terça-feira, 18 de abril de 2017

CÃES DE GUERRA: QUANTOS REGRESSAM DELA E PARA ONDE VÃO

Ainda não foi divulgado oficialmente quantos cães foram mobilizados para as guerras do Iraque e do Afeganistão, mas sabe-se que os vários exércitos envolvidos nestes conflitos tiveram e têm cães no terreno, ignorando-se também qual o seu número de baixas, que desejamos menor que o encontrado na Guerra do Vietname, onde apenas 5% dos cães americanos enviados regressou a casa, sendo a sua maioria morta em acção, eutanasiada ou simplesmente deixada para trás na saída apressada dos americanos daquele país do sudeste asiático.
Sabe-se, pelas petições vindas a público, onde constam como signatários os seus próprios tratadores, que os cães veteranos de guerra ou são novamente mobilizados ou são simplesmente abatidos, final indigno para quem combateu lado-a-lado com os seus líderes numa guerra tornada sua, salvando com a sua prestação a vida de muitos. Como hoje tudo se sabe neste mundo livre, por pressão da opinião pública, são cada vez mais os cães de guerra que ao terminarem as suas missões são entregues definitivamente aos seus tratadores, gozando em paz e na sua companhia os anos que ainda lhes restam (infelizmente nem todos os tratadores apresentam condições para isso).
Começámos por falar dos cães envolvidos na Guerra do Vietname e terminamos com um que ali se tornou famoso: o CPA “Nemo”, um cão nascido em 1962, preto-afogueado, com 38.5kg de peso e adestrado durante 8 semanas para ir para a guerra, em cujo decurso se viu obrigado a trocar de tratador, passando a ser conduzido pelo soldado Robert Thorneburg. Em 1966, numa patrulha aos arredores da Base Aérea de Tan Son Nhut, o cão alertou o seu tratador para a presença de inimigos, sendo de imediato solto debaixo de tiroteio. Ambos acabaram feridos, o cão ficou sem o olho direito e o homem atingido por uma bala num ombro, ferimento que o deitou ao chão. Apesar de gravemente ferido e impossibilitado, o cão continuou a investir contra aqueles inimigos e a proteger o corpo do seu líder, esforço que possibilitou a Thorneburg pedir ajuda para o resgate de ambos.
“Nemo” acabaria por regressar aos States com honras militares, como o primeiro cão sentinela a ser oficialmente aposentado do serviço activo. Depois de muitas andanças de propaganda pelos Estados Unidos, relacionadas com o interesse pelo recrutamento de novos cães de guerra, Nemo recebeu um canil permanente no Centro Canino do Departamento da Defesa no Texas, onde permaneceu até 1972, ano da sua morte, onde persiste um memorial em seu nome e onde se pode ler (a tradução é nossa): “Esta porta permanecerá para sempre destrancada e aberta em memória de todos os cães de guerra, do passado, presente e futuro, descansa um pouco K9, trabalho bem feito".
Hoje regressam da guerra mais cães do que ontem, mas grande parte deles acaba ingloriamente abatida por razões logísticas que não justificam de maneira alguma o seu assassínio, mormente diante da sua lealdade, empenho e sacrifício. Aplicar-lhes uma injecção letal é tão injusto e descabido como condená-los por cobardia a um pelotão de fuzilamento.
Se ainda não conseguimos acabar com as guerras entre nós, coisa difícil de acontecer enquanto tivermos por cá loucos como Kim Jong-un e outros de igual calibre, já tivemos tempo suficiente para isentarmos os cães deste inútil massacre.

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