Depois da Guerra
Fronteiriça Sino-Indiana, que ocorreu em 1962 no Sul de Xinjiang (Aksai Chin) e
em Arunachal Pradesh (Tibete do Sul), quando O Dalai Lama já se
tinha exilado e governavam Nehru na Índia e Mao Tsé-Tung na China, conflito que
teve como desfecho uma vergonhosa derrota para a União Indiana ou uma estrondosa
vitória chinesa, a Índia decidiu reforçar os seus postos fronteiriços e
instalações militares naqueles territórios (quartéis e aeródromos), observando
a China o mesmo cuidado, vivendo-se ali ainda hoje um clima de forte tensão e
de constante desafio (um rastilho pronto a acender-se).
No meio do contingente
indiano destacado para aquelas terras áridas e longínquas (80.000 homens),
várias companhias cinotécnicas fazem-se presentes e o trabalho dos cães tem
sido objecto de reconhecimento e louvor por parte das autoridades militares que
decidiram, à imitação do que sucede em Inglaterra e nos Estados Unidos,
atribuir condecorações aos mais valorosos no final do ano passado.
Não deixa de ser estranho
ver naquelas remotas paragens Labradores, Malinois e Pastores Alemães, mas eles
estão lá e cumprem zelosamente o seu serviço, auxiliando os seus tratadores nas
buscas, acompanhando-os nas patrulhas, detectando explosivos, avisando-os da
presença dos inimigos e perseguindo-os quando necessário, numa fronteira que
tem de comprimento 3.488 km. Como o papel dos cães nas operações militares é
longo e obscuro, fazem bem os indianos ao mencionar e condecorar os mais
bravos.
Para além das missões de
âmbito militar e das relativas à segurança interna do País (policiais), os cães
são ainda obrigados a adaptar-se aos pisos irregulares, à rarefacção do
oxigénio e um clima deveras hostil, enquanto braço silencioso do exército a que
pertencem. Quem melhor do que eles poderia acompanhar os soldados indianos de
infantaria até às portas do Tibete? Só os cavalos, mulas e póneis, muito embora
não farejem explosivos, sejam de difícil ocultação e só usem os dentes para
comer! No entanto, sem a colaboração deste gado equino há muito que os esforços
militares indianos teriam caído por terra naquelas inóspitas terras altas (já foram condecorados dois cavalos).
Considerando a ocorrência de vítimas, seria bom para ambos os lados que o
conflito fronteiriço sino-indiano nunca se reacendesse, o que parece pouco
provável, a menos que a Coreia do Norte seja dor de cabeça quanto baste para a China.
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