A fábula do “Lobo-Mau”
continua a assustar muita gente e no Colorado/USA ainda muito mais, porque um
cão mais próximo do Pastor Alemão negro que doutra raça, acabou apreendido por
ser confundido com um híbrido de lobo, considerando a sua morfologia, uma fuga
que empreendeu e as queixas de um vizinho que o disse agressivo quando
indevidamente entrou no seu quintal. O infeliz foi apreendido em Fevereiro
pelas autoridades do Serviço Animal da Cidade de Aurora e só pôde voltar para
casa no mês seguinte, depois da análise do seu DNA não ter mostrado qualquer
indício de sangue lobo. O animal chama-se “Capone”, foi adoptado há 10 anos e veio
de um abrigo daquele Condado, descrito como mestiço de Pastor Alemão. Os seus
proprietários foram na altura acusados pelo Ministério Público de terem um
animal fora de controlo, agressivo, exótico, não licenciado e sem a vacina contra
a raiva, vacinação que viria a acontecer durante a sua detenção. A entrega do
cão sujeitou os donos a construírem uma cerca de 6 metros de altura no
perímetro do seu quintal e a mantê-lo atrelado até à sua conclusão. Resta dizer
que a apreensão do cão foi objecto de repúdio internacional, que nos Estados
Unidos existe legislação específica que estipula qual o percentual de sangue
lobo permitido nos cães (por causa dos abusos) e que a notícia foi colhida do “The
Huffington Post”.
Para
serenar os ânimos dos mais exaltados, gente idêntica aos que “viram” no passado
um leão à solta em Rio Maior e uma loba errante na Lourinhã, adianta-se que os
mestiços de lobo, quando isolados, são por norma arredios, evitam o confronto
com as pessoas e gozam de pouca empatia com os seus donos, muito embora possam
ser agressivos contra cães e outros animais domésticos devido à presença de sangue silvestre, retorno
ao atavismo que os coloca entre dois mundos, entre a floresta e a urbe, sendo
em parte inadaptados nos dois lugares e por isso mesmo propensos a fugas. As
raças actuais que receberam infusão de sangue lobo (“híbridas”),
maioritariamente produzidas para guarda e que não vamos agora especificar por
já o havermos feito, oscilam nesta matéria entre o regular e o deplorável,
pertencendo o maior número de indivíduos ao último caso, por reclamarem uma
autonomia que não se coaduna com o serviço pretendido, mostrando-se normalmente
apáticos perante as solicitações que lhe são feitas. Quanto ao cão de Aurora,
cujas fotos ilustram este artigo, de lobo-mau só tinha o nome!
Sem comentários:
Enviar um comentário