“Pitsky” é o nome dado a um cão resultante do
cruzamento de um Pitbull com um Husky Siberiano, um híbrido hoje muito procurado
por curiosos e excêntricos anglófonos, que normalmente junta a beleza à
meiguice quando herda o melhor das duas raças, o que nem sempre acontece devido
à fase embrionária em que se encontra a sua selecção e criação, agora num
estágio de quase encantamento pelo antagonismo comportamental presente nos seus
progenitores. Pretende-se que este híbrido seja um cão para as famílias e não
tem até ao momento qualquer especialidade cinotécnica que o reclame ou
evidencie. Quando a genética não é madrasta e a sorte sorri aos audazes,
estamos na presença de um cão excepcionalmente calmo e meigo, amigo das crianças,
fácil de interagir, apto para aprender e sem dificuldades na sociabilização, virtudes
mais comuns nos cachorros antes de atingirem a maturidade sexual, nos cães que
foram objecto de treino e mormente nas cadelas.
Mas quando as coisas correm para o torto e o
pior das duas raças vem ao de cima, o desejo de evasão presente Husky ganha
contornos destruidores por influência do Pitbull, particularmente quando estes
cães são obrigados a ficar sós em casa durante longas horas, clausura que os
transporta à depressão, à ansiedade da separação e a comportamento demolidor,
eventualmente até ao aumento inadequado da sua agressividade, comportamento que
obrigará ao isolamento em boxes ou à mobilização de todo o agregado familiar
para os passear. É evidente que cães assim não dispensam um treino aturado de
obediência e quanto mais cedo melhor. Os Pitskies, outra coisa não seria de
esperar atendendo à sua proveniência, têm uma energia quase inesgotável,
pormenor que obrigará os seus donos a mexerem-se e bem. A carga instintiva
doada a estes cães, que adoram escavar e pôr-se em fuga, compromete jardins,
obriga a cercas invioláveis e ao uso da trela no exterior. Em síntese, esta
mistura condimentada de terrier e lupino (ambos casos à parte dentro dos seus grupos
somáticos, porque nem todos são assim) ou produz anjos traquinas ou indivíduos
de dupla face: cães de semblante angelical com um comportamento demoníaco.
Melhor sucedido é o cruzamento do Labrador
com o Pitbull, agora designado por “Labrabull”, apesar deste híbrido ser
igualmente enérgico, ele é mais sociável e brincalhão que o Pitsky e também
menos agressivo. E quanto a este último, se por acaso sai “marca prenda”, há que
contar com ataques potentes e vindos do nada. Devido às reservas que somos
obrigados a ter com alanos e terriers por conta dos disparates que continuam a
causar, correndo atrás do prejuízo, contra o tempo e um pouco por toda a parte,
os seus apaixonados tentam salvá-los pela infusão doutras raças, dando-lhe
outro comportamento sem lhes alterar as características exteriores para que “o
tiro não lhes saia pela culatra”. Oxalá consigam!
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