sexta-feira, 21 de abril de 2017

JA, SIE WERDEN VERSCHWINDEN

Intencionalmente pusemos o título deste artigo em alemão, que diz: “Sim, elas vão desaparecer”, referindo-nos às actuais raças caninas dominadas pela endogamia e pela consanguinidade que continuam, à revelia da ciência e contra o bem-estar animal, a ter adeptos cardíacos. Para que melhor se entenda o que acabámos de dizer, vamos narrar para os nossos leitores o que se passa com os lobos residentes no Parque Nacional de Isle Royale no Michigan/US, segundo nos fez saber o “ScienceDaily” on-line na sua edição do dia 18 deste mês.
Há dois anos consecutivos que a população de lobos ali não aumenta, restando somente um casal, que para além de ser pai e filha, são irmãos por via materna. Há dois anos atrás acasalaram e nasceu um filhote macho com um ar pouco saudável, de pequena estatura, de postura possivelmente anormal e com a cauda deformada, Condenado à partida, no ano seguinte deixou de ser visto. A somar a isto, o casal de lobos restante está a andar para a velhice (o macho tem 7 anos e a fêmea 9) e é muito pouco provável que voltem a acasalar, não só por causa da idade mas porque a loba já foi vista a rejeitar agressivamente o seu companheiro. Com o desaparecimento destes predadores de topo, o número de alces e castores não irá parar de aumentar naquele Parque Nacional norte-americano.
Idêntico flagelo está a acontecer com o Cão de Pastor e Alemão e com outras raças padronizadas, onde a consanguinidade e a endogamia (tanto a manifesta como a oculta) continuam a ser responsáveis pelo aparecimento de exemplares de carácter e comportamento reprováveis, fracos de morfologia, anómalos de biomecânica, doentes, de difícil reprodução e de pouco ou nenhum préstimo (quantos nascem mortos ou morrem à nascença?). Enoja-nos ver e cada vez vemos mais, ninhadas de Pastores Alemães que nascem abaixo dos 380 gramas, animais que em tudo lembram fuinhas e que mais depressa que o esperado levantam as orelhas, pastores que chegarão aos dois meses de idade abaixo dos 5 kg e que na idade adulta pesarão entre 24 e 30 kg consoante sejam fêmeas ou machos. E se o problema genético já é mal bastante, há ainda quem se aproveite do facto para lhes dar dietas impróprias segundo a sacra relação preço-qualidade.
Segundo a experiência que temos e que já vai para meio século, quando os beneficiamentos são os correctos e as ninhadas acontecem sem problemas, os cachorros nascem entre os 450 e os 550 gramas, havendo alguns que poderão pesar um pouco mais, dependendo isso do seu número. Gradualmente e sem que muitos se apercebam, uns porque não eram nascidos e outros porque estão cada vez mais esquecidos (de propósito ou porque a idade não lhes perdoa), os Pastores Alemães têm vindo a perder peso, tamanho, envergadura, saúde, qualidade e longevidade. E tudo isto porquê? Exactamente pela mesma razão que os lobos estão a desaparecer do Parque Nacional de Isle Royale no Michigan! Só que neste caso, não são os alces e os castores que vão proliferar mas os outros cães que lhes vão ocupar o lugar! Como poderemos amar a raça e contribuir para o seu extermínio?

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