azul tem sido procurado como o santo graal. Como os criadores de
PA tem lidado com os cães azuis? e as associações? Eles tem sido também
desclassificados para reprodução "com pedigree"? Agradeço desde já a
atenção e gostaria que compartilhasse seu conhecimento sobre o assunto, já que
praticamente não encontrei criadores que conheçam o assunto ou sites
brasileiros que tratem do tema. Atenciosamente…”.
Como deve calcular os Pastores Alemães azuis
uniformes ou parciais (a sua cadela pertence ao segundo caso), também não são
benquistos aqui na Europa, particularmente pelas associações que se dedicam
exclusivamente às exposições de conformação (beleza), porque sendo recessivos
não têm ali lugar, já que descendem da variedade negra que também é recessiva
ou da branca que continua excluída. Ao invés, para quem se dedica aos cães de
trabalho, estes cães são muito procurados, não pela raridade cromática mas pelo
que acrescentam à raça, já que são excelentes farejadores e atletas, ainda que amadureçam
um pouco mais tarde que os outros. Atendendo a estas mais-valias, sabendo que
tanta coisa é feita em segredo e que os canicultores são pecadores que não se
confessam (os tedescos não escapam à regra), não duvido da procedência e
ascendência da sua cadela. A diferença de pareceres entre nós e os juízes assente
apenas nisto: eles apreciam os cães e nós trabalhamo-los; eles julgam o que
vêem e nós aquilo que já experimentámos. Mais, eles não imaginam as
repercussões do que vêem e apreciam, e nós procuramos eliminar insuficiências.
Não proliferam na Europa muitos criadores de
CPA’s azuis, estando a variedade mais representada nos criadores de linhas de
trabalho, tudo porque os juízes da raça do passado e também alguns actuais,
senão a sua esmagadora maioria, decidiram exterminar os cães azuis e implementar
uma política de igual extermínio para todas as variedades recessivas ainda
presentes no Cão de Pastor Alemão, pruridos que entre outros males, causaram o
descrédito da raça, a sua menor procura e fraca prestação. Levando a cabo tudo
isto por fazerem orelhas moucas ao que Stephanitz disse: “se o cão é bom, a cor
não pode ser ruim”. E depois amigo, rapazolas com menos de 60 anos de idade
falam do que ouvem, não daquilo que viram e as fotografias ao tempo eram a
preto e branco! Mas ainda mais grave tem sido a política de endogamia e
consanguinidade que aos poucos tem rebentado de uma só vez com a multivariedade
e a biodiversidade que sustentou e erigiu a raça, sequelas que têm gerado milhares
de enfermos e imprestáveis (todos iguais) até à presente data. Agora vou
publicar a foto da sua cadela a preto e branco, não será ela uma genuína capa preta ou pertencerá a outra raça?
Os cães parcialmente azuis continuam a ter
pedigree por descenderem de genuínos Pastores Alemães inscritos no Livro de
Origens da raça, muito embora sejam desaconselhados para reprodução por
atentarem contra o padrão da cor agora em voga. Decididamente comprou a cadela
errada para o fim procurado e, caso queira seguir o nosso conselho, inscreva-se
e participe com ela em provas de trabalho, onde provavelmente terá melhor
aceitação e serão objecto de admiração. Estamos gratos pelo contacto e abertos a
mais esclarecimentos. Disponha sempre que quiser.
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