quarta-feira, 5 de abril de 2017

O QUE TERIA A POBRE VELHOTA FEITO AO CÃO?

Anteontem, Segunda-feira, segundo deu notícia o “Correio da Manhã” em primeira mão, uma senhora de 90 anos, com os filhos a viver no estrangeiro, foi atacada por um cão no pescoço e sucumbiu na sequência desse ataque. A trágica morte ocorreu em Fernão Ferro, pelas 16H50, no lar onde a idosa vivia, pertencendo o cão à proprietária daquela instituição. Antes de ter atacado a nonagenária, o animal ainda feriu a empregada que se encontrava de serviço. Citando a GNR como fonte, o mesmo jornal adiantou que o cão não era de raça considerada perigosa, tratando-se de um Boxer arraçado de Labrador, que segundo se crê veio a ser recolhido pelo SEPNA da Guarda Nacional Republicana.
De imediato custa-nos a crer que se trate dum cão conforme a descrição, porque há cães de raça indefinida que só Deus sabe o que eles são! Lamentavelmente faltam-nos fotos e mais dados sobre o animal que seriam elucidativos quanto às suas origens. Não acreditamos que aquele animal tivesse sido ensinado a atacar ou que fosse objecto de qualquer tipo de treino para guarda, porque tal seria um despropósito face ao local do seu alojamento pelos riscos envolvidos. Com mais facilidade aceitaremos que o animal não teve qualquer treino básico de obediência, não foi objecto de sociabilização e que normalmente se encontra confinado. Estaremos perante mais um caso suscitado pelo sentimento territorial canino? Será que a pobre senhora estava na hora e locais errados sem se aperceber? A resposta do cão já sabemos qual foi mas não sabemos se foi provocado ou não, se entendeu a nonagenária como uma ameaça ou um intruso. Quem terá mais a esclarecer será a empregada e o seu testemunho será por certo revelador.
Entendemos nós e julgamos não estar enganados, que os cães albergados junto aos lares da 3ª idade só podem ser uns: os aprovados para terapia, considerando tanto o bem-estar como a fragilidade dos idosos. Há falta doutra justificação, é possível que alguém alvitre que a reacção do cão se deveu a maus tratos anteriores, o que nada abona em seu favor nem da sua proprietária. Para melhor entendermos o que se passou, gostaríamos de saber qual a idade do cão, donde veio, se era castrado ou não e há quanto tempo ali vivia, se a vítima tinha medo de cães e se tentou intimidar o seu agressor, porque um ataque canino ao pescoço é bastante incomum, acontecendo mais amiúde perante crianças, idosos curvados ou munidos de algum objecto intimidatório, sendo por natureza um ataque defensivo/instintivo, muito embora os Boxers sejam cães de se empoleirar. No entanto, é bem possível que a vítima nada tenha feito para merecer tal castigo.
Assim como lamentamos a morte da infeliz senhora, lamentamos igualmente que casos como estes se repitam por incúria dos proprietários caninos, que sendo muitas vezes irresponsáveis, acabam por ser tragicamente chamados à responsabilidade quando menos esperam. Independentemente das circunstâncias do ocorrido, não se augura um futuro risonho para o cão, quiçá também ele vítima da vida que lhe votaram.

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