Anteontem, Segunda-feira, segundo deu notícia
o “Correio da Manhã” em primeira mão, uma senhora de 90 anos, com os filhos a
viver no estrangeiro, foi atacada por um cão no pescoço e sucumbiu na sequência
desse ataque. A trágica morte ocorreu em Fernão Ferro, pelas 16H50, no lar onde
a idosa vivia, pertencendo o cão à proprietária daquela instituição. Antes de
ter atacado a nonagenária, o animal ainda feriu a empregada que se encontrava
de serviço. Citando a GNR como fonte, o mesmo jornal adiantou que o cão não era
de raça considerada perigosa, tratando-se de um Boxer arraçado de Labrador, que
segundo se crê veio a ser recolhido pelo SEPNA da Guarda Nacional Republicana.
De imediato custa-nos a crer que se trate dum
cão conforme a descrição, porque há cães de raça indefinida que só Deus sabe o
que eles são! Lamentavelmente faltam-nos fotos e mais dados sobre o animal que
seriam elucidativos quanto às suas origens. Não acreditamos que aquele animal
tivesse sido ensinado a atacar ou que fosse objecto de qualquer tipo de treino
para guarda, porque tal seria um despropósito face ao local do seu alojamento pelos
riscos envolvidos. Com mais facilidade aceitaremos que o animal não teve
qualquer treino básico de obediência, não foi objecto de sociabilização e que
normalmente se encontra confinado. Estaremos perante mais um caso suscitado
pelo sentimento territorial canino? Será que a pobre senhora estava na hora e
locais errados sem se aperceber? A resposta do cão já sabemos qual foi mas não
sabemos se foi provocado ou não, se entendeu a nonagenária como uma ameaça ou
um intruso. Quem terá mais a esclarecer será a empregada e o seu testemunho
será por certo revelador.
Entendemos nós e julgamos não estar enganados,
que os cães albergados junto aos lares da 3ª idade só podem ser uns: os aprovados
para terapia, considerando tanto o bem-estar como a fragilidade dos idosos. Há
falta doutra justificação, é possível que alguém alvitre que a reacção do cão se
deveu a maus tratos anteriores, o que nada abona em seu favor nem da sua
proprietária. Para melhor entendermos o que se passou, gostaríamos de saber
qual a idade do cão, donde veio, se era castrado ou não e há quanto tempo ali
vivia, se a vítima tinha medo de cães e se tentou intimidar o seu agressor,
porque um ataque canino ao pescoço é bastante incomum, acontecendo mais amiúde
perante crianças, idosos curvados ou munidos de algum objecto intimidatório,
sendo por natureza um ataque defensivo/instintivo, muito embora os Boxers sejam
cães de se empoleirar. No entanto, é bem possível que a vítima nada tenha feito
para merecer tal castigo.
Assim como lamentamos a morte da infeliz
senhora, lamentamos igualmente que casos como estes se repitam por incúria dos
proprietários caninos, que sendo muitas vezes irresponsáveis, acabam por ser
tragicamente chamados à responsabilidade quando menos esperam.
Independentemente das circunstâncias do ocorrido, não se augura um futuro
risonho para o cão, quiçá também ele vítima da vida que lhe votaram.
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