segunda-feira, 3 de abril de 2017

O QUE NOS RESERVA O PITSKY

“Pitsky” é o nome dado a um cão resultante do cruzamento de um Pitbull com um Husky Siberiano, um híbrido hoje muito procurado por curiosos e excêntricos anglófonos, que normalmente junta a beleza à meiguice quando herda o melhor das duas raças, o que nem sempre acontece devido à fase embrionária em que se encontra a sua selecção e criação, agora num estágio de quase encantamento pelo antagonismo comportamental presente nos seus progenitores. Pretende-se que este híbrido seja um cão para as famílias e não tem até ao momento qualquer especialidade cinotécnica que o reclame ou evidencie. Quando a genética não é madrasta e a sorte sorri aos audazes, estamos na presença de um cão excepcionalmente calmo e meigo, amigo das crianças, fácil de interagir, apto para aprender e sem dificuldades na sociabilização, virtudes mais comuns nos cachorros antes de atingirem a maturidade sexual, nos cães que foram objecto de treino e mormente nas cadelas.
Mas quando as coisas correm para o torto e o pior das duas raças vem ao de cima, o desejo de evasão presente Husky ganha contornos destruidores por influência do Pitbull, particularmente quando estes cães são obrigados a ficar sós em casa durante longas horas, clausura que os transporta à depressão, à ansiedade da separação e a comportamento demolidor, eventualmente até ao aumento inadequado da sua agressividade, comportamento que obrigará ao isolamento em boxes ou à mobilização de todo o agregado familiar para os passear. É evidente que cães assim não dispensam um treino aturado de obediência e quanto mais cedo melhor. Os Pitskies, outra coisa não seria de esperar atendendo à sua proveniência, têm uma energia quase inesgotável, pormenor que obrigará os seus donos a mexerem-se e bem. A carga instintiva doada a estes cães, que adoram escavar e pôr-se em fuga, compromete jardins, obriga a cercas invioláveis e ao uso da trela no exterior. Em síntese, esta mistura condimentada de terrier e lupino (ambos casos à parte dentro dos seus grupos somáticos, porque nem todos são assim) ou produz anjos traquinas ou indivíduos de dupla face: cães de semblante angelical com um comportamento demoníaco.
Melhor sucedido é o cruzamento do Labrador com o Pitbull, agora designado por “Labrabull”, apesar deste híbrido ser igualmente enérgico, ele é mais sociável e brincalhão que o Pitsky e também menos agressivo. E quanto a este último, se por acaso sai “marca prenda”, há que contar com ataques potentes e vindos do nada. Devido às reservas que somos obrigados a ter com alanos e terriers por conta dos disparates que continuam a causar, correndo atrás do prejuízo, contra o tempo e um pouco por toda a parte, os seus apaixonados tentam salvá-los pela infusão doutras raças, dando-lhe outro comportamento sem lhes alterar as características exteriores para que “o tiro não lhes saia pela culatra”. Oxalá consigam!

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