Intencionalmente pusemos o
título deste artigo em alemão, que diz: “Sim, elas vão desaparecer”,
referindo-nos às actuais raças caninas dominadas pela endogamia e pela
consanguinidade que continuam, à revelia da ciência e contra o bem-estar animal,
a ter adeptos cardíacos. Para que melhor se entenda o que acabámos de dizer,
vamos narrar para os nossos leitores o que se passa com os lobos residentes no
Parque Nacional de Isle Royale no Michigan/US, segundo nos fez saber o “ScienceDaily” on-line na sua edição do
dia 18 deste mês.
Há dois anos consecutivos
que a população de lobos ali não aumenta, restando somente um casal, que para
além de ser pai e filha, são irmãos por via materna. Há dois anos atrás
acasalaram e nasceu um filhote macho com um ar pouco saudável, de pequena estatura,
de postura possivelmente anormal e com a cauda deformada, Condenado à partida,
no ano seguinte deixou de ser visto. A somar a isto, o casal de lobos restante
está a andar para a velhice (o macho tem 7 anos e a fêmea 9) e é muito pouco
provável que voltem a acasalar, não só por causa da idade mas porque a loba já
foi vista a rejeitar agressivamente o seu companheiro. Com o desaparecimento destes
predadores de topo, o número de alces e castores não irá parar de aumentar
naquele Parque Nacional norte-americano.
Idêntico flagelo está a
acontecer com o Cão de Pastor e Alemão e com outras raças padronizadas, onde a
consanguinidade e a endogamia (tanto a manifesta como a oculta) continuam a ser
responsáveis pelo aparecimento de exemplares de carácter e comportamento
reprováveis, fracos de morfologia, anómalos de biomecânica, doentes, de difícil
reprodução e de pouco ou nenhum préstimo (quantos nascem mortos ou morrem à nascença?). Enoja-nos ver e cada vez vemos mais,
ninhadas de Pastores Alemães que nascem abaixo dos 380 gramas, animais que em
tudo lembram fuinhas e que mais depressa que o esperado levantam as orelhas,
pastores que chegarão aos dois meses de idade abaixo dos 5 kg e que na idade
adulta pesarão entre 24 e 30 kg consoante sejam fêmeas ou machos. E se o
problema genético já é mal bastante, há ainda quem se aproveite do facto para
lhes dar dietas impróprias segundo a sacra relação preço-qualidade.
Segundo a experiência que
temos e que já vai para meio século, quando os beneficiamentos são os correctos
e as ninhadas acontecem sem problemas, os cachorros nascem entre os 450 e os
550 gramas, havendo alguns que poderão pesar um pouco mais, dependendo isso do
seu número. Gradualmente e sem que muitos se apercebam, uns porque não eram
nascidos e outros porque estão cada vez mais esquecidos (de propósito ou porque
a idade não lhes perdoa), os Pastores Alemães têm vindo a perder peso, tamanho,
envergadura, saúde, qualidade e longevidade. E tudo isto porquê? Exactamente
pela mesma razão que os lobos estão a desaparecer do Parque Nacional de Isle
Royale no Michigan! Só que neste caso, não são os alces e os castores que vão
proliferar mas os outros cães que lhes vão ocupar o lugar! Como poderemos amar a
raça e contribuir para o seu extermínio?
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