Ainda não foi divulgado
oficialmente quantos cães foram mobilizados para as guerras do Iraque e do
Afeganistão, mas sabe-se que os vários exércitos envolvidos nestes conflitos
tiveram e têm cães no terreno, ignorando-se também qual o seu número de baixas,
que desejamos menor que o encontrado na Guerra do Vietname, onde apenas 5% dos
cães americanos enviados regressou a casa, sendo a sua maioria morta em acção,
eutanasiada ou simplesmente deixada para trás na saída apressada dos americanos
daquele país do sudeste asiático.
Sabe-se, pelas
petições vindas a público, onde constam como signatários os seus próprios
tratadores, que os cães veteranos de guerra ou são novamente mobilizados ou são
simplesmente abatidos, final indigno para quem combateu lado-a-lado com os seus
líderes numa guerra tornada sua, salvando com a sua prestação a vida de muitos.
Como hoje tudo se sabe neste mundo livre, por pressão da opinião pública, são
cada vez mais os cães de guerra que ao terminarem as suas missões são entregues
definitivamente aos seus tratadores, gozando em paz e na sua companhia os anos
que ainda lhes restam (infelizmente nem todos os tratadores apresentam
condições para isso).
Começámos por falar
dos cães envolvidos na Guerra do Vietname e terminamos com um que ali se tornou
famoso: o CPA “Nemo”, um cão nascido em 1962, preto-afogueado, com 38.5kg de
peso e adestrado durante 8 semanas para ir para a guerra, em cujo decurso se viu
obrigado a trocar de tratador, passando a ser conduzido pelo soldado Robert
Thorneburg. Em 1966, numa patrulha aos arredores da Base Aérea de Tan Son Nhut,
o cão alertou o seu tratador para a presença de inimigos, sendo de imediato
solto debaixo de tiroteio. Ambos acabaram feridos, o cão ficou sem o olho
direito e o homem atingido por uma bala num ombro, ferimento que o deitou ao
chão. Apesar de gravemente ferido e impossibilitado, o cão continuou a investir
contra aqueles inimigos e a proteger o corpo do seu líder, esforço que possibilitou
a Thorneburg pedir ajuda para o resgate de ambos.
“Nemo” acabaria por
regressar aos States com honras militares, como o primeiro cão
sentinela a ser oficialmente aposentado do serviço activo. Depois de muitas
andanças de propaganda pelos Estados Unidos, relacionadas com o interesse pelo
recrutamento de novos cães de guerra, Nemo recebeu um canil permanente no
Centro Canino do Departamento da Defesa no Texas, onde permaneceu até 1972, ano
da sua morte, onde persiste um memorial em seu nome e onde se pode ler (a
tradução é nossa): “Esta porta permanecerá para sempre destrancada e aberta em
memória de todos os cães de guerra, do passado, presente e futuro, descansa um
pouco K9, trabalho bem feito".
Hoje regressam da
guerra mais cães do que ontem, mas grande parte deles acaba ingloriamente
abatida por razões logísticas que não justificam de maneira alguma o seu
assassínio, mormente diante da sua lealdade, empenho e sacrifício. Aplicar-lhes
uma injecção letal é tão injusto e descabido como condená-los por cobardia a um
pelotão de fuzilamento.
Se ainda não conseguimos acabar com as guerras entre nós, coisa difícil de acontecer enquanto tivermos por cá loucos como Kim Jong-un e outros de igual calibre, já tivemos tempo suficiente para isentarmos os cães deste inútil massacre.
Sem comentários:
Enviar um comentário